Bolsonaro convoca ministros para reunião do Conselho de Governo nesta quarta-feira

Foto: Sérgio Lima/AFP/Estadão

O presidente Jair Bolsonaro convocou para esta quarta-feira, às 9h30, um reunião do Conselho do Governo, integrado pelos ministros do próprio governo e pelo vice-presidente, Hamilton Mourão. Citado pelo presidente seu discurso durante as manifestações de 7 de Setembro em Brasília, a reunião do Conselho da República, que avalia pedidos de intervenção federal ou de decretos de estado de sítio, não está agendada.

No discurso em tom de ameaça aos outros Poderes, Bolsonaro disse que os presidentes da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, também participariam da reunião, mas nenhum deles ainda foi convidado.

“Amanhã, estarei no Conselho da República. Juntamente com os ministros. Para nós, juntamente com o presidente da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, com esta fotografia de vocês, mostrar para onde nós todos deveremos ir”, disse Bolsonaro no palanque da capital federal. Segundo auxiliares, porém, o encontro a que ele se referia era o de ministros do governo.

O Conselho de Governo que se reúne amanhã tem caráter consultivo, para discutir ações da gestão federal. É o próprio presidente quem convoca os membros para a reunião e designa um deles para presidir o encontro. Dois ministros ouvidos pelo Estadão afirmaram que a pauta da reunião será a análise dos atos desta terça-feira, 7, e negaram que a convocação do Conselho da República esteja entre os temas do encontro.

Segundo pessoas que acompanham o assunto, a Casa Civil da Presidência da República, que é a responsável por organizar as reuniões, não estava trabalhando para promover qualquer encontro e foi pega de surpresa pela fala de Bolsonaro em Brasília.

Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), não chegaram sequer a ser convocados oficialmente para o encontro, segundo assessores. Fux, que não participa formalmente do Conselho da República, já afirmou por meio de sua assessoria que não iria a qualquer reunião do colegiado, uma vez que não faz parte dele, de acordo com a previsão constitucional. Nos últimos meses, os dois têm sinalizado que não apoiarão tentativas de ruptura institucional por parte de Bolsonaro.

Em seu discurso em São Paulo, onde manteve o tom de ataques ao Supremo, Bolsonaro não mencionou qualquer encontro com integrantes de outros poderes.

Avaliação

A avaliação no núcleo político do governo é de os atos desta terça-feira mostraram que Bolsonaro é um “presidente virtual”. Ele tem apoio popular e é o único político com capacidade de mobilização para levar milhares às ruas do País.

Ao longo do dia, ministros acompanharam a mobilização nas redes sociais e o resultado foi de que houve uma divisão quase pela metade entre a favor e contra o governo. O levantamento foi encomendado por pessoas próximas ao chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira.

O monitoramento das redes sociais feito pela AP Exata, contudo, não mostra o mesmo resultado. Foram 63% de menções negativas e 37% positivas. As hashtags contrárias ao governo se sobressaíram somando 52,4%, as a favor somaram 24%. Auxiliares avaliam que a tendência é de Bolsonaro aumentar o tom dos ataques e provocar ainda mais o Supremo nos próximos. A estratégia do presidente, de acordo com esses auxiliares é “atacar” até que a Corte cometa algum “erro”.
Estadão Conteúdo

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