Marcha para Jesus tem profusão de bandeiras de Israel e Tarcísio tietado no evento em São Paulo

A 33ª edição da Marcha para Jesus, realizada nesta quinta-feira (19) em São Paulo, teve tietagem ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e um profusão de bandeiras de Israel, que, entre os fiéis, rivalizavam com faixas de Jesus Cristo.

Na abertura, pouco depois das 10h, Tarcísio, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça, pastor presbiteriano, cantaram o louvor “1.000 Graus”.

Liderado pelo apóstolo Estevam Hernandes, idealizador do evento, o trio elétrico Demolidor juntou outras autoridades, como o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos).

Hernandes pediu uma “salva de palmas paro Senhor lá em cima” e puxou uma oração. Deus, preconizou, “vai esmagar Satanás”. O apóstolo lembrou que Tarcísio faz aniversário nesta quinta e o chamou de “servo de Deus”. Disse ainda que “Deus os colocou lá”, em referência ao governador e a Nunes.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo nesta semana, Hernandes defendeu uma chapa presidencial que una Tarcísio e Michelle Bolsonaro na vice. Nunes seria candidato ao governo de São Paulo.

No que já é praxe na Marcha, o apóstolo fez uma oração “para as autoridades”. Em seguida, sua mulher, a bispa Sonia Hernandes, puxou coro de parabéns para o governador, que completa 50 anos.

Vestido com uma camiseta verde do evento, o governador chegou por volta das 9h40 à avenida Tiradentes, na zona norte, onde estavam estacionados os cinco trios elétricos da marcha.

Foi tietado pelos fiéis que aguardavam o início do evento, fez selfies e ouviu pedidos.

Um deles foi de Caroline Ramos, 26, na verdade endereçado ao prefeito de São Paulo, para que seja liberada a sua casa, contemplada em programa de habilitação popular no Jardim Santa Terezinha, na zona sul.

Bastante nervosa e com as mãos trêmulas, ela pediu ajuda para Tarcísio para abrir o celular –o próprio governador fez a selfie. Ele estava cercado por seguranças, alguns também com camisetas do evento.

Enquanto respondia perguntas de jornalistas sobre a importância da marcha para o povo cristão, foi questionado pela reportagem sobre uma eventual chapa presidencial com Michelle. Nesse momento, interrompeu a entrevista e foi retirado do local por sua equipe.

Já Nunes chegou acompanhado da primeira-dama Regina, carregando o neto Ricardo Neto, 3, no colo.

Aos jornalistas lembrou que a marcha completa 33 anos. “É a idade de Cristo”, disse. Nunes disse que, no evento, pediria mais esperança.

Evento atrai veteranos e moradores de fora da capital

A cabeleireira Jéssica Campos, 33, chegou antes das 9h com um grupo de Caieiras, na Grande São Paulo. Ela dizia estar ansiosa com a caminhada, que para ela começou na avenida Tiradentes, em frente à praça coronel Fernando Prestes.

“É a terceira vez que a gente vem. É sempre uma alegria”, disse ela, acrescentando que coleciona camisetas do evento.

Ela afirmou ter pagado R$ 30 na camiseta deste ano. Se tivesse comprado do ambulante Jefferson Batista, 53, teria pagado mais barato. Pouco antes de a marcha começar, ele já havia baixado o preço para R$ 20. “Está bom de vender, mas a concorrência é grande”, disse.

Bárbara Ribeiro, 32, saiu às 6h30 de casa em Jundiaí (a 58 km de SP), com os filhos Matheus, 9, e Stefany, 13, e o sobrinho Richard, 14, para ficar na primeira fila na frente do palco onde ocorrem os shows, na praça Heróis da Força Expedicionária Brasileira, em Santana.

“É para adorar a Deus, já vim muitas vezes”, afirmou ela. Com as mãos para cima, eles acompanhavam os louvores cantados pelo artista gospel Jottapê.

No palco, o apóstolo Hernandes afirmou que a marcha deste ano atraiu cerca de 25 mil caravanas de fiéis.

Numa delas estava a família do agrônomo Fábio Lucas Esteves, 52, de Itapetininga, na região de Sorocaba. Segundo ele, o ônibus saiu às 6h.

Num gramado distante da multidão em frente ao palco, eles aproveitavam a sombra para escapar do sol do meio-dia, quando fazia cerca de 24°C, e improvisar um piquenique.

“É a terceira vez que nosso grupo vem. Estamos aqui para agradecer pelo restabelecimento de um sobrinho que se recuperou de um acidente grave há uns anos”, afirmou Fábio.

Anna Virginia Balloussier/Fábio Pescarini/Folhapress

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