Ex-deputado Paulo Frateschi, do PT, morre após ser esfaqueado pelo filho, que estaria em surto

O ex-deputado estadual do PT Paulo Frateschi, 75, morreu esfaqueado nesta quinta (6), em São Paulo.

De acordo com registro policial, PMs noticiaram que foram acionados para verificar "ocorrência de indivíduo esfaqueado no local dos fatos", na rua Ponta Porã, na região da Lapa.

Assim que chegaram, a vítima "estava caída na cozinha do imóvel, com um ferimento na região do abdômen". Eles afirmam ainda no registro que, "segundo informações, o filho da vítima, identificado como Francisco Frateschi, esfaqueou o pai em um momento de surto", e depois de uma discussão.

Francisco fazia uso de medicamentos e, segundo amigos da família, era foco de atenção especial do pai por sua situação especial.

A mãe, Iolanda Maux, "também foi agredida" e sofreu uma fratura no braço, sendo socorrida na UPA da Lapa. Frateschi foi levando ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu. O filho, de 34 anos, foi detido. A outra filha do casal estava na casa e já prestou depoimento no 91o DP.

Um outro relato policial afirma que houve registro de ocorrência "em âmbito familiar envolvendo a vítima e ex-parlamentar Paulo Frateschi, na qual, após desinteligência com seu filho", este o agrediu "utilizando uma faca, atingindo [o ex-deputado] no abdômen e braço, sendo o pai socorrido no Hospital das Clínicas".

Ex-presidente estadual do PT de São Paulo, dirigente histórico do partido e amigo próximo de Lula, Frateschi iniciou sua atuação política durante a ditadura militar, quando integrou a Ação Libertadora Nacional (ALN). Preso e torturado em 1969, aos 19 anos, foi anistiado quando o país voltou à democracia.

O ex-parlamentar organizou as caravanas que Lula fez pelo país antes de ser preso, em 2018. Chegou a levar uma pedrada na orelha esquerda ao tentar proteger o petista de ataques em Chapecó (SC).

Ao ser solto, em 2019, o presidente passou alguns dias na casa de Frateschi em Paraty (RJ).

Assim que foi avisado da morte, Lula, que está na COP30, em Belém, enviou emissários para acompanharem a família. Lideranças do PT, como Fernando Haddad e Rui Falcão, lamentaram a tragédia.

Frateschi, que é irmão do ator e dramaturgo Celso Frateschi, já tinha perdido dois filhos e estava se recuperando de um câncer.

Em 2002, seu filho Pedro Frateschi, de 7 anos, morreu em um acidente na rodovia Carvalho Pinto, no município de Guararema (a 76 km de São Paulo). Ele estava voltando com a família de Paraty. O carro era dirigido pela mulher de Frateschi, Iolanda.

Um ano depois, outro filho, Júlio Frateschi, de 16 anos, morreu também de acidente de carro.

O adolescente, segundo a Polícia Rodoviária Federal informou na época, dirigia um carro que capotou com ele e mais três pessoas no quilômetro 572 da rodovia Rio-Santos, entre Paraty e Angra dos Reis, no litoral fluminense.

No carro também estavam a irmã de Júlio, Luiza Viana Frateschi, então com 19 anos, e mais dois primos.

O velório de Júlio foi acompanhado por Lula e pelos então ministros Antonio Palocci (Fazenda) e José Dirceu (Casa Civil), a então prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, e o então presidente nacional do PT, José Genoino. Frei Betto, frade dominicano e então assessor da Presidência, fez uma celebração.

O PT divulgou uma nota em que diz lamentar a morte de Paulo Frateschi. Leia a íntegra:

"É com profunda tristeza que comunicamos o falecimento do ex-presidente do PT Paulista e ex-deputado estadual Paulo Frateschi, companheiro e dedicado militante do nosso partido.

Durante toda a sua trajetória, nosso companheiro demonstrou coragem, integridade e compromisso com o PT e pela busca de um país mais justo.

Paulo Frateschi deixa um legado, marcado pela luta pela justiça e pela inclusão. Ele permanecerá vivo em nossos corações e nas ações que ele ajudou a inspirar.

A ausência do nosso querido Frateschi deixa uma lacuna irreparável entre amigos, familiares, companheiras e companheiros de luta.

Manifestamos à família, aos amigos e a todos que com ele caminharam, a nossa mais sincera solidariedade".
Por Mônica Bergamo/Folhapress

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