Mineração ilegal de ouro avança na Amazônia e vira principal ilícito ambiental, diz Abin
Relatório da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) aponta que a mineração ilegal de ouro avança na região de fronteira da amazônia entre o Brasil e a Colômbia, tornando-se uma atividade lucrativa de grupos criminosos e o principal ilícito ambiental daquela área.
O avanço é impulsionado por uma combinação de fatores: os altos preços do ouro no mercado internacional, a reduzida presença do Estado em extensas áreas da região e a elevada porosidade das fronteiras, que facilita a atuação de redes criminosas transnacionais.
O tema também gera preocupação entre autoridades ambientais, com impactos sobre a qualidade dos rios e sobre a ampliação do desmatamento. A preservação das florestas é um tema central na COP30.
O estudo foi realizado pela Abin em parceria com a DNI (Direção Nacional de Inteligência) da Colômbia. O documento aponta o narcotráfico, a mineração ilegal de ouro e o tráfico humano como as principais ameaças para a segurança humana e ambiental da região. É o primeiro documento público conjunto entre serviços de inteligência sul-americanos sobre esses temas.
No Brasil, estima-se que a mineração ilegal responda por cerca de um terço de toda a produção anual de ouro. Na faixa de fronteira amazônica, esse cenário é mais crítico: a atividade predomina, e praticamente todo o ouro extraído tem origem ilícita.
Segundo documento da Abin, o comércio ilegal de ouro na América Latina e no Caribe nunca foi tão lucrativo quanto nos últimos anos. Estima-se que os preços do metal tenham subido mais de 40% em 2024, alcançando um recorde histórico de mais de US$ 3.000 (R$ 16,1 mil) por onça (31,1 gramas) em março de 2025.
A extração de ouro na amazônia brasileira ocorre por meio de balsas e dragas de diferentes portes. Rios amazônicos como o Caquetá-Japurá, o Putumayo-Içá, o Amazonas-Solimões e seus afluentes formam uma extensa e complexa rede fluvial que sustenta a atividade garimpeira e outras atividades, como o tráfico de drogas.
Como a Folha mostrou, facções criminosas como o CV (Comando Vermelho) e o PCC (Primeiro Comando da Capital) mantêm negócios com grupos colombianos na região tanto para levar as drogas para serem consumidas no Brasil quanto para o escoamento da produção com destino à Europa e à África.
Segundo o documento, a principal modalidade de mineração praticada na amazônia é a de aluvião, caracterizada pela extração de minerais, sobretudo do ouro, a partir de depósitos sedimentares localizados nas margens e no leito dos rios.
Essa atividade ocorre majoritariamente nos principais cursos hídricos da região, por meio de dragas e balsas. É comum o uso de mercúrio para separar o ouro dos sedimentos, além de combustíveis fósseis, como diesel e gasolina, que abastecem bombas e outros equipamentos de extração.
As balsas utilizam motores de menor potência, que medem de 10 a 30 metros de comprimento e custam a partir de US$ 15 mil (R$ 80,7 mil), variando conforme o porte e a estrutura. Já as dragas operam com motores de alta potência e sistemas de sucção robustos, com tubos que alcançam até 15 metros de profundidade. Podem ultrapassar 100 metros de extensão e exigir investimentos de milhões de dólares.
Segundo o documento, a atuação dessas embarcações altera a turbidez, reduz a penetração de luz e modifica a composição química da água. Isso impacta desde micro-organismos e plantas até espécies de peixes e predadores maiores.
O resultado é um desequilíbrio ecológico generalizado nos ecossistemas fluviais, com efeitos sobre comunidades indígenas e ribeirinhas que dependem desses rios para subsistência, alimentação e preservação cultural.
Além disso, a atividade impulsiona o desmatamento. Apenas na região do rio Puruê, entre janeiro de 2019 e agosto do ano passado, a mineração ilegal devastou 2.559,86 hectares de floresta.
Uma outra constatação é de que municípios próximos às áreas de mineração ilegal, como Japurá, Jutaí, Santo Antônio do Içá e Tabatinga, todos no estado do Amazonas, consolidaram-se como centros de apoio logístico à atividade garimpeira.
Nessas localidades, a extração de ouro frequentemente constitui uma das principais dinâmicas econômicas, impulsionada pela fragilidade do mercado de trabalho e pela escassez de alternativas produtivas sustentáveis.
