PF fará perícia em possível material genético localizado em lancha de suspeito no AM.

A Polícia Federal fará a perícia do que acredita ser material genético encontrado na lancha de Amarildo Oliveira, 41, o pescador conhecido como Pelado, preso na última terça-feira (7) por porte de munição ilegal.
Segundo a Polícia Militar do Amazonas, a lancha de Amarildo foi avistada seguindo o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips antes de eles desaparecerem no último domingo (5), quando transitavam pelo Vale do Javari rumo a cidade de Atalaia do Norte.

O barco foi rastreado até Pelado, um pescador da região que, segundo a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), tem histórico de ameaças e violências contra indígenas e indigenistas.

A prisão de Pelado, por enquanto, não tem relação com o caso do desaparecimento.

Ele foi abordado na comunidade de São Gabriel —a mesma onde os dois foram avistados pela última vez— em razão da identificação de sua lancha, mas preso em flagrante com munição de fuzil e calibre 16, que são de uso restrito.

“As equipes investigam a possibilidade da existência de vestígios de amostras biológicas e digitais deixadas na lancha, tanto pelo suspeito quanto pelos tripulantes”, diz a PF.

Uma autoridade que atua diretamente na investigação, mas que pediu para não ser identificada, afirmou que ainda não há evidências materiais contra Pelado no caso.

A perícia do material pode justamente encontrar uma prova técnica que o relacione diretamente ao desaparecimento —mas também pode concluir que é um resto de animal, por exemplo.

Pelado é uma das seis pessoas que até agora foram ouvidas nas operações de busca da dupla.

O pescador era defendido, segundo informações do jornal O Globo, pelos procuradores dos municípios de Atalaia do Norte e Benjamim Constant, Ronaldo Caldas e Davi Barbosa de Oliveira. Eles deixaram o caso após a reportagem revelar o caso.

“Embora não tivesse relação com o cargo de Procurador, visto que se tratava de uma causa particular, achei por bem deixar a defesa do Amarildo”, disse Davi Barbosa ao jornal carioca.

Em nota ao O Globo, a Prefeitura de Atalaia do Norte disse que Caldas “foi procurado pela família” para defender Pelado, pois ele “também atua como advogado particular”. O comunicado também diz que “o serviço não tem qualquer relação com a gestão municipal”.

A prefeitura de Benjamin Constant não se pronunciou.

Cinco destas foram ouvidas como testemunhas e uma na condição de suspeito. Pessoas ligadas às investigações dizem que ele é quem foi interrogado como suspeito, mas essa informação não foi confirmada oficialmente pela Secretaria da Segurança Pública do estado.

Dentre as outras pessoas ouvidas estão os também pescadores Jâneo e Churrasco —ambos foram liberados na noite da última segunda-feira (6), após o depoimento.

Churrasco, inclusive, é quem Pereira e Phillips iriam encontrar na manhã de domingo, quando retornavam de uma viagem. Eles chegaram a passar pela comunidade de São Rafael, onde ele vivia, mas não o encontraram.

Então seguiram viagem de retorno para a sede do município de Atalaia do Norte, mas, no meio do caminho, desapareceram.

Segundo Eliésio Marubo, advogado da Univaja, Pelado “fez algumas ameaças contra a equipe” da entidade no último final de semana. O grupo era acompanhado por Pereira e Phillips.

Dias antes da viagem, Marubo, Pereira e outros membros da Univaja haviam recebido uma carta com ameaças de morte.

Antes ainda, no meio de abril, membros da Univaja relataram em boletim de ocorrência, que pescadores os ameaçaram de morte em público, na principal praça de Atalaia do Norte.

Segundo o documento, os pescadores tentaram agredi-los com socos e disseram que dariam “tiro na cara” deles, além de sentenciarem que eles teriam o mesmo fim que o servidor da Funai morto a tiros em 2019.
João Gabriel/Folhapress

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