Motorista e cachorro ficam feridos após capotamento de carro na BA-650, entre Ipiaú e Ibirataia
Um motorista identificado pelo prenome Willian ficou ferido em um acidente na tarde deste sábado (20), em uma curva no trecho da BA-650, rodovia que liga os municípios de Ipiaú e Ibirataia. O condutor do carro é morador de um assentamento na zona rural de Ipiaú e sofreu o acidente quando retornava para casa. Ele sofreu escoriações e foi socorrido por uma equipe do Samu para o Hospital Geral de Ipiaú.
Segundo relatou a vítima, um dos pneus do veículo estourou enquanto trafegava pela rodovia, o que teria provocado a perda de controle e o posterior capotamento do carro. No interior do automóvel, a Polícia Militar encontrou uma latinha de cerveja, além de uma espingarda de fabricação caseira.
Dois cães também estavam dentro do veículo; um deles fraturou uma das patas no acidente. Até o momento, não foi informado quais providências seriam adotadas em relação ao cachorro ferido. A Polícia Militar esteve no local e o acidente deve ser registrado pela Polícia Rodoviária Estadual. (Giro Ipiaú)
Em medida inédita, corte de geração de energia deve chegar a pequenas centrais hidrelétricas
O curtailment, termo em inglês para corte de geração de energia, deve ser estendido às pequenas centrais hidrelétricas, mais conhecidas pela sigla PCHs, bem como a projetos térmicos e de biomassa menores. A viabilidade foi discutida nesta sexta-feira (19) em reunião convocada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Estavam presentes representantes de empresas do setor, a Abradee, entidade que representa as distribuidoras e o ONS (Operador Nacional do Sistema).
Esses geradores menores não podem sofrer cortes diretos do ONS, mas o órgão fez uma apresentação mostrando a viabilidade legal para esse tipo de medida, que recairia sobre as distribuidoras. Não há registro de corte organizado de PCHs ou demais projetos na história do setor, e a medida tende a sofrer forte resistência.
Também ficou acertado que serão estudadas alternativas para cortar a chamada geração distribuída remota de grande porte, que ocorre em fazendas com painéis fotovoltaicos, que tenham entre 3 e 5 MW (megawatts).
O curtailment virou o principal assunto no setor de energia. Na semana que passou, mobilizou entidades públicas e privadas. A Comissão de Infraestrutura do Senado marcou para terça-feira (23) uma audiência pública para entender os cortes. Mais de 80 representantes do setor acompanharam a reunião que tratou do tema no TCU (Tribunal de Contas da União). O órgão regulador abriu auditoria para avaliar os cortes de geração em maio, mas intensificou o debate.
Na linha de frente de todo o movimento está a discussão sobre a segurança do sistema. No mundo da energia é fundamental alinhar oferta e consumo. Sem isso, a luz cai. No racionamento, lá na virada dos anos 2000, o Brasil teve um mega-apagão porque a oferta ficou abaixo do consumo. Agora, o problema é inverso: o excesso de oferta pode sobrecarregar o sistema e levar a apagões.
Há dois grupos de alternativas para resolver o problema. De um lado, criar mecanismos para elevar o consumo, de outro, buscar alternativas para controlar a oferta.
A questão mais sensível é que esse excesso está concentrado particularmente no segmento de MMGD (Micro e Minigeração Distribuída). Trata-se da geração feita por painel solar em teto de casas ou fazendas solares que atendem residências, pequenos estabelecimentos comerciais e industriais —um tipo de fonte sobre o qual o ONS não tem o menor controle.
“Diante do atual quadro, o ideal é criar um novo modelo para o sistema elétrico brasileiro, alinhado com a geração renovável, para que o país possa seguir adiante como energia limpa, a baixo custo, mas ainda estamos presos nas medidas emergenciais de curto prazo”, diz Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia e ex-diretor-geral do ONS.
Sem revisão do modelo, emergencialmente, desde 2023, o ONS tem usado o curtailment para calibrar a oferta das fontes de energia que ele controla. Corta hidrelétricas, térmicas flexíveis e parques de energia eólica e solar. A ideia de estender o corte às PCHs é o indicativo de que a situação se agravou.
O problema é que a GD não para de crescer e de ocupar cada vez mais espaço das demais fontes. Nos últimos quatro anos, a participação da GD foi multiplicada por oito. A capacidade instalada está em 43,5 GW (gigawatts). Já é a segunda fonte de geração, atrás apenas das hidrelétricas. A previsão do próprio ONS é que a GD cresça quase 50% até 2029, indo a 65 GW.