As operações de mineração ilegal de ouro na fronteira entre Colômbia e Brasil envolvem quatro categorias principais: as redes criminosas, os grupos armados ou crime organizado transnacional, a mão de obra e os facilitadores.
Na Colômbia e no Brasil, comerciantes compram ouro ilegal de garimpeiros e donos de operações.
No lado brasileiro, parte do ouro extraído na fronteira com a Colômbia é vendida diretamente nas áreas de garimpo e em municípios como Japurá, Jutaí, Tefé e Tabatinga, sem registro formal.
Outra parte segue para centros de "esquentamento" como Manaus e Itaituba (PA), onde entra na cadeia legal por meio de notas fiscais irregulares ou fraudadas.
Na Colômbia, a mineração ilegal está fortemente atrelada ao narcotráfico. Grupos criminosos investem em minas ou extorquem garimpeiros e depois convertem o ouro em imóveis, negócios ou depósitos bancários para lavar dinheiro.
Também podem adquirir o metal como forma de investimento ou utilizá-lo como pagamento por remessas de cocaína e maconha. Estima-se que, atualmente, o comércio ilegal de ouro na Colômbia gere mais lucros do que o próprio narcotráfico.
Além disso, esses grupos armados, como os Comandos da Fronteira, na Colômbia, cooptam jovens indígenas para atuar na exploração ilícita de ouro, no tráfico de drogas e como cozinheiros em suas plantações de coca. Em alguns casos, o pagamento é feito com pasta base de cocaína.
Também incentivam esses jovens a vender drogas em suas comunidades. Todas essas atividades contribuem para o aumento dos níveis de consumo de drogas, suicídio e violência nas comunidades indígenas.
Já no Brasil não há indício de que as facções atuem também na extração ilegal do ouro.
Rio Japurá (e seus afluentes Juami e Puruê):
Embora a mineração no leito se mantenha reduzida tendo em vista que garimpeiros preferem afluentes por conta da fiscalização, a área é uma rota para o tráfico de entorpecentes.
Rio Juami:
Localizado dentro da Estação Ecológica Juami-Japurá, enfrenta um dos cenários mais críticos de mineração ilegal na Amazônia, com assoreamento e alterações no curso do rio devido ao despejo de sedimentos. Em 2024, foram registrados 116 alertas devido à prática ilegal na região.
Rio Puruê:
Sua localização estratégica facilita a fuga para a Colômbia durante fiscalizações. A mineração, realizada com dragas e estrutura quase industrial, causa forte erosão, assoreamento e grave contaminação por mercúrio.
Bacia do Jutaí
Rio Jutaí (e seus afluentes Bóia e Mutum):
O garimpo causa assoreamento significativo, comprometendo a subsistência das comunidades ribeirinhas.
Rio Bóia:
A atividade tem caráter predatório, com o uso de balsas e dragas de grande porte, causando impactos intensos.
Rio Mutum:
Garimpeiros avançam sobre áreas protegidas federais e estaduais, incluindo a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Cujubim, a Esec Jutaí-Solimões e a Reserva Extrativista (Resex) do Rio Jutaí.
O município de Jutaí funciona como centro logístico, oferecendo construção e manutenção de balsas, comercialização de ouro, fornecimento de combustíveis e mão de obra.
Bacia do Putumayo/Içá
Rio Içá (afluente Puretê): A mineração ocorre em menor escala do que no Japurá, principalmente perto da área de fronteira em pontos que favorecem a evasão.
Rio Puretê: A área de mineração ilegal funciona como corredor de circulação e refúgio para organizações criminosas, elevando o risco de confrontos. As ações de fiscalização são mais complexas devido à sobreposição de mineração, tráfico de drogas e grupos armados.
O município de Santo Antônio do Içá funciona como centro logístico de apoio às operações ilegais nos rios, facilitando o fornecimento de insumos, equipamentos e o deslocamento de pessoal envolvido nas atividades ilícitas.
Norte da Fronteira Brasil-Colômbia
Rio Traíra: Serve como fronteira natural entre os países. Há indícios da presença de garimpeiros brasileiros e colombianos utilizando maquinário pesado, em grande parte transportado do território colombiano.
