Olavo, Eduardo e bolsonaristas tentam associar ‘surto’ de PM baiano a revolta contra lockdown

Foto: Divulgação/GOVBA

A morte do Soldado Wesley Soares, ontem, após o que a Polícia Militar classificou como um surto psicológico do PM, na Barra, vem dando munição a que bolsonaristas tentem associar o episódio com o militar a uma pretensa revolta de policiais contra as medidas de distanciamento social ditadas pelo combate ao coronavírus.

Filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) tentou associar o episódio à contrariedade de um policial obrigado a prender trabalhadores ou comerciantes que desrespeitam o lockdown baixado por governos como o do petista Rui Costa na Bahia.

Em suas redes sociais, ele afirmou: “Aos vocacionados em combater o crime, prender trabalhador é a maior punição. Esse sistema ditatorial vai mudar”. Aproveitou para chamar as medidas de contenção do novo coronavírus de ditadura e se solidarizar com os familiares do policial.
Wesley foi abatido por colegas em meio a um confronto em pleno Farol da Barra, depois de atirar com um fuzil contra eles na direção de residências quase cinco horas após uma tentativa de negociação frustrada com representantes da corporação, o que produziu imagens impactantes.

Ideólogo do bolsonarismo, o autointitulado filósofo Olavo de Carvalho também compartilhou mensagens que atribuem ao policial morto um discurso supostamente articulado contra a ‘obrigatoriedade’ de prender trabalhadores. Em outros textos, ele ressalta um suposto levante da Polícia da Bahia contra o ato.
A tentativa mais clara de uso da situação para atribuí-la a um protesto contra o lockdown é um card em que a foto de Wesley fardado aparece sobre o título “herói baiano” e, logo abaixo, entre aspas, um discurso pronto e acabado de protesto atribuído ao policial que negociadores nem moradores do local em que houve o confronto conseguiram ouvir durante as horas da negociação.g
“Eu quero trabalhar com honra, com dignidade. Eu não vou mais prender trabalhador, não entrei na polícia para prender pai de família, quero trabalhar com dignidade porque eu sou policial militar da Bahia”, diz o texto.
Alexandre Galvão

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