Expulsos da cracolândia, usuários de drogas invadem linha de trem
Acuados pela presença ostensiva
da Polícia Militar na cracolândia, usuários de droga passaram a se
arriscar para fumar crack escondidos perto dos trilhos da Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) na Barra Funda, zona oeste de
São Paulo. A CPTM afirma que aumentou a segurança na área para prevenir
acidentes.
Quem mora ou trabalha na região cortada pela linha
férrea diz que quando escurece o problema toma proporções mais
perigosas. Das janelas de prédios dos arredores, moradores podem ver o
pisca-pisca dos cachimbos de crack sendo acesos.
Além do risco de acidentes, a presença dos viciados na linha do trem prejudica o sono da população ao redor.
'Eles
invadem os trilhos e os maquinistas dos trens de carga passam a noite
buzinando para não atropelá-los', afirma o porteiro Ícaro Chamarelli, de
24 anos, que trabalha em um prédio na Rua Capistrano de Abreu, na
frente da linha férrea. Além de trens de carga, as Linhas 7-Rubi e
8-Esmeralda, da CPTM, também passam pelo local.
O Estado
presenciou vários usuários de crack pulando o muro da linha férrea em
uma passarela que liga as Ruas Capistrano de Abreu e Luigi Greco. Eles
se concentram nos matagais próximos dos trilhos para fumar.
Usuários
de crack confirmam que, no esconderijo, ficam livres das chamadas
'procissões do crack', quando policiais afugentam a multidão de viciados
pelas ruas da região central.
À noite, até a passarela de
pedestres sobre a linha férrea também fica tomada por usuários de droga.
'Ninguém mais tem coragem de atravessar', afirma a autônoma Maria
Matos, de 56 anos, que trabalha perto dali. Na Rua Luigi Greco,
fogueiras são acesas e o lixo fica acumulado. O cenário degradado, com
grande presença de viciados e traficantes, afeta a segurança. A
população da área afirma que os furtos e roubos são frequentes perto da
passarela.
Vigilância. A CPTM informou que, inicialmente, aumentou
a vigilância por causa da paralisação dos trens motivada pela implosão
de um prédio na Favela do Moinho, o que poderia atrair invasores. Após o
início da operação da PM na cracolândia, no último dia 3, o reforço nas
rondas foi mantido para afastar usuários de crack que invadem a linha
férrea. Agentes de segurança disseram, em conversa informal, que o
trabalho aumentou muito depois do início da ação de policiamento
ostensivo.
A companhia informa que, quando é constatada a presença
de invasores, os agentes ordenam a saída imediata. No caso de pessoas
cometendo atos criminosos, os suspeitos são encaminhados à polícia.
Pedradas.
A reportagem flagrou no último dia 22, porém, um conflito com pedradas
entre meninos da Favela do Moinho e agentes de segurança. A CPTM
informou que o procedimento não é correto. A companhia afirma que vai
apurar os fatos e tomará as medidas cabíveis.
A Polícia Militar
informou que ainda não havia constatado o problema na linha férrea e as
rondas serão intensificadas na área. / COLABOROU AYRTON VIGNOLA.
Fonte Estadão.
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