Rio Inírida (Departamento de Guainía, Colômbia): Parte de uma reserva ambiental. Dezenas de balsas operam ilegalmente. No departamento colombiano de Guainía, a extração ilegal resultou no uso de mais de 3.000 quilogramas de mercúrio entre 2015 e 2023.
GRUPOS QUE OPERAM NA CADEIA ILEGAL DO OURO
Redes Criminosas e Empreendedores - Esses atores ocupam o nível superior da cadeia da mineração ilegal. São responsáveis por financiar e orquestrar as operações de mineração, desde o início até o fim. Eles operam como atores invisíveis, formando redes dedicadas a atividades criminosas com alcance nacional e, por vezes, internacional.
Grupos Armados Não Estatais - Esses grupos têm estruturas mais definidas e atuam principalmente na fase de extração, extorquindo mineiros e cooptando trabalhadores, inclusive indígenas. Um exemplo é o grupo armado Comandos da Fronteira, na Colômbia, onde a exploração de ouro está associada ao narcotráfico
Mão de Obra - Esta categoria inclui todos que executam o trabalho de extração e apoio logístico nas operações. O setor é composto por garimpeiros e outros profissionais envolvidos na atividade, como operadores, soldadores, derrubadores, mergulhadores, cozinheiras, gerentes e contadores.
Facilitadores - São pessoas e redes que utilizam a corrupção para viabilizar a prática de crimes ambientais associados à exploração ilícita de jazidas minerais. Geralmente são atores com capacidade de corromper estruturas legais. Incluem agentes públicos, atores com influência local ou empresas legalmente registradas.
Por Raquel Lopes | Folhapress
Opinião: Direita pós-bolsonarismo sequestra segurança pública e tema deve repercutir até na Bahia
O governador Cláudio Castro (PL) deu à direita brasileira uma pauta para chamar de sua e suplantar o bolsonarismo — ainda que dele tenha sido aliado até aqui. A “megaoperação” do Rio de Janeiro sequestrou a pauta da segurança pública como uma bandeira na qual a direita tem melhores condições de enfrentar os problemas e, com isso, reaqueceu a militância antipetista que batia cabeças após sucessivos episódios de “enterro” do clã Bolsonaro. O tema tende a ter mais força em 2026, o que, em tese, deveria acender um alerta nos locais onde o assunto já vinha sendo explorado politicamente, a exemplo da Bahia.
Segurança pública é o principal calo do governo Jerônimo Rodrigues (PT). Ainda que problemas na área de saúde, educação e infraestrutura estejam no dia a dia da população, é a segurança que tem aparecido com mais frequência nas pesquisas qualitativas realizadas nos últimos tempos. Tanto que o grupo político adversário, comandado pelo ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União), tem explorado diuturnamente a temática. Agora, com a Operação Contenção, gestada por um controverso Cláudio Castro, veio a vitrine perfeita para criticar a gestão baiana.
A exploração política e eleitoral do episódio fluminense começou desde o dia da realização da operação, quando os dados oficiais chegavam à metade do número total de mortos. De um lado, o governador do Rio de Janeiro, paladino da justiça e contra facções criminosas. Do outro, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, supostamente anuente com o crime. Todavia, os fatos expuseram a contradição e Cláudio Castro se viu obrigado a recuar. Ainda assim, já estava alçado à condição de exemplo a ser copiado.
Nos dias que se seguiram, governadores órfãos do bolsonarismo fizeram endossos à distância e até presencialmente, quando lançaram o “Consórcio da Paz”, uma organização cuja justificativa de enfrentamento da violência parece plausível, porém esconde o caráter eminentemente antipetista, recalculando a rota da direita pós-Bolsonaro. Essa nova fase promete a ser decisiva para os rumos que esse segmento político deve tomar para 2026, especialmente quando Lula parecia voar em céu de brigadeiro para a reeleição.
O governo federal conseguiu conter os potenciais danos das acusações políticos de Cláudio Castro. No entanto, a pecha de que a esquerda — leia-se o PT — não consegue dar conta de enfrentar a violência voltou a ganhar tração. Falas públicas de símbolos do que parte da população considera um exemplo, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que brada não haver crime sem punição em terras goianas, passaram a ecoar com mais vigor.
