Os representantes da OMS, contudo, negaram que o anúncio signifique uma manifestação de desconfiança com a China.
“A China está tendo um novo patamar para este surto. Meu respeito e
agradecimento para os profissionais de saúde que, no meio do Festival de
Primavera, estão trabalhando por 24 horas, durante sete dias por
semana, para salvar vidas e colocar o surto em controle”, afirmou o
diretor da organização, Tedros Adhanom.
A OMS afirmou que não há necessidade de medidas para evitar viagens
ou comércio internacional com a China. Além disso, apresentou um
conjunto de recomendações, como apoio a países com sistemas de saúde
mais precários, combate a rumores e desinformação, desenvolvimento de
recursos para identificar, isolar e cuidar dos casos, além do
compartilhamento de dados e conhecimento sobre o vírus.
“Países devem trabalhar juntos no espírito de solidariedade e
cooperação. Estamos nessa juntos e só podemos parar juntos. Este é o
tempo de fatos, não medo, para ciência, não rumores, para solidariedade,
não estigma”, destacou Adhanom.
Histórico
Os coronavírus são conhecidos desde meados dos anos 1960 e já
estiveram associados a outros episódios de alerta internacional nos
últimos anos. Em 2002, uma variante gerou um surto de síndrome
respiratória aguda grave (Sars) que também teve início na China e
atingiu mais de 8 mil pessoas. Em 2012, um novo coronavírus causou uma
síndrome respiratória no Oriente Médio que foi chamada de Mers.
A atual transmissão foi identificada em 7 de janeiro. O escritório da
OMS na China buscava respostas para casos de uma pneumonia de etiologia
até então desconhecida que afetava moradores na cidade de Wuhan. No dia
11 de janeiro foi apontado um mercado de frutos do mar como o local de
origem da transmissão. O espaço foi fechado pelo governo chinês.
Emergência global
Uma emergência de saúde pública de interesse internacional (PHEIC, na
sigla em inglês) é uma declaração formal da Organização Mundial da
Saúde (OMS) de “um evento extraordinário que pode constituir um risco de
saúde pública a outros países por meio da disseminação, e que requer
uma resposta internacional coordenada”.
Segundo o Regulamento Sanitário Internacional (RSI), do qual o Brasil
é signatário, os países que fazem parte do grupo devem atender
prontamente às recomendações e práticas publicadas pelo documento de
emergência, e os governos e autoridades responsáveis devem organizar e
colocar em prática planos de ação para conter a ameaça sanitária. De
acordo com o RSI, as declarações são temporárias e devem ser reavaliadas
a cada três meses.
De acordo com o diretor-geral da OMS, o coronavírus (2019-nCoV) atende aos critérios da declaração de emergência.
Essa é a sexta vez em que o recurso é usado. A declaração de
emergência havia sido emitida no surto de síndrome respiratória aguda
grave (Sars), em 2002/2003; na pandemia de 2009 de H1N1 (também chamada
de febre suína); na declaração de emergência de poliomielite, em 2014;
na epidemia de ebola na África Ocidental, também em 2014; no surto de
vírus Zika, cujo principal foco de infestação foi o Brasil, em
2015/2016, e na epidemia de ebola em Kivu, no Congo, em 2019.
Das vezes em que foi instituída, apenas a declaração de emergência sobre a epidemia de Kivu continua ativa.
Por
Jonas Valente – Repórter Agência Brasil
Brasília
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