CPI ouve Cristiano Carvalho, da empresa Davati Fonte: Agência Senado

Para depoente, Blanco era 'assessor oficioso' de Roberto Dias

Cristiano Carvalho apontou o tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-diretor-substituto de Logística do Ministério da Saúde, como elo importante entre a Davati e a pasta. Ele disse que Blanco teria continuado a exercer influência sobre o diretor de Logística, Roberto Dias, mesmo depois de deixar o cargo, como um "assessor oficioso". Segundo Carvalho, Blanco chegou a ele no dia 1º de março e se apresentou como um funcionário "recentemente exonerado" da Saúde que teria passado a trabalhar como representante de vendas de insumos hospitalares, com negócios no Ministério.

Carvalho disse que não chegou a acertar com Blanco nenhum valor de comissionamento pela venda de vacinas à Saúde, mas informou ao tenente-coronel que a empresa ficaria com 20 centavos de dólar por dose de vacina. Munido dessa informação, Blanco teria respondido que levaria o assunto a Roberto Dias.

Franco não sabia que vacina vinha sendo negociada por Dias, diz Carvalho

O vendedor Cristiano Carvalho relatou à CPI que, no dia 12 de março, quando esteve no Ministério da Saúde, comunicou ao então secretário-executivo Elcio Franco que já vinha negociando as vacinas com o então diretor do Departamento de Logística, Roberto Dias. Entretanto, Franco, que era a maior autoridade da pasta depois do ministro Eduardo Pazuello, desconhecia tal fato, disse Carvalho.

Para Carvalho, Dominguetti foi 'ingênuo' ao divulgar áudio de deputado

Cristiano Carvalho classificou Dominguetti Pereira como “ingênuo” ao reproduzir o áudio do deputado Luis Miranda (DEM-DF) durante depoimento à CPI. Ele contou que, logo após a divulgação, mandou mensagem ao cabo da PM e vendedor da Davati para informar que o áudio era antigo e que o parlamentar falava sobre negociações relacionadas a luvas e não a vacinas. Cristiano disse acreditar que Dominguetti não “agiu de má fé” e que em nenhum momento o orientou para que divulgasse o material.

— Ele foi mal orientado ou induzido, e não fui eu. 

Foto: Fonte Agência Senado

Carvalho diz que inicialmente não acreditava nas intenções do governo

Questionado sobre o motivo de Roberto Ferreira Dias, então diretor de Logística do Ministério da Saúde, ter iniciado as tratativas com a empresa Latin Air Supplies, Cristiano Carvalho afirmou que inicialmente não acreditava na intenção do governo brasileiro de comprar vacinas.

— Indiquei uma pessoa dos EUA para tratar disso com Roberto Dias, Rafael Alves, Dominguetti e reverendo Amilton. O Roberto começou a pressionar pedindo uma empresa mais encorpada que pudesse fazer esse tipo de operação. Foi aí que eu procurei o sr. Guerra nos EUA e ele me apresentou ao Herman Cardenas [dono da Davati].
Foto: Fonte Agência Senado

Depoente nega citação a Ricardo Barros em negociação da Covaxin

Cristiano Carvalho negou que o líder do Governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), tenha sido citado em negociações para a compra da vacina Covaxin. Ele disse, no entanto, que outros parlamentares assinaram cartas de apoio para que a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), ONG presidida pelo reverendo Amilton, intermediasse a aquisição do imunizante indiano.

— Peço desculpas pela ignorância, mas só descobri quem era Ricardo Barros através da CPI. Nunca me citaram o nome dele em nenhuma negociação dessas aqui — disse.

Foto: Fonte Agência Senado

Reverendo Amilton era intermediário das negociações, aponta Braga

O relator, Renan Calheiros, insistiu em saber o papel do reverendo Amilton Gomes na negociação para a compra dos imunizantes. O religioso é presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah). Cristiano Carvalho esclareceu que foi apresentado ao reverendo pelo cabo da PM e vendedor Dominguetti e que a reunião da Davati com o Ministério da Saúde, em 22 de fevereiro, foi marcada por Amilton Gomes. Para Eduardo Braga (MDB-AM), as informações do depoente indicam que o reverendo era o “intermediário” dessa questão junto ao Ministério.

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Segundo Carvalho, Reverendo Amilton também negociava com Paraguai

Cristiano Carvalho informou que o reverendo Amilton Gomes de Paula, intermediário das negociações da Davati com o Ministério da Saúde, também mantinha negócios com governos de outros países, como Paraguai e Arábia Saudita. As tratativas se davam através da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), organização fundada e dirigida pelo reverendo. Carvalho disse acreditar que Amilton usou os contatos internacionais para "impressionar" a Davati. Ele mostrou à CPI um documento do consulado-geral do Paraguai no Rio de Janeiro, endereçado ao reverendo Amilton, que mostra interesse daquele país na compra de vacinas por meio da Senah.

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Ex-diretor Roberto Dias disse que governo queria vacinas, relata Carvalho

Ao explicar seu primeiro encontro com o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias, Cristiano Carvalho disse que eles trataram de assuntos relativos a comércio exterior e que o então diretor disse que o governo estava atrás de vacinas, escassas no mercado. Carvalho então teria informado a Dias as condições da oferta, deixando claro que o pagamento só seria feito quando os imunizantes chegassem ao Brasil. O depoente disse ainda que não sabe como o cabo da PM Luiz Dominguetti Pereira teve acesso a Roberto Dias no Ministério da Saúde. 

Foto: Fonte Agência Senado

Elcio Franco aparece em várias denúncias, dizem senadores

Senadores destacaram o nome do ex-secretário-executivo Elcio Franco como ponto em comum nas denúncias de corrupção dentro do Ministério da Saúde e salientaram o fato de que hoje ele trabalha dentro do Palácio do Planalto, como assessor especial da Casa Civil. As observações foram feitas depois que o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo do Senado, disse que os diálogos entre servidores do ministério e vendedores da Davati causam "desconforto", mas não apontam para corrupção generalizada dentro do governo federal.

O presidente, Omar Aziz (PSD-MA), e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), falaram do papel de Franco no atraso das negociações com a Pfizer e o Instituto Butantan. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) lembrou que Franco "ainda fala pelo governo" e foi escalado para rebater as denúncias de prevaricação contra o presidente Jair Bolsonaro feitas pelos irmãos Miranda.

— Não podemos generalizar, mas também não podemos fazer de conta que não esta acontecendo nada. O general Elcio Franco ainda está dentro do gabinete do presidente — disse Omar Aziz.

Foto: Fonte Agência Senado

Carvalho lê carta enviada por presidente da Davati nos EUA

Cristiano Carvalho leu uma carta enviada por Herman Cardenas, presidente da Davati nos EUA, para o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco. O documento apresentava a vacina da Johnson & Johnson como uma solução "mais econômica e com menor prazo de entrega para o governo brasileiro”. Segundo o documento, a Davati precisava obrigatoriamente de uma carta de intenção de compra do governo para garantir 96 milhões de vacinas para o Brasil.

Fonte: Agência Senado

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