‘Sediários pontifícios’: saiba quem carregou o caixão do papa Francisco na procissão à Basílica de São Pedro

Conheça grupo da corte pontifícia com responsabilidade de carregar Francisco nos ritos litúrgicos desta quarta (23), antes do início do velório público do pontífice. Funeral oficial e enterro serão no sábado (26).
O corpo do papa Francisco foi levado em procissão da Casa de Santa Marta, onde morava e estava desde que morreu, até a Basílica de São Pedro, onde começou a ser velado de forma pública nesta quarta-feira (23).

A responsabilidade de carregar o caixão contendo o corpo do papa Francisco foi incumbida a 14 "homens de preto": os sediários pontifícios, membros da corte papal que atuam como "faz-tudo" para serviços braçais no Vaticano.

"Esses homens que carregam o caixão são os do protocolo, do cerimonial do Vaticano. Eles sempre estão lá, às vezes, organizando as cadeiras nas celebrações ou orientando as pessoas. E nas audiências privadas da Igreja são eles que orientam dentro do palácio [papal] para onde ir, eles que preparam, digamos, a parte braçal do protocolo. Tudo que precisa ser carregado, transportado, colocado, tirado de uma sala, microfone, eles que fazem", afirmou ao g1 o vaticanista brasileiro Filipe Domingues.
Os sediários pontifícios originalmente carregavam a cadeira papal, que parou de ser utilizada com o papa Paulo VI, que comandou a Igreja Católica entre 1963 e 1978.

A procissão percorreu a Praça Santa Marta e a Praça dos Protomártires Romanos, saiu pelo Arco dos Sinos em direção à Praça de São Pedro e entrou na basílica pela porta central.

Segundo Massimo Sansolini, que serviu como sediário papal durante cerca de 50 anos e é autor do livro "Eu, sediário papal", a função também inclui acompanhar visitantes do papa, como chefes de Estado, monarcas, embaixadores e personalidades do mundo, e outros que tenham audiências especiais marcadas com o pontífice. Os sediários são responsáveis por uma antessala doa apartamento do papa, chamada de "Salão dos Sediari", para controlar as visitas, ainda segundo Sansolini.

O corpo do papa foi recebido por uma multidão na Praça de São Pedro, que fazia fila para entrar na basílica e prestar suas últimas homenagens ao pontífice. O velório público ficará aberto até a sexta-feira (25), e o caixão será fechado às 15h, no horário de Brasília (20h no horário local).


Segundo o Vaticano, 20 mil fiéis estavam presentes na praça, e alguns se emocionaram com a passagem do corpo.

A programação incluiu uma série de cerimônias litúrgicas para marcar a despedida de Francisco. Antes de os fiéis entrarem na igreja, o corpo do papa foi velado por bispos e padres, que realizaram ritos e prestaram suas homenagens. Segundo o Vaticano, 80 cardeais e patriarcas da Igreja Católica estavam presentes, além de bispos, padres, freiras e leigos.

Anteriormente, a procissão também passava pelo Palácio Apostólico. No entanto, Francisco retirou o local do trajeto para deixar a cerimônia ainda mais simples.
https://g1.globo.com/hora1/video/corpo-do-papa-chega-a-basilica-de-sao-pedro-13539079.ghtml

Procissão litúrgica

O ritual de procissão foi presidido pelo cardeal irlandês-americano Kevin Farrell, camerlengo da Santa Sé. Antes da saída da Casa Santa Marta, houve um momento de oração. Farrell também comanda a Liturgia da Palavra na Basílica de São Pedro.

“Queridos irmãos e irmãs, com profunda dor agora acompanhamos os restos mortais do nosso papa Francisco até a Basílica Vaticana”, disse Kevin Farrell no início da cerimônia.

O corpo de Francisco está exposto diretamente no caixão, sem o uso de uma plataforma elevada, como era feito anteriormente. A mudança também atende a um desejo do papa para deixar o velório mais discreto.

O próprio Francisco também determinou que o caixão fosse mais simples. No passado, papas eram enterrados em três urnas: uma de cipreste, outra de chumbo e a última de carvalho. Agora, a estrutura terá apenas um caixão de madeira revestido com zinco.

O funeral oficial será realizado no sábado (26), às 10h (5h em Brasília), com uma missa na Praça de São Pedro, presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio dos Cardeais. A celebração marcará o início dos "novemdiales", os nove dias de luto e orações pela morte de um papa.

Ao contrário de seus antecessores, Francisco pediu para ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, e não na cripta da Basílica de São Pedro.
Por Artur Alvarez, g1 — São Paulo

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