Fora do país, ACM Neto não discorreu publicamente sobre as reações do eixo de governadores de direita à megaoperação do Rio de Janeiro. Dado o histórico dele, como quando realizou o SOS Bahia, evento patrocinado pela Fundação Índigo, presidida pelo ex-prefeito de Salvador, é natural que ele enverede pelo caminho de se apropriar do discurso contra a violência e antipetista para faturar eleitoralmente no próximo ano.
A vitrine do enfrentamento duro à crise da segurança pública, ainda que haja danos colaterais com imagens chocantes de mortos enfileirados, é um bom mote para reforçar que Jerônimo Rodrigues não tem dado a resposta à altura do que as facções criminosas exigem. O bordão “ou soma, ou suma” poderia encaixar para os dois lados da disputa política. Porém, só a direita, ainda que limpinha, vai querer usar.
Acidente entre ônibus e pick-up deixa empresário morto e três feridos no Sul da Bahia
Um acidente, entre um ônibus e uma pick-up cabine dupla, deixou uma pessoa morta e três feridas na manhã deste domingo (2) em um trecho da BR-415 entre Ilhéus e Itabuna, no Sul. Segundo a TV Santa Cruz, a vítima morta foi identificada como Erick Vinícius Caldas Ramos dos Santos, de 34 anos. Ele era empresário, dono de um lava jato em Itabuna, onde morava.
Testemunhas relataram que o motorista da pick-up teria perdido o controle em uma curva, o que provocou a colisão com o ônibus que vinha em sentido contrário. Com o impacto, o veículo menor rodou na pista e o motorista foi arremessado para fora. A frente da pick-up ficou destruída, enquanto o ônibus teve a parte frontal e lateral danificadas.
Uma mulher que estava no carro foi resgatada com vida e socorrida por equipes de saúde que passavam pelo local após deixarem o plantão no Hospital Costa do Cacau. Equipes do Samu e do Corpo de Bombeiros retiraram a passageira das ferragens e a encaminharam para uma unidade hospitalar. O estado de saúde dela não foi informado.
Já o motorista do ônibus conseguiu manobrar e parar o veículo entre um poste e uma árvore, o que evitou um acidente de maiores proporções. O coletivo, que seguia de Itabuna para Valença, transportava três passageiros [dois adultos e uma criança] que não se feriram.
Uma motocicleta que seguia atrás do ônibus freou de forma brusca para evitar a colisão, derrapou e caiu. Os dois ocupantes sofreram ferimentos leves e foram encaminhados para atendimento médico.
Ainda segundo informações, o corpo de Erick Vinícius foi encaminhado para necropsia pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Ilhéus, que realizou a perícia no local. Não há informações sobre velório e sepultamento.
Devido ao acidente, a rodovia precisou ser interditada nos dois sentidos, gerando um longo congestionamento. A via só foi liberada às 10h30, após a retirada dos veículos e limpeza da pista com pó de serra feita pelos bombeiros.
Por: Bahia noticias
Megaoperação no Rio: imagens inéditas mostram criminosos fortemente armados, rendição de suspeitos e resgate de policiais feridos
Repórteres cinematográficos independentes acompanharam a operação e registraram momentos de tensão e confrontos intensos entre policiais e criminosos. Drones da polícia mostram resgate tenso de delegado ferido.
Imagens exclusivas exibidas pelo Fantástico neste domingo (2) mostram criminosos fortemente armados aguardando a chegada da polícia no alto do morro durante a megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro na última semana.
Ainda era de madrugada de terça-feira, 28 de outubro, quando 2.500 policiais civis e militares chegaram aos complexos da Penha e do Alemão. A medida que os agentes avançam, o tiroteio se intensifica.
Imagens exclusivas feitas pela inteligência da polícia mostram os bandidos fortemente armados reunidos bem no alto do morro. Quase todos vestem roupas pretas ou camufladas. E à medida que o tiroteio avança, eles correm para se esconder no topo da mata da Serra da Misericórdia.
Enquanto os bandidos fogem, a polícia avança por várias entradas dos complexos. Equipes do BOPE, o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar, entraram pelo Complexo do Alemão e fizeram uma barreira na mata que dá acesso ao Complexo da Penha. O Batalhão de Choque entrou pela Vila Cruzeiro, uma das favelas do Complexo da Penha, e do outro lado entraram os agentes da Polícia Civil.
Juntos com esses agentes, estavam Marcello Dórea e Jadson Marques. Eles são repórteres cinematográficos independentes que se especializaram na cobertura de operações policiais no Rio de Janeiro.