Diante disso, ONS enxuga gelo todo dia. Nasce o sol, a GD inunda sistema. O ONS corta as outras fontes. O sol cai, a GD some. O ONS precisa acionar novamente outras fontes, privilegiando térmicas. Não importa se é bandeira tarifária verde ou vermelha. A rotina é essa, sempre com mais GD entrando no sistema, e o ONS ampliando os cortes.
Nos finais de semana e feriados, quando consumo cai, os cortes precisam ser ainda maiores —e no domingo do último Dia dos Pais, veio o susto. Por volta das 13h, a demanda caiu muito, e o ONS restringiu quase 100% da produção eólica e solar. Manteve apenas as térmicas inflexíveis (que não podem ser desligadas) e um mínimo de geração hidrelétrica para preservar a frequência do sistema.
O atual cenário é um paradoxo. Expansão de energia renovável não deveria ser um problema. É tudo que se quer neste momento. O planeta investe justamente numa transição que privilegia a energia limpa, para reduzir emissões de gases de efeito estufa e deter as mudanças climáticas.
O pano de fundo do problema, porém, não é o dilema ambiental, mas um grande jogo de interesses econômicos
A GD é impulsionada por um tipo de subsídio que dá desconto no uso do fio. Quem coloca o painel fica isento. Como não há almoço grátis, a distribuidora que atendia aquele cliente pode ratear o valor do desconto com os demais consumidores de sua área de concessão —ou seja, quem não tem condições de ter o seu próprio painel, ajuda a pagar pelo painel de quem pode ter.
Especialistas explicam que no entorno desse painel floresceu uma verdadeira industria, que transforma o subsídio em lucro. Segundo dados da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), um projeto de GD tem taxa de retorno de 50% ao ano, e é esse ganho que impulsionou o crescimento exponencial desse tipo de energia.
Há uma lei que reduz gradativamente o subsídio em 15% ao ano até 2029, mas diante do atual desequilíbrio do sistema, algumas entidades já defendem a revisão da lei para que seja possível suspender os subsídios a novos projetos.
“O subsídio é fundamental para manter as taxas de retorno elevadas”, explica a diretora Técnica da empresa de energia PSR, Angela Gomes. “Se tirar o subsídio, as taxas de retorno vão continuar sendo atraentes, e os investimentos serão mantidos, mas sem esse crescimento desordenado que traz risco de colapso ao sistema.”
Subsídio é tema espinhoso. Quando o debate para suprimi-lo esquentou em 2019, os defensores da energia solar tiveram a habilidade de criar uma campanha vencedora, divulgando que havia um plano para “taxar o sol” —que nada mais era do que cobrar o fio.
O entra-e-sai da GD também afeta o preço da energia no mercado à vista diariamente. Na quinta-feira (18), por exemplo, chegou ao piso de R$ 58,60 pelo MWh na hora do almoço em todas as regiões. No fim da tarde, já estava na casa de R$ 330. O preço hora, pode ir além. No ano passado, bateu no teto duas vezes, chegando a R$1.248,26.
Empresas pagam por isso, mas o gerador de GD nem sabe. “A variação de preço em si é um sinal importante, que o mercado sabe ler, mas o problema é que ela não chega ao consumidor de GD, que, então, não tem a mínima ideia do que está provocando”, explica fundador da Volt Robotics, empresa especializada em energia, Donato da Silva Filho.
Por isso, outra corrente quer mudar a lei para que a GD passe a ter preço. Diferentemente de outras modalidades de abastecimento, as trocas de energia entre o painel solar da GD e o sistema de abastecimento não prevê transação financeira. É medido em elétron. Ou seja, quem joga na rede de dia e pega do sistema à noite segue uma contabilização por kWh (kilowatt-hora), sem considerar o preço nos diferentes horários.
“Pelo modelo atual os consumidores de GD usam a rede elétrica como se fosse uma bateria gratuita, mas não pagam pelos custos reais de manutenção, operação e tributos ou encargos do sistema elétrico. Quem paga a conta são os outros consumidores (em geral os mais pobres), porque esses custos são repassados nas tarifas”, diz Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias).
A ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída) defende a aplicação da variação do preço, mas acompanhada pela introdução da bateria —o outro grande tema dessa discussão no mercado. O sistema é caro e não existe incentivo econômico para a sua adoção.
