Irã atinge principal hospital no sul de Israel após ataques de Tel Aviv a quatro centros nucleares
Um míssil balístico do Irã atingiu o principal hospital do sul de Israel nesta manhã de quinta-feira (19), sétimo dia do conflito entre os rivais no Oriente Médio. O Estado judeu, por sua vez, havia alvejado antes novamente a infraestrutura nuclear em quatro cidades iranianas.
O hospital atingido se chama Soroka, tem mil leitos e atende a região de Beersheba, com população de cerca de 1 milhão de pessoas.
Ele foi bastante danificado, mas os ferimentos registrados foram poucos porque, como em todos os grandes centros médicos de Israel, há uma área de bunker mais protegida, para onde os pacientes haviam sido deslocados. Em todo o país, o Ministério da Saúde israelense contabilizou 271 feridos, sendo 220 com ferimentos leves.
O ritmo da violência segue intenso, no entanto, à espera da decisão do presidente Donald Trump acerca de unir-se a Tel Aviv nos ataques ao Irã. Segundo a agência Reuters, já houve contatos diretos por telefone entre o chanceler iraniano, Abbas Araghchi, e o negociador americano Steve Witkoff, embora nenhum lado as confirme.
O governo de Binyamin Netanyahu não esconde a pretensão de derrubar o regime teocrático liderado pelo aiatolá Ali Khamenei, mas há dúvidas acerca tanto da viabilidade quanto dos efeitos se isso ocorrer. O premiê disse nesta quinta que “os tiranos vão pagar o preço total” pela retaliação aos bombardeios iniciados por Israel na sexta-feira (13), que mataram boa parte da cúpula militar rival e degradaram sua capacidade de defesa.
“Khamenei declara abertamente que quer destruir Israel; ele pessoalmente dá a ordem para atirar contra hospitais. Considera a destruição do Estado de Israel um objetivo”, disse o ministro da Defesa, Israel Katz. “Um homem assim não pode mais continuar existindo.”
Antes, ele havia afirmado que o objetivo da operação é duplo: anular ameaças a Israel e “desestabilizar os aiatolás”.
A primeira parte da proposição de Katz segue de vento em popa. Israel opera de forma bastante impune pelos céus do Irã, provando o valor de uma Força Aérea eficaz na guerra moderna. Nesta quinta, bombardeou instalações do programa nuclear em Natanz, Isfahan, Bushehr e Arak.
Nesta última cidade, o alvo foi um reator de água pesada, usado para produzir plutônio, elemento mais adequado para armas nucleares —ogivas do material são mais eficientes e requerem menos massa do que as de urânio. Segundo o diretor-geral da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), Rafael Grossi, não havia material radioativo ainda no local, em construção.
Todas as ações ocorreram na superfície, remetendo ao debate central da eventual participação dos EUA na guerra: a capacidade única americana de atingir bunkers enterrados a dezenas de metros de profundidade.
Para tal, seria necessária a bomba GBU-57, conhecida como MOP (Penetrador de Munição Maciça), que hoje só pode ser empregada por bombardeiros furtivos ao radar americanos B-2. Analistas especulam se seria possível adaptá-la para lançamento de aviões de transporte C-130 Hércules israelenses, caso os EUA resolvam dar a arma a Israel, mas há dúvidas acerca da precisão do ataque.
E ele precisa ser no alvo para funcionar, provavelmente com mais de uma bomba, ao menos no caso da “fortaleza nuclear” de Fordow, enterrada numa montanha iraniana. Além disso, há outras centrais subterrâneas que não foram atingidas diretamente, como em Natanz.
Na quinta-feira (18), Trump manteve o vaivém declaratório. Se na véspera havia ameaçado matar Khamenei, passou a dizer que “pode ou não pode” atacar, e que costuma decidir “no último segundo”. Ao fim do dia, ventilou o interesse iraniano em conversar, apesar de Khamenei ter rejeitado seu ultimato por uma “rendição incondicional” e ameaçado retaliações.
Nesta sexta, o líder iraniano provocou Tel Aviv pela intervenção americana. “O próprio fato de os amigos americanos do regime sionista [Israel] terem entrado em cena é um sinal da fraqueza e incapacidade desse regime”, afirmou no X.
Os EUA estão enviando mais forças para a região e em breve terão três grupos de porta-aviões, dois na área do Golfo e outro, no Mediterrâneo. Não há opções boas para Trump: ele já está sob ataque de sua base mais radical, apontando a traição à promessa de não entrar em guerras dos outros, e uma ação traz muitos riscos.
O principal é a questão da mudança de regime no Irã. Não há hoje plano B para esse cenário, e as tentativas de impor novos governos na região sempre resultaram em caos. Assim, se for para as vias de fato, é possível que Trump foque apenas o programa nuclear —a mídia americana disse que ele inclusive aprovou, sem dar OK final, plano para tal.
Enquanto o balé se desenrolava, três aviões da Presidência do Irã deixaram o país, segundo sites de monitoramento de tráfego aéreo, rumo a Omã, do outro lado do Golfo Pérsico. O sultanato vinha trabalhando como mediador das conversas sobre o programa nuclear iraniano entre Teerã e Washington.
Elas visavam retomar o arranjo no qual a teocracia abria mão da bomba em troca do fim de sanções, como vigiu entre 2015 e 2018, quando Trump retirou os EUA do acordo.
Agora, o americano queria o fim total das atividades de enriquecimento de urânio do país, que alega precisar delas para fins pacíficos —uma meia verdade, dado que é possível ter energia atômica comprando combustível da aliada Rússia, por exemplo.
Seja como for, Khameni bateu o pé, e a AIEA deu um empurrão final com um relatório colocando o Ir em total violação de seus compromissos de transparências. Israel usou os dois pontos, argumentando com base em dados de inteligência segundo os quais Teerã poderia ter 15 bombas em questão de dias ou semanas, atacou.
Nesta quinta, o porta-voz diplomático do Irã, Esmaeil Baghaei, disse que a AIEA foi parceira de “uma injusta guerra de agressão”. Ele citou uma entrevista de Grossi à CNN, na qual o diretor argentino disse que não tinha evidências da tentativa de construção da bomba iraniana: “Tarde demais, sr. Grossi”.
Igor Gielow/Folhapress
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