Prefeito de Criciúma decreta lockdown voluntário e sem salário para servidores

        

Foto: Guilherme Hahn/iShoot/Folhapress

Os funcionários públicos de Criciúma que quiserem se afastar das atividades no período de pandemia poderão fazê-lo, desde que renunciem ao salário. O anúncio foi feito nas redes sociais pelo prefeito da cidade do sul de Santa Catarina, Clésio Salvaro (PSDB), na quarta-feira (17). Ele se diz contrário ao lockdown para conter o avanço da Covid-19 no município.

“Não quer vir trabalhar? Não tem problema. Quer se cuidar? Ótimo, vai ficar em casa, mas não vai receber salário. É assim mesmo, porque é muito fácil pedir lockdown quando a geladeira está cheia e o salário garantido, então estou decretando lockdown na prefeitura, só que é voluntário, facultativo. Quer lockdown? Vai ter, só não vai ter salário”, afirmou o prefeito.

O decreto, publicado no mesmo dia, reconhece o “interesse público” na concessão de licença a pedido do servidor durante o período de calamidade pública no estado, mas desde que ele abra mão da remuneração. O afastamento deve ser analisado pelo secretário da pasta respectiva, que pode solicitar uma contratação temporária para suprir a falta do funcionário.

No vídeo, o prefeito afirmou também que todas as atividades produtivas são essenciais e que não é necessário parar a economia, desde que sejam seguidos os protocolos sanitários pelos trabalhadores e clientes. “Nós precisamos é continuar a trabalhar”, completou.

Em outra postagem nas redes sociais, no sábado (20), Salvaro aparece fiscalizando uma obra na cidade. “Aqui não tem moleza, é assim mesmo que as coisas funcionam”, disse.

O prefeito tem defendido que o horário de funcionamento das atividades seja estendido para evitar aglomerações. Em reunião com o governador Carlos Moisés (PSL), no último dia 10, ele pediu que o estado reconsidere os decretos restritivos sobre comércio e serviços.

“Parar não dá. Não está trazendo o efeito que nós esperamos, e nós não estamos sentados, os prefeitos, nem eu nem ninguém, contando os mortos. Nós estamos agindo contra isso, mas a paralisação não funciona”, afirmou.

Ele solicitou ainda que os bancos estendam o horário de atendimento e que as igrejas permaneçam funcionando.

“Pedir, inclusive, que as igrejas, tanto a católica quanto evangélica, de qualquer denominação, fiquem abertas. Ali é uma palavra que o padre, o pastor, leva para seus fiéis. Ali é local seguro. As lojas, o local de trabalho, é local seguro, para quem trabalha e para o cliente também.”

No dia 3 de março, Criciúma chegou a suspender os jogos de futebol e restringir o horário de funcionamento de parques entre 5h e 20h, mas o decreto foi revogado no último dia 11.

Nesta segunda-feira (22), o painel de monitoramento de leitos do governo catarinense apontava que Criciúma tinha 4 UTIs disponíveis entre as 46 ativas para pacientes com a Covid-19, com taxa de ocupação de 91%. Já o site da prefeitura do município indica que não há vagas. Há 242 pessoas internadas –35 em UTIs e 207 em enfermaria.

A cidade de 217.311 habitantes tem atualmente 1.301 pessoas infectadas com o novo coronavírus. No total, são 23.252 casos confirmados e 285 mortes.

Todas as regiões de Santa Catarina estão em risco gravíssimo em relação à pandemia, mas apenas o extremo sul, onde fica Criciúma, tem nota máxima em todos os quesitos analisados. O estado tem 397 pessoas aguardando por vagas em UTIs nesta segunda-feira.

O cenário fez o governo estadual endurecer as medidas de combate à pandemia a partir de sábado até o dia 5 de abril. Algumas atividades, como shows, casas noturnas e eventos, inclusive esportivos e na modalidade drive-in, continuam suspensas. O comércio e outros serviços não essenciais funcionam com escalonamento de horários e limite de 25% de público.

Praças e praias continuam abertas para prática de exercícios físicos, mas é proibida a permanência de pessoas nesses locais. Também está vetado o consumo de bebidas alcoólicas nos estabelecimentos entre 18h e 6h. Os ônibus devem circular com até 50% da capacidade.

A multa é de R$ 500 para quem descumprir as regras e de R$ 1.000 em caso de reincidência.
Katna Baran, Folhapress

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