Com a aplicação dessa tecnologia, associada a uma variação de preço, quem produz GD seria instigado a ter bateria. Poderia guardar ao longo do dia, quando o preço da energia é mais baixo, e venderia à noite, quando ela custa mais.
Segundo Carlos Evangelista, presidente da ABGD, a proposta já foi entregue pela entidade à Aneel e ao MME (Ministério de Minas e Energia).
O curtailment também aprofunda os prejuízos das empresas instaladas em parques eólicos e solares. Diferentemente das tradicionais hidrelétricas, esses empreendimentos não têm direito a ressarcimento quando são suspensos pelo ONS. A tentativa de conseguir reembolso foi parar até na Justiça, mas segue sem solução. A conta já teria passado de R$ 1 bilhão.
O ambiente é de apreensão geral. Investidores estão se retraindo do mercado. Instituições financeiras temem não receber pelo crédito já concedido. Algumas empresas já pediram recuperação judicial e a expectativa é que outras vão quebrar.
Em relatório recente, intitulado Brazilian Utilities Deep Dive: Power by the Clock, o banco UBS fez detalhada análise sobre a variação do preço e volume de cortes três anos à frente. O documento ressalta que em um cenário de ausência de crescimento da demanda, o curtailment pode chegar a 24% da oferta em 2028.
Alexa Salomão, Folhapress
Polícia Civil apreende 212 quilos de maconha em Feira de Santana
Um homem de 22 anos foi preso em flagrante, no bairro Mangabeira, em Feira de Santana, na tarde desta sexta-feira (19). Com ele, equipes da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR/Feira de Santana) encontraram 212 quilos de maconha, um revólver calibre .38, celulares, um caderno com anotações e uma motocicleta adulterada.
Todo o material estava dentro da residência do investigado. A Polícia Civil chegou ao local após ações de inteligência e observação da rotina do homem, que estava acompanhado, no momento da prisão, de sua companheira, uma adolescente de 17 anos.
Diante dos fatos, foi dada voz de prisão em flagrante por tráfico de drogas, associação para o tráfico, porte ilegal de arma de fogo e receptação de veículo. A mulher que o acompanhava foi ouvida e liberada.
As investigações prosseguem para identificar outros envolvidos. O celular apreendido será encaminhado para perícia técnica, e os dados do caderno de anotações serão analisados para subsidiar as apurações.
Fonte
Caseiro é preso com arsenal em sítio em Vila de Abrantes
Cocaína, carregadores e munições também foram apreendidos no local, utilizado como centro de distribuição de armas e drogas

Policiais da 26ª Delegacia Territorial (DT/Vila de Abrantes) prenderam em flagrante, nesta sexta-feira (20), um homem que trabalhava como caseiro em um sítio utilizado como centro de armazenamento e distribuição de armas e drogas, no distrito de Vila de Abrantes.
Durante a ação, foram apreendidos 22 fuzis, dezenas de carregadores e munições, além de 22 tabletes de cocaína. O material foi localizado após uma investigação que apontava o sítio como ponto de apoio logístico de uma organização criminosa envolvida com o tráfico de drogas na Região Metropolitana.
Com base nas informações apuradas, os investigadores realizaram campana nas proximidades do sítio. O caseiro indicou o local onde as drogas estavam escondidas, sob palhas. As armas estavam acondicionadas em caixas cobertas com plásticos.
O material apreendido foi encaminhado ao Departamento de Polícia Técnica (DPT). O flagranteado será submetido aos exames de praxe e ficará à disposição da Justiça. As investigações continuam para identificar os responsáveis pela organização criminosa.
Fonte
Ascom-PCBA
Com reforço do policiamento e ações integradas, Polícia Militar realiza a 9ª edição deste ano da Operação Força Total
Em mais uma edição da Operação Força Total, a 9ª deste ano, a Polícia Militar da Bahia (PMBA) mobilizou todas as suas unidades para intensificar o policiamento em todo o estado. A mobilização ocorreu em paralelo com as demais Polícias Militares do país, na promoção da segurança da população que transcende divisas.
Ação integrada com a Polícia Civil
As primeiras horas do dia foram marcadas pelo desencadeamento de uma ação conjunta entre as Polícias Civil e Militar. Realizada nos bairros de São Cristóvão e Nova Brasília, além dos municípios de Lauro de Freitas e Camaçari, a operação teve como foco o cumprimento de mandados e o combate a crimes contra a vida, contra o patrimônio e ao tráfico de drogas.
