Ex-presidente da Transpetro entrega à PF documentação em inquérito contra Ideli

Ex-ministra Ideli Salvatti (PT/SC)
O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado entregou documentos à Polícia Federal na quinta-feira, 18, que comprovariam o Anexo 13 de sua delação à Operação Lava Jato sobre a campanha da ex-ministra Ideli Salvatti (PT/SC) ao governo de Santa Catarina em 2010. Em depoimento, Machado declarou que a Camargo Corrêa repassou R$ 500 mil ao Comitê Financeiro do PT, que teria transferido o montante à petista, alvo de inquérito. O delator contou que o valor estava ligado ‘às propinas dos contratos pactuados com a Transpetro, referente à construção de navios feitos pelo estaleiro Atlântico Sul’. “O declarante ressalta que esses valores mesmo sendo doações oficiais são na realidade propinas oriundas dos contratos que as construtoras tinham com a Transpetro”, afirmou Machado.

 Na lista de novos documentos estão uma relação de viagens do ex-mandatário da Transpetro a Brasília, ‘com destaque’ para quatro deslocamentos nos meses de julho e agosto de 2010, um demonstrativo do Tribunal Superior Eleitoral com a relação de valores recebidos pelo Comitê Financeiro Único do PT naquele ano, com registro de três doações no valor de R$ 500 mil da Camargo Corrêa nos dias 20 de agosto, 15 e 22 de setembro de 2010 e um demonstrativo do TSE com os valores recebidos por Ideli Salvatti em 2010 – doação do Comitê no valor de R$ 1,745 milhão na data de 30 de setembro de 2010, logo após a doação feita pela empreiteira. “Os documentos ora apresentados comprovam a cronologia dos fatos narrados pelo colaborador no anexo 13 do acordo de colaboração, em apuração no presente inquérito policial”, apontou o ex-presidente da Transpetro. 

O delator prestou depoimento à PF no dia 19 de setembro. Machado relatou que, em julho ou agosto de 2010, recebeu um telefonema de Ideli pedindo que ele recebesse um assessor, ‘pois este teria um assunto de interesse’ dela. “O colaborador, então, encontrou-se com o assessor de nome Argento que ‘esclareceu que o pedido de Ideli Salvatti era em virtude de ser candidata à governadora de Santa Catarina e queria saber se o declarante poderia ajuda-la financeiramente”, narraram os advogados. De acordo com Sérgio Machado, ‘após ter aceitado fazer a contribuição solicitada, esta foi concretizada com o pagamento de R$ 500 mil feito pela empresa Construções e Comércio Correa S/A’. 

O valor, afirma o delator, estava relacionado ‘às propinas dos contratos pactuados com a Transpetro, referente à construção de navios feitos pelo estaleiro Atlântico Sul’, ao Comitê Financeiro Único do PT, a pedido de Ideli. “O valor da doação oficial seria de R$ 500 mil efetuados pela empresa Camargo Corrêa, relativos às propinas dos contratos pactuados com a Transpetro, referente à construção de navios feitos pelo estaleiro Atlântico Sul; que o declarante esclarece que os R$ 500 mil foram repassados ao Comitê Financeiro Único do PT – Partido dos Trabalhadores, a pedido de Ideli Salvatti”, afirmou o ex-presidente da Transpetro. 

“No tocante à promessa de vantagens ou outras contrapartidas afirma que (…) o declarante tinha interesse em atender os interesses de Ideli Salvatti porque ela era líder do governo do Senado e foi candidata ao Governo de Santa Catarina em 2010 e poderia facilitar os interesses da Transpetro dentro do Congresso Nacional e outros órgãos federais, tendo assim uma capilaridade maior na intervenção destes órgãos no interesse do declarante e da Transpetro.” Na avaliação do delator, a partir da entrega da documentação ‘é possível verificar que, a pedido de Ideli Salvatti, ele se encontrou com o seu assessor Argento e ele lhe solicitou pagamento de propina à parlamentar, bem como que o valor de R$ 500 mil foi pago na data de 20 de agosto, 15 ou 22 de setembro de 2010 pela Construções e Comércio Camargo Corrêa S/A, mediante doação eleitoral ao Comitê Financeiro Único do PT, que repassou, também na forma de doação, à investigada em 30 de setembro de 2010’.

 “O conjunto de provas produzido também permite apurar que as doações oficiais realizadas pelas empresas que mantinham relação comercial com a Transpetro, não tiveram motivação política. Eram, na verdade, uma forma transversa de conferir legitimidade ao pagamento de propinas”, afirma o delator. “Com relação aos encontros com os representantes da Construções e Comércio Camargo Corrêa S/A para solicitar o pagamento da propina destinada à investigada Ideli Salvatti, o colaborador ressaltou que essas tratativas eram sempre realizadas com Antonio Miguel Marques, presidente da empresa, em encontros ’em solenidades oficiais, reuniões no estaleiro da empresa Atlântico Sul e reuniões na Transpetro’.”

Estadão


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente esta matéria.