Brasil ganha mais como parceiro dos EUA que da China, diz secretário de Estado Marco Rubio
"Achamos que, a longo prazo, é benéfico para o Brasil fazer dos Estados Unidos seu parceiro preferencial em comércio, em vez da China", afirmou neste sábado (25) o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.
A declaração foi dada, segundo o governo americano, a jornalistas que viajavam em seu avião a caminho de Kuala Lampur, na Malásia, onde espera-se que aconteça neste domingo uma reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump. Os dois participam como convidados da cúpula da Asean (Associação dos Países do Sudeste Asiático, em português).
O secretário de Estado afirmou ainda que questões políticas podem estar ligadas no possível acordo com o Brasil.
"Obviamente, temos alguns problemas com o Brasil, particularmente com a forma como eles têm tratado alguns de seus juízes, com o setor digital nos Estados Unidos, com os indivíduos localizados nos Estados Unidos, por meio de postagens nas redes sociais. Teremos que resolver isso também", disse ele.
"Isso se tornou um problema em tudo isso. Mas o presidente vai explorar se há maneiras de resolver tudo isso, porque achamos que será benéfico fazê-lo. Vai levar algum tempo."
O encontro não aparece na agenda oficial do presidente brasileiro, mas espera-se que ocorra no final da tarde no horário local (começo da manhã deste domingo, 26, no Brasil) e que os presidentes discutam, sobretudo, as tarifas impostas ao Brasil pelos EUA.
A organização do encontro entre os presidentes brasileiro e americano envolveu a ação de empresários e diplomatas, e foi marcada pelo temor do governo brasileiro de que o local onde ocorresse a reunião poderia influenciar o comportamento do líder dos Estados Unidos.
Enquanto Lula irá mirar na redução das taxas e nas medidas impostas a autoridade brasileiras, como a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, Trump deve focar no acesso ao mercado de etanol no Brasil e na regulamentação das big techs.
Em conversa com jornalistas antes de embarcar, o presidente Trump afirmou que poderia baixar as tarifas impostas ao Brasil "sob as circunstâncias certas". Já Lula disse que não há exigências feitas por nenhum dos lados.
"Eu trabalho com otimismo para que a gente possa encontrar uma solução. Não tem exigência dele e não tem exigência minha ainda".
Desde o breve encontro entre os líderes na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova York, o governo brasileiro age para fazer a conversa entre os dois acontecer.
O primeiro contato ocorreu por teleconferência no início de outubro, quando o brasileiro pediu a retirada do tarifaço. Foi durante essa conversa que os líderes concordaram em ter o encontro durante a cúpula dos países asiáticos.
Semanas antes do encontro, o empresário Joesley Batista, um dos donos da gigante de carnes JBS, foi recebido em audiência por Trump, quando discutiu o tarifaço que afeta os produtos brasileiros e o setor em que a empresa atua. Na ocasião, Joesley afirmou que as diferenças comerciais entre os países poderiam ser resolvidas por diálogo entre os governos, o que sugeriu aproximação.
A ação de representantes da Embraer, empresa da qual o governo é acionista, também auxiliou na construção do encontro.
O gesto de Trump não apenas na breve conversa na entrada da Assembleia Geral da ONU, mas ao dizer que houve "química" entre ele e Lula, sugeriu que o americano seguiu os conselhos.
Dias após o encontro em Nova York, o vice-presidente Geraldo Alckmin teve uma conversa com Howard Lutnick, secretário do Comércio, onde discutiram as tarifas.
Desde então, ministros e diplomatas têm articulado o encontro que deve acontecer neste domingo. A negociação da conversa presencial foi marcada pelo temor do governo brasileiro de que Trump seria uma figura imprevisível, e que uma visita de Estado a Washington para discutir o problema poderia colocar Lula em uma situação inadequada.
O medo era de que o americano fizesse uma espécie de emboscada para o brasileiro, a exemplo do que fez com outros líderes europeus na Casa Branca. Por isso, o esforço foi feito no sentido de que a reunião ocorresse em um terceiro país.
A ida de Lula para a cúpula do sudeste asiático acompanhado de cerca de 100 empresários também tem como mote a busca por mais mercados para o Brasil a fim de diminuir a dependência do mercado americano.
Este é o segundo país que Lula visita nesta viagem à Ásia. Na primeira parada, em Jacarta, na Indonésia, o presidente brasileiro afirmou que a taxação é o assunto principal, mas que não haverá tema vetado, e que muitas questões podem ser colocadas na mesa.
"Podemos discutir de Gaza, à Ucrânia, à Rússia, à Venezuela, a materiais críticos, a minerais, a terras raras. Podemos discutir qualquer assunto", disse o presidente em conversa com jornalistas em Jacarta.
É possível que o presidente brasileiro também fale com o americano sobre uma possível incursão militar dos EUA na Venezuela, o que o governo afirma que pode causar desestabilização na América do Sul, além de ter efeito contrário, com fortalecimento do crime organizado.
O governo brasileiro não espera que a reunião traga resultados imediatos, visto que as conversas oficiais entre os negociadores começaram apenas nas últimas semanas. Veem como chance de que seja um empurrão para que os negociadores cheguem a um cenário positivo para o Brasil.
Por Victoria Damasceno/Folhapress
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