Com a participação de diversas unidades da PM, como os Batalhões de Operações Especiais (Bope), Patamo, Apolo, Gêmeos e de Pronto Emprego Operacional (BPeo), a ação resultou em 18 alvos alcançados (14 pessoas presas e 4 resistentes).
Apreensão na Avenida Bonocô
Ainda pela manhã, o Batalhão Apolo apreendeu três armas de fogo durante uma abordagem na Avenida Mário Leal Ferreira, conhecida como Avenida Bonocô. Uma quadrilha especializada em furtos e roubos de veículos, com crimes recentemente registrados em Stella Maris, Praia do Flamengo e Lauro de Freitas, foi desarticulada.
Com os três suspeitos, além dos revólveres e munições, foi encontrado um bloqueador de GPS veicular, equipamento comumente utilizado em furtos e roubos de automóveis e cargas. Todo o material apreendido foi encaminhado ao DHPP para registro da ocorrência.
Balanço da Operação Força Total
A 9ª edição da Operação Força Total, realizada ontem (18) em todo o território baiano, resultou na apreensão de 35 armas de fogo, na recuperação de 23 veículos com restrição de furto/roubo, no registro de 26 ocorrências com apreensão de drogas e na localização de 15 foragidos da Justiça, além da prisão de 26 pessoas em flagrante.
Esses resultados vão além da dimensão estatística: cada arma retirada de circulação, cada veículo recuperado e cada prisão efetuada refletem o impacto direto do trabalho da tropa na preservação de vidas e na garantia da tranquilidade social. O balanço reforça o papel da PMBA como instituição comprometida com a defesa da sociedade, utilizando inteligência, estratégia e a presença ostensiva para reduzir a criminalidade em toda a Bahia.
Imagens: Sd Gisleno
Vida de quem investiga o PCC inclui medo constante, veto a shopping e escolta escondida para parente
Um policial militar havia acabado de ser nomeado para uma função na cúpula da corporação quando veio o alerta: seu nome e o de um parente —assim como a cidade onde essa pessoa estudava— apareceram em conversas interceptadas pelo setor de inteligência durante investigação contra o PCC (Primeiro Comando da Capital). Com isso, decidiu se precaver.
Conversou com esse familiar e combinou que enviaria um policial para escoltá-lo. O acordo era garantir que o agente não aparecesse para evitar uma presença ostensiva. À exceção do parente, ninguém da república de estudantes onde morava jamais soube da proteção, que permaneceu ali, numa viatura descaracterizada, durante um ano e meio.
“Uma tensão total. Algo horrível, horrível”, disse esse agente à Folha ao relembrar o caso.
Ser ameaçado ou mesmo atuar em casos envolvendo a facção significa também trabalhar num estado permanente de alerta, segundo pessoas que passaram por essa situação.
Assim viveu o ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz nos últimos anos. Ele foi assassinado na última segunda-feira (15), vítima de uma emboscada em Praia Grande, no litoral paulista. A Secretaria de Segurança Pública estadual afirma que o PCC tem participação no ataque.
A facção tem histórico de atentados a autoridades. Em 2003, o juiz Antonio José Machado Dias foi morto a tiros por integrantes do PCC em Presidente Prudente, no interior de São Paulo. Em 2005, por sua vez, membros da facção assassinaram o ex-diretor do Carandiru José Ismael Pedrosa.
A Folha conversou com sete autoridades que lidam ou lidaram com a organização para ouvir relatos sobre como o combate a facções transformou suas vidas. As entrevistas aconteceram de quarta (16) a sexta-feira (19). Todos pediram para não terem seus nomes e outros detalhes divulgados por questões de segurança.
Em comum, todos atuam ou atuaram longe dos holofotes. Um deles é diariamente acompanhado por uma equipe de escolta.
Não há legislação específica que regulamente pedidos de proteção continuada. No caso de membros da Polícia Civil, como delegados, cabe ao secretário de Segurança Pública autorizar a medida. A promotores de Justiça, por sua vez, ao chefe do Ministério Público estadual.
Como os requerimentos não são padronizados, cada órgão tem um procedimento diferente. Ruy Ferraz, por exemplo, não tinha —o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou ele que nunca pediu proteção depois de se aposentar.
O governo paulista não divulga quantas pessoas atualmente recebem escolta no estado, nem quantos policiais são usados nessa função.
