Macaquinhos param o trânsito na orla de Porto Seguro

Foto: Reprodução/ Turma da Mônica
Um duelo de micos parou o trânsito em Porto Seguro há cerca de dois anos. Sim, os pequenos macacos travaram uma verdadeira guerra em uma estrada e interromperam o tráfego, gerando um engarrafamento quilométrico onde o Brasil começou. A imagem é cômica e trágica, ao mesmo tempo. E também é uma excelente analogia para o espetáculo de horrores das disputas de poder dentro do PSL na Câmara dos Deputados. De um lado, a ala ligada ao presidente Jair Bolsonaro. Do outro, o setor mais próximo ao presidente da legenda, Luciano Bivar. Como cegos em tiroteio, alguns deputados federais que não conseguem identificar exatamente o que está acontecendo.

Em menos de 24h, a liderança do partido na Câmara foi ocupada por Delegado Waldir, por Eduardo Bolsonaro e, mais uma vez, Delegado Waldir. Em tese, há uma batalha campal entre os membros do partido do presidente da República que, ao invés de pacificar, entrou na guerra. Porém, apesar de ser o “rei”, Bolsonaro amargou uma derrota expressiva ao tentar impor o próprio filho na liderança e ver parte da bancada se digladiar. Foi público que o movimento do presidente em prol do rebento não funcionou totalmente.

O amadorismo é tamanho que as brigas privadas foram completamente públicas – e olha que o chefe do Planalto ainda fingiu que resolveria as rusgas internamente. Com direito a vazamentos - provocados - de áudio por todos os lados. Tanto favoráveis a Delegado Waldir, que por hora permanece como líder, quanto favoráveis a Bolsonaro, ameaçado em uma reunião pelo virtual adversário. É confuso, admitamos. E é bem típico de uma salada de frutas que se disse apolítica e se comporta como tudo o que condenou até chegar ao parlamento. A dúvida é se esse amadorismo é parte da estratégia tosca que levou o grupo à presidência da República ou se é só um bater de cabeças que assusta quem procura lógica nas movimentações políticas.

Enquanto o PSL não se entende, o Brasil parece inerte e assistindo de camarote a um roteiro de filme D que se tornou o roteiro de Brasília ao longo dos últimos dias. E o pior: as coisas que deveriam ser importantes acabam passando despercebidas. Muito provavelmente essa cortina de fumaça em torno da disputa do controle do partido esconde alguma coisa relevante que o governo deseja que não apareça. Pelo menos essa tem sido o cotidiano do Planalto sob a tutela de Bolsonaro – e, como frisamos, não chega a ser uma surpresa.

É como se fôssemos a estrada e os carros em Porto Seguro. Meros espectadores de uma cena dantesca, risível e constrangedora. Lá, os pequenos macacos seguiram em uma disputa intensa, por território, por fêmeas ou por qualquer outra razão. Tal qual os deputados federais do PSL. Talvez um bom resumo de toda a situação tenha vindo de uma das principais defensoras do bolsonarismo no nascedouro, a deputada estadual de São Paulo Janaína Pascoal: “Não tenho a menor ideia do que se passa. A situação é tão teratológica, que fico com a sensação de que é tudo combinado. Tanta loucura parece impossível!”. Ao que parece, nada mais é impossível nesse roteiro louco do Brasil em 2019...

Este texto integra o comentário desta sexta-feira (18) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM e Valença FM.

                        
Por: Bahia noticias