Moraes diz que ‘organização miliciana’ age de forma ‘covarde e traiçoeira’ sob crivo dos EUA

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes chamou de “covarde e traiçoeira” a “organização miliciana” que tem atuado para impor sanções dos Estados Unidos ao País e a autoridades brasileiras com o objetivo de frear o julgamento da ação penal do golpe, que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro a até 43 anos de prisão.

“Estamos vendo diversas condutas dolosas e recorrentes de uma verdadeira organização criminosa que nunca vista antes na história do País age de maneira covarde e traiçoeira para submeter este Supremo Tribunal Federal ao crivo de uma Estado estrangeiro”, afirmou, sem mencionar nomes como o do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do comunicador Paulo Figueiredo, que têm ostentado nas redes o lobby por sanções ao Brasil.

O ministro, que relata a ação penal do golpe, afirmou nesta sexta-feira, 1º, que estes agentes atuam por meio “coação contra o STF com a finalidade de obter um súbito, inexiste e inconstitucional arquivamento de ações penais propostas pela procurador-geral da República”.

Esses objetivos têm sido vocalizados por Eduardo e Paulo Figueiredo e foi expressamente manifestado na carta enviada pelo presidentes do Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no momento do anúncio das tarifas de 50% aos produtos brasileiros. Trump colocou como condição para o fim das sanções o arquivamento do processo em curso contra Bolsonaro.

Segundo Moraes, o arquivamento das ações penais seria um ato “tirânico” em benefício de pessoas que se acham acima da Constituição. Na avaliação do ministro, essas condutas configuram expressos atos de “traição do Brasil” e confissão de atos criminosos, como obstrução de Justiça, coação no curso do processo e, principalmente, atentado à soberania nacional.

“Não estão só ameaçando, coagindo, autoridades públicas, ministros do Supremo Tribunal Federal e fazem isso diariamente nas redes sociais ameaçando as famílias dos ministros e do procurador-geral da República. Uma atitude costumeiramente afeita a milicianos do submundo do crime”, disse Moraes.

O magistrado garantiu que esses agentes serão responsabilizados. “Acham que estão lidando com gente da lei deles, que estão lidando com milicianos, mas estão lidando com ministros da Suprema Corte”.

“Enganam-se essa organização miliciana e aqueles brasileiros escondidos e foragidos fora do território nacional em esperar fraqueza institucional ou debilidade democrática”, afirmou.

Weslley Galzo e Nino Guimarães/Estadão Conteúdo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente esta matéria.