O agente que atuava na cúpula da PM, por exemplo, tinha direito a escolta, o que por si só muitas vezes não bastava.
Em mais de uma ocasião, disse à Folha, deixava um local com determinado veículo —na época não fazia uso de carro blindado, afirmou— e trocava de automóvel duas quadras depois, num estacionamento particular onde uma equipe de policiais já estava a postos.
O objetivo era evitar identificação posterior, numa eventual emboscada. Sempre havia a chance, afinal, de que criminosos escondidos em frente à garagem de onde saiu repassassem informações sobre o veículo a terceiros.
Uma autoridade que já foi jurada de morte pelo PCC afirmou à Folha que a atenção redobrada deve prevalecer mesmo em épocas que aparentam ser tranquilas. Quando menos se espera, disse ele, é que atentados tendem a ocorrer.
Essa autoridade disse que certa vez estava num restaurante no interior de São Paulo, numa cidade onde segundo ele “todo mundo conhece todo mundo”, quando estranhou um grupo de pessoas que havia entrado no estabelecimento.
Ele disse ter pensando que aqueles seriam os últimos momentos de sua vida. Ligou para a Polícia Militar, que imediatamente mandou uma equipe do Baep (Batalhão de Ações Especiais da Polícia) até o local.
A viatura chegou em questão de minutos. Mas o alarme era falso: as pessoas estranhas eram, na verdade, técnicos de uma operadora que viajaram até aquele município para consertar cabos de telefonia.
Ele disse que o importante “é não baixar a guarda”, evitar dirigir aos mesmos lugares nos mesmos horários e contornar qualquer espécie de rotina.
Isso significa também recusar telefonemas de desconhecidos. Essa autoridade afirmou que só atendeu à ligação da Folha porque estava ao lado de integrantes do setor de inteligência que imediatamente buscaram informações sobre o número que fazia contato.
O aceite veio quando da confirmação de que o telefone estava vinculado a um jornalista.
A mesma desconfiança vale ao uso das redes sociais, disse à reportagem um promotor que atuou por mais de uma década em um núcleo do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) e participou de operações contra integrantes da facção no interior.
Ele diz que a cautela se deve não apenas pelo risco à própria integridade. Segundo ele, criminosos buscam também eventuais situações que desabonem ou desmoralizem aqueles que os investigam.
Um delegado de polícia à frente de delegacia especializada afirmou que vê redução nas ameaças contra autoridades no interior de São Paulo.
Ele disse que isso se deve ao fato de que o PCC tem terceirizado a gestão de pontos de droga, numa espécie de franquia, e focado em operações mais lucrativas como o tráfico internacional. Antes, segundo ele, intimidações vinham das chamadas “células” da facção.
Ainda hoje, porém, mantém procedimentos preventivos. Principalmente quando viaja em estradas. “Quando a gente tem uma situação mais delicada eu venho com um armamento mais pesado. Pego um fuzil, trago o meu colete.”
Em 2012, quando o PCC deflagrou uma onda de ataques que vitimou mais de cem policiais militares em São Paulo, setores de inteligência da Polícia e do Ministério Público encaminhavam boletins diários sobre locais onde potenciais atentados poderiam ocorrer.
Atuar em cidades menores impõe também restrições adicionais. Não foram poucas as vezes em que disse ter encontrado em supermercados, por exemplo, pessoas ligadas à facção que havia prendido dias antes. Hoje, esse delegado evita ir a shoppings ou qualquer outro lugar com grande circulação de pessoas.
O anonimato proporcionado a quem mora na Grande São Paulo, de qualquer forma, não elimina riscos. Um promotor do Gaeco que atuou em operações que miravam a asfixia financeira do PCC disse à Folha que há métodos adicionais de precaução.
Ele jamais se senta de costas para a porta de um restaurante, por exemplo. “Você vê que o negócio está funcionando quando a própria família passa a dispensar essas cadeiras”, afirmou. Também não cadastra seu endereço pessoal em sites ou estabelecimentos.
Isso não impediu que um integrante da facção criminosa afirmasse a esse promotor que sabia onde ele morava. Mas ele diz que há uma linha tênue entre saber até que ponto uma ameaça efetivamente pode prosperar. Muitas vezes, diz, a intenção dos criminosos é desgastar o titular da ação penal a ponto de afastá-lo do processo.
André Fleury Moraes, Folhapress
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