Novidade na disputa pelo comando do PT estadual.

Foto: Divulgação/Arquivo-
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 deputado estadual Jacó pode se tornar o ponto de convergência na disputa pelo comando do PT
O surgimento do nome do deputado estadual Jacó para candidato a presidente estadual do PT pode ser a verdadeira novidade do processo sucessório interno da legenda, que, desde a sua chegada ao poder na Bahia, há pelo menos 12 anos, acabou pacificado por acordos facilitados pela presença na administração estadual, superando a tradição das disputas, muitas vezes fratricidas, que sempre marcaram sua história. Pela quantidade de nomes que se manifestaram ontem apoiando o interesse de Jacó, ele, de fato, começa arrancando com muita força.

A presença do nome de Ivan Alex na lista de apoiadores não nega. O secretário Nacional de Movimentos Populares do PT, além de figura das mais respeitadas não só no partido como nos meios políticos, vinha sendo estimulado há muito tempo a assumir a candidatura, tarefa que vinha resistindo a abraçar. Pelas declarações que deu ontem incentivando a postulação do deputado estadual, não só aderiu à campanha publicamente como deve engajar-se na luta pela eleição do correligionário nas eleições que acontecem em setembro.

“Jacó é a síntese de um elo do movimento social que defende o protagonismo do PT e consegue dialogar com o governo. Tem capacidade política de suceder a atual gestão liderada pelo presidente Everaldo Anunciação”. A frase é, de fato, um resumo do que efetivamente pensa Alex sobre como deve funcionar a legenda, cuja imagem começou a ser afetada em todo o país desde a descoberta do mensalão, mas principalmente depois que a Lava Jato, a maior operação contra a corrupção no país, desbaratou o chamado petrolão.

Jacó, no entanto, é ele próprio o cartão de visita de sua candidatura. Como disse o texto que o apresentou como candidato, tem uma vida dedicada à luta pelo semiárido, à agricultura familiar e à reforma agrária, além de, como pontua Alex, ter revelado capacidade para dialogar com diferentes movimentos sociais e com o governo do Estado. Sua candidatura tem como lastro a Esquerda Popular Socialista (EPS), tendência interna do Partido dos Trabalhadores na Bahia que compõe o campo nacional Optei.

O que a tendência teve o cuidado de não revelar, nem muito menos antecipar, é que Jacó deve, ao que os primeiros sinais indicam, enfrentar uma disputa, provavelmente com o nome que vem sendo gestado no pequeno grupo do ex-governador Jaques Wagner, do seu assessor parlamentar, Eden Valadares, cujo momento para presidir a legenda muitos, liderados pelo senador, acreditam ter chegado. O resultado da refrega, se ocorrer, naturalmente, vai depender do posicionamento que adotar a corrente que hoje comanda o partido, presidido por Everaldo Anunciação, cujo nome, aliás, Alex teve a deferência de citar.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*