Empresários bolsonaristas ignoram neutralidade sugerida pelo presidente e criticam guerra

Foto: Washington Alves/Estadão/Arquiv
Empresários alinhados ao governo Bolsonaro têm se manifestado contra a guerra na Ucrânia em um movimento oposto à orientação apontada até agora pelo presidente brasileiro. As críticas mais fortes partem do dono do Madero, Junior Durski, que tem laços na região e leva receitas ucranianas e polonesas ao cardápio. O empresário publicou mensagem em rede social dizendo que a guerra é absurda, insana e insensata.

“Este presidente russo é desumano. Vamos nos preparar para fazer a nossa parte, para receber os nossos irmãos ucranianos de braços abertos, oferecer apoio, assistência e emprego aos que fugirem da guerra e imigrarem no Brasil, exatamente como os brasileiros fizeram com os nossos antepassados. Que Deus tenha misericórdia dos nossos irmãos ucranianos”, escreveu Durski. Salim Mattar, fundador da Localiza, que chegou a ocupar uma secretaria na administração bolsonarista, também foi às redes sociais dizer que guerras são inaceitáveis nos dias de hoje e representam a falência do diálogo.

“Líderes tomam decisões que geram a guerra, que, por consequência, destroem ativos e custam vidas da população. As marcas dos traumas de uma guerra perduram por muitos anos e alguns podem ser eternos”, disse Mattar na internet. O empresário sino-brasileiro Winston Ling, conhecido como o homem que apresentou Paulo Guedes a Bolsonaro ainda na campanha em 2018, fez piada com a guerra para defender a harmonia entre os países.

Ling, que investe em negócios ligados a concurso de beleza feminina, publicou na internet uma foto de duas mulheres sentadas ao lado uma da outra e sorrindo entre si. Na imagem, uma delas usa faixa de miss da Rússia e a outra, da Ucrânia. O empresário colocou uma legenda dizendo que é assim que as coisas deveriam ser. Bolsonaro tem poupado o presidente russo Vladimir Putin de críticas e diz que é exagero falar em massacre nesta guerra.

Ele chegou a visitar o colega russo uma semana antes do início da guerra, sob a justificativa de promover laços comerciais com Moscou, e afirmou neste domingo (27) que o Brasil deve permanecer neutro. Disse também que é preciso ter responsabilidade nos negócios com a Rússia e que o Brasil depende dos fertilizantes.

Joana Cunha/Folhapress

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