Wagner entra em corrupio

Wagner entra em corrupio
O governador Jaques Wagner foi atingido seriamente pela queda de prestígio dos governantes vinculados ao PT, justo quando realiza o melhor período de sua gestão, com obras em diversos municípios e, principalmente, em Salvador. Enquanto a presidente Dilma desaba nas pesquisas, não só a sua popularidade pessoal, mas, principalmente, eleitoral, onde se constata que ela irá ao segundo turno, mas poderá, a depender dos acontecimentos futuros, encontrar problemas para se reeleger.

Wagner, que imagina, ou imaginava, definir o seu sucessor em novembro próximo, está numa encruzilhada. Os pré-candidatos do PT enfrentam dificuldades, a começar pelo ex-prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, carta fora de baralho, envolvido com as contas da sua gestão e com o Tribunal de Contas dos Municípios. Está fora do páreo. Os três que continuam cotados, Rui Costa, José Sérgio Gabrielli e Walter Pinheiro, só o último aparece relativamente bem nas pesquisas, mas muito distante dos nomes que estão à frente, a começar pelo prefeito ACM Neto, que reafirma não ser candidato. Paulo Souto, também do DEM, está em primeiro quando Neto fica de fora; seguindo-se Geddel Vieira Lima, do PMDB. Portanto, os três da oposição baiana.

Há, nos bastidores da política regional, uma série de conjecturas envolvendo a sucessão de Wagner e as dificuldades que passou a ter depois das manifestações espontâneas das últimas semanas de junho. É certo que o movimento das ruas atingiu, indistintamente, os  políticos, com maior peso os petistas, por ocuparem o poder. Os oposicionistas, no entanto, avançam nas pesquisas nacionais, com um crescimento virtuoso de Marina Silva, o mesmo acontecendo com Aécio Neves e, mais atrás, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Aqui na Bahia, o agrupamento governista de pré-candidatos de início envolvia sete nomes. Além dos quatros do PT, mais Otto Alencar, Lídice da Mata e o deputado presidente da Assembleia, Marcelo Nilo. Deve-se, além de Caetano, afastar Lídice porque, se Campos for candidato, o palanque montado pelos socialistas (PSB) só terá espaço para Eduardo Campos e não para Dilma. Ficam então cinco. Três petistas e dois da base de Wagner, Otto Alencar e Nilo. Segundo se propala nos corredores, Rui Costa, que seria o nome preferência de Wagner, não consegue encantar. Falta-lhe carisma. José Sérgio Gabrielli anda desaparecido e não faz parte do grupo do governador, assim como Pinheiro, mas por estar bem situado, este tende a seguir adiante e acabar representando o partido na sucessão governamental. É o que se imagina.

Na base aliada, Otto Alencar foi e continua sendo muito forte. Tem penetração no interior como poucos. E Marcelo Nilo luta e irá até o fim nos seus propósitos, fruto de um sonho, como revela. Para que Jaques Wagner continue dono do leme, comandante do processo, terá que reverter as perdas que as ruas impuseram ao partido. Ele tem, como aliadas as obras que toca. Mas, em Salvador, a sua posição não é de fato das melhores, como já ficara provada na derrota de Nelson Pelegrino para a prefeitura. O governador é um político hábil, mas é necessário saber quais as medidas que tomará para propagar o deslanchar do seu governo.
 O caso baiano é diferente do nacional onde Dilma está como cabra-cega e perde, a olhos vistos e em decisões anunciadas, o apoio da sua base de sustentação no Congresso. Os discursos ultimamente feitos pela presidente estão visivelmente marcados pelo marketing e não enganam. A começar pela imprensa, na medida em que a economia desce a ladeira e ela diz que não. Observem a sua situação: 1- O PMDB, seu principal aliado, quer agora que ela enxugue a máquina governamental cortando 14 dos 39 ministros (uma inflação maior do que a do real). Ideli Salvatti, que deveria, como interlocutora política, na medida em que ocupa o ministério de Relações Institucionais, bate boca. Diz: se o PMDB quer diminuir 14 ministérios, terá que entregar alguns, porque comanda seis deles. 2- Dilma continua pensando em plebiscito. A Câmara dos Deputados, que formou uma comissão para realizar uma reforma política, diz que não há tempo para realizar a consulta popular (um jogo político) de modo que possa viger nas eleições de 2014. Dilma diz que dá. 3- seu aliado petista, Cândido Vacarezza, coordenador do grupo da reforma, contradiz e afirma que não há hipótese para concluir o trabalho até outubro próximo (um ano antes das eleições) e fica contra Dilma. 4-parte dos seus aliados querem o ministro Guido Mantega fora do governo. O Palácio do Planalto diz que ele permanece.

E assim as relações entre a base congressual da presidente e ela própria não se entendem. Nem, também, como alguns integrantes do PT. A situação não é boa e tende a piorar.

*Coluna de Samuel Celestino publicada no jornal A Tarde deste domingo (21)

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