"A polícia ia progredindo e tiro por tudo que é lado. Nunca vi tanto tiro na minha vida", afirma Marcello.
Jadson acompanhou um dos momentos mais dramáticos da operação. Quando os policiais civis tentavam resgatar um colega, o delegado Bernardo Leal, baleado na perna. Os agentes precisaram quebrar a parede de uma casa, já que era impossível sair do beco onde estavam.
“Quando conseguiram tirar o delegado, eles tiveram que improvisar um pedaço de madeira, amarrar um tipo de tipoia, que eles dão o nome, na perna, para poder tentar amenizar o ferimento. E mesmo assim, os tiros não paravam, continuavam os tiros, no meio do resgate ainda”, conta Jadson.
Os agentes colocaram o delegado em uma moto para levá-lo para o socorro.
Enquanto isso, do outro lado, no alto do Complexo da Penha, o drone da polícia registrou mais um confronto. Um grupo de seis policiais chegou ao início da mata. Eles se aproximaram e, de repente, pareceram se deparar com um grupo de bandidos, sendo atacados com dezenas de tiros. Dois policiais caíram no chão e se arrastaram para se proteger; um deles foi ferido na mão e o outro na barriga, chamando reforço por telefone.
Um outro agente, Rodrigo Cabral, chegou para socorrer um colega. Segundos depois de entrar na mata, eles foram atacados novamente, e Rodrigo foi baleado na cabeça. Ele só foi resgatado quando policiais do BOPE conseguiram chegar rastejando até o corpo. O resgate foi difícil, porque muito perto da equipe havia criminosos escondidos e atacando os policiais. Rodrigo morreu na hora.
Rendição
Já passava das duas da tarde quando a equipe de policiais que Jadson acompanhava chegou a uma casa onde um grupo de criminosos estava escondido.
“Os policiais do Choque descobriram que eles estavam ali escondidos e negociaram para se entregar. Eles não queriam se entregar. Eu fui lá e conversei um pouco com eles: ‘irmão, eu sou jornalista, estou aqui, vou registrar tudo, pode se entregar’. Aí eles, sim, se entregaram. Eles começaram a sair de um a um”, conta Jadson.
Outro vídeo, gravado pelos criminosos, mostra o momento da rendição:
“Nós vai descer. Qual é, rapaziada, um atrás do outro, ninguém com nada. Tá geral sem camisa, pegou a visão? Tá geral sem camisa, nós vai descer aqui devagar, hein?! Sem esculacho, mano, vai sair geral. Sem esculacho”, diz um homem.
Segundo a polícia, 26 pessoas foram presas nessa casa.
Quase no fim da tarde, Jadson e Marcelo deixaram a região com as equipes que acompanhavam. Enquanto isso, o conflito continuava na mata, no alto do Complexo, na Serra da Misericórdia, onde ocorreu o confronto mais violento da operação. A polícia conseguiu cercar os bandidos. Foi ali o maior número de mortes.
Os impactos da ação
A reação do tráfico foi para as ruas, e o Rio de Janeiro parou. A população tentou chegar o quanto antes em casa. Transportes públicos ficaram lotados e milhares de pessoas voltaram a pé.
Foram cerca de 18 horas de operação, que se estenderam pela noite. A última imagem, feita por um morador, mostra dois blindados deixando a favela por volta de 22h.
Mas o que aconteceu ali só seria visto no dia seguinte. Na manhã de quarta-feira, moradores se reuniram na Praça São Lucas, na região do Complexo da Penha, trazendo dezenas de corpos encontrados na mata durante a madrugada — uma cena que marca para sempre a história da cidade.
No total, 121 pessoas foram mortas. Entre elas, 115 já foram identificadas, e 88 tinham anotações criminais e 66 eram de outros estados. Entre os mortos, quatro eram policiais: dois civis e dois militares.
- O inspetor Marcos Vinícius Cardoso de Carvalho, de 51 anos;
- Os sargentos da tropa de elite da Polícia Militar Cleiton Serafim Gonçalves, de 42 anos, e Heber Carvalho da Fonseca, de 39;
- O agente Rodrigo Velloso Cabral, de 34 anos, que havia se formado há apenas 40 dias.
Outros 15 policiais ficaram feridos, três em estado gravíssimo, entre eles o delegado adjunto da Delegacia de Repressão a Entorpecentes Bernardo Leal, que teve parte da perna amputada.
Quatro pessoas foram atingidas por balas perdidas. Um homem em situação de rua e outro que estava em um ferro-velho estão internados. Uma mulher foi ferida dentro de uma academia em um bairro próximo e já recebeu alta. O mototaxista João Paulo contou que foi baleado no pé enquanto trabalhava.
O foco principal da ação e liderança principal do Comando Vermelho, Doca, não foi encontrado.
O que disseram as autoridades
Em entrevista para o Fantástico, o governador Cláudio Castro aprovou o resultado da operação:
“Operação necessária. Operação necessária para combater a criminalidade, para acabar com o terror que acontece na vida das pessoas todo dia. Ela foi essencialmente necessária”, afirmou.
Questionado sobre mais de 100 corpos encontrados na mata, o governador disse:
“113 presos se renderam, tão presos. Vão responder o devido processo legal. Quem quis ir para a mata, quem quis enfrentar, encontrou de frente as duas forças mais bem preparadas do Brasil, o BOPE e a Core", disse.
O ministro da Justiça veio ao Rio para se reunir com autoridades estaduais. Ricardo Lewandowski e o governador Cláudio Castro anunciaram a criação do Escritório Emergencial de Combate ao Crime Organizado, com o objetivo de compartilhar informações e promover ações integradas entre as forças de segurança.
“Nós vamos conjugar as forças federais com as forças estaduais para resolver rapidamente, celeremente, os problemas com os quais nos deparamos para a solução dessa crise", disse Lewandowski.
Na quinta-feira, Cláudio Castro se reuniu com outros cinco governadores para definir estratégias de combate ao crime organizado e cooperação entre os estados.
Na sexta, o governo federal enviou ao Congresso um projeto que endurece as penas de integrantes de organizações criminosas.
Ouça os podcasts do Fantástico
https://g1.globo.com/fantastico/noticia
Governo Lula infla verba de comunicação antes de ano eleitoral e vai na contramão de cortes
O governo Lula (PT) ampliou a verba de comunicação da Presidência em mais de R$ 116 milhões durante o ano, levando esse orçamento para cerca de R$ 876 milhões em 2025.
O valor destinado à comunicação do governo, às vésperas do ano eleitoral, supera os cerca de R$ 600 milhões reservados em 2024 —cifra que era a maior aplicada nos contratos da Secom (Secretaria de Comunicação) desde 2017.
A ampliação coloca a pasta em uma posição privilegiada dentro do governo. Houve cortes de verba, e diversos órgãos precisam de recursos até para operações de rotina.
A Polícia Federal, por exemplo, busca R$ 97,5 milhões para emitir passaportes, enquanto o Ministério da Educação ainda não tem dinheiro para a compra completa de materiais didáticos.
A rubrica do Orçamento reservada para a ação de "comunicação institucional" banca principalmente as campanhas publicitárias do governo federal, além de contratos menores, como de assessoria de imprensa e pesquisa de opinião.
Só a conta de publicidade da Secom é de R$ 562 milhões anuais, executada por quatro agências. Algumas das principais destinações dessa verba foram R$ 85 milhões para a campanha com o mote "Brasil soberano", além de R$ 30 milhões para promover o programa Gás do Povo.
O governo Lula mudou sua estratégia de comunicação desde que Sidônio Palmeira assumiu a Secom, em janeiro. A pasta ampliou a verba para anúncios na internet e passou a apostar na contratação de influenciadores, além da produção de modelos de vídeos virais.
A movimentação se encaixa na busca do petista pela reeleição. O presidente afirmou de forma categórica na última quarta-feira (22) que disputará as eleições de 2026 para buscar um quarto mandato.
Uma publicação feita no fim de setembro nas redes "gov.br" ilustra o novo formato adotado pelo governo. No vídeo, o apresentador João Kléber transporta o seu "teste de fidelidade" —quadro que visava provocar e "flagrar" eventuais adúlteros— para a disputa entre os governos Lula e Donald Trump.
Em nota, a Secom afirmou que a legislação prevê ações de comunicação para promover políticas públicas e direitos. Disse ainda que parte do seu orçamento foi bloqueada e que, por isso, não houve alteração substancial na verba total com os aportes.
O governo deve destinar mais R$ 100 milhões por ano para um novo contrato de comunicação digital —a licitação para escolha das agências que vão executar a verba está em fase final. O serviço envolve produção de vídeos, textos, podcasts e outros conteúdos voltados às redes sociais.
Os documentos da licitação mostram que o governo deseja produzir cerca de 3.000 vídeos por ano, em diversos formatos. Apenas os 576 vídeos "com apresentador" devem custar R$ 21,4 mil cada, ou R$ 12,3 milhões no ano.
O novo contrato ainda deve incluir a criação de podcasts e videocasts, entre outros produtos.
Na disputa, as agências tiveram de apresentar uma proposta de "estratégia criativa e eficaz de comunicação" para aumentar o engajamento e alcance das mensagens do governo nas redes sociais com a produção de posts em temas como Pé-de-Meia, Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida.
O mais recente aporte de verba para a comunicação da Presidência, de R$ 90 milhões, foi definido no último dia 17. A decisão foi tomada após discussões entre o Planalto e a equipe econômica, que incluíram a ideia de turbinar a comunicação digital.
O governo citou a necessidade de realizar campanhas "com maior cobertura temática, ampliação do alcance populacional, adoção de novos formatos digitais e reforço das ações de comunicação regionalizadas".
Na portaria em que ampliou a verba para propaganda, o governo fez movimentações de cerca de R$ 2,4 bilhões em diversos ministérios. Esse valor foi cancelado de algumas ações orçamentárias e acrescentado a outras, medida que é exigida para cumprir as regras fiscais.
Alguns órgãos saíram perdendo nessa mexida do Orçamento, como o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que teve corte de R$ 190 milhões. O órgão já afirmou ao governo que a tesourada pode impactar serviços essenciais, como o processamento da folha de pagamento de benefícios previdenciários.
Governo fala em ampliação de ações e lançamento de novos programas
Em nota, a Secom disse que tem ampliado ações de comunicação institucional no ano em que lançou novos programas e políticas públicas, como o Gás do Povo, o Agora Tem Especialistas e a proposta de ampliação da isenção do Imposto de Renda, "para garantir o acesso da população beneficiada a esses serviços".
A Secom ainda disse que pediu o crédito de R$ 90 milhões para garantir a realização de ações prioritárias, depois de ter R$ 91 milhões bloqueados.
A pasta afirmou que a única suplementação que recebeu foi um crédito de R$ 27 milhões do Itamaraty, para a realização da Cúpula dos Brics.
"Portanto, não houve alteração substancial no orçamento da secretaria, com relação à dotação prevista na LOA (Lei Orçamentária Anual) de 2025." A secretaria ainda disse que a legislação determina a ela "dar amplo conhecimento à sociedade das políticas e programas do Poder Executivo federal", além de divulgar direitos dos cidadãos, entre outros serviços.
Por Mateus Vargas/FolhapressDois homens são presos durante Operação Carcará no Recôncavo Baiano
A Polícia Civil da Bahia deflagrou, no sábado (1º), a Operação Carcará, que teve como objetivo combater crimes de maus-tratos a animais, pesca predatória, agiotagem e tráfico de drogas. A ação resultou na prisão em flagrante de dois homens, na condução de outras seis pessoas e na apreensão de 174 galos utilizados em rinhas, duas armas de fogo com numeração suprimida, cerca de R$ 70 mil reais e oito celulares.
A operação foi desencadeada em um local de rinha de galo no distrito de Cações, município de Jaguaripe e em outros três imóveis, estes para o cumprimento de dois mandados de busca expedidos pela Vara Criminal de Nazaré.
Dos oito conduzidos, os dois homens foram autuados em flagrante pelos crimes apurados, enquanto os demais foram ouvidos e liberados, com a lavratura de Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCOs).
A Operação Carcará contou com a participação de equipes do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), por meio da 24ª DT/Vera Cruz, 19ª DT/Itaparica e Depom/Sede, e da 4ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Santo Antônio de Jesus), além do apoio da Polícia Militar, por meio da Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (COPPA).
Itagibá encerra com grande sucesso o Dia do Evangélico 2025
O segundo dia do Dia do Evangélico 2025 foi marcado por uma noite de fé, emoção e gratidão. A Praça Principal ficou lotada neste sábado (1º), reunindo centenas de fiéis que celebraram juntos o encerramento de um dos maiores eventos religiosos do município, promovido pela Prefeitura de Itagibá, sob a gestão do prefeito Marquinhos.
Após o sucesso da primeira noite, com apresentações de Lucas Agostinho e Felipe Brito, o público voltou a se reunir para uma programação ainda mais inspiradora, com shows de Sued Silva, artistas locais e ministérios de louvor das igrejas evangélicas da cidade. O clima de comunhão e alegria tomou conta do evento, consolidando Itagibá como um dos polos regionais de celebrações de fé.
“O Dia do Evangélico é um momento especial de união e agradecimento a Deus. Ficamos muito felizes em ver nossa praça cheia, as famílias reunidas e a fé sendo vivida com tanta intensidade e respeito. Itagibá vive um novo tempo, e a fé é parte fundamental dessa caminhada”, afirmou o prefeito Marquinhos, ao lado de lideranças religiosas e membros da comunidade.
Durante os dois dias de festa, a estrutura contou com palco, som, iluminação, apoio das Secretarias municipais e servidores, garantindo segurança e conforto ao público. O evento também movimentou o comércio local, gerando oportunidades para ambulantes, vendedores e prestadores de serviço.
Durante os dois dias de festa, a estrutura contou com palco, som, iluminação, apoio das Secretarias municipais e servidores, garantindo segurança e conforto ao público. O evento também movimentou o comércio local, gerando oportunidades para ambulantes, vendedores e prestadores de serviço.O Dia do Evangélico 2025 terminou com um grande coral coletivo entoando louvores em agradecimento, encerrando a celebração com muita emoção e fé renovada.
Assista o video
Bolsonaro perde força com Lula em alta e iminência de prisão
O ex-presidente Jair Bolsonaro vem perdendo espaço político diante da pressão do Supremo Tribunal Federal (STF), das negociações travadas no Congresso e da recuperação de Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas. O cerco se intensificou com os últimos recursos apresentados na Corte, o impasse em torno do PL da Dosimetria, enfraquecido pela crise na segurança pública, e a reabertura do diálogo entre o governo federal e Donald Trump - fatores que, somados, colocam em xeque a força política de Bolsonaro para 2026.
O desgaste do ex-presidente aparece nos campos jurídico, político e simbólico. Condenado a 27 anos e três meses de prisão, Bolsonaro apresentou, por meio da defesa, um dos últimos recursos possíveis antes de o relator Alexandre de Moraes e os demais ministros da Primeira Turma decidirem sobre sua prisão.
Como mostrou a reportagem, a expectativa é que o julgamento dos recursos, marcado para 7 de novembro, não traga alterações substanciais, já que os argumentos apresentados repetem teses já superadas.
No campo político, o enfraquecimento também se reflete no Congresso. O rebatizado PL da Dosimetria, sob relatoria de Paulinho da Força (Solidariedade-SP), segue travado na Câmara, em parte pela falta de sinalização do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), aliado de Lula. O texto reduz as penas para quem participou dos atos golpistas de 8 janeiro de 2023 e poderia beneficiar diretamente Bolsonaro.
Para o líder do PDT na Câmara, Mário Heringer (MG), a proposta "perdeu gás" até mesmo entre a oposição. Já o líder da bancada oposicionista, Zucco (PL-RS), rebate e afirma que o projeto permanece na pauta do partido. Segundo ele, apenas uma anistia "ampla, geral e irrestrita" interessa à oposição.
Na avaliação do cientista político Leandro Consentino, do Insper, a perda de tração do projeto decorre de uma combinação de fatores, entre eles, a megaoperação contra o Comando Vermelho, no Rio, na terça-feira, 28, que recolocou a segurança pública no centro das discussões da Câmara. "Essa pauta vai perdendo o timing e ficando velha. Além de não agradar nem à esquerda nem à direita, acabou naufragando", afirmou.
O professor também relaciona o impasse aos sucessivos desgastes da Câmara, como o provocado pela PEC da Blindagem, aprovada pelos deputados, mas sepultada no Senado após forte reação pública. O episódio reforçou entre os parlamentares a percepção de que o aval dos senadores é essencial para o avanço do PL da Dosimetria, diante do temor de repetir o desgaste político daquela votação.
A proposta, que chegou a ser uma das principais apostas do entorno de Bolsonaro, perdeu impulso após a ofensiva articulada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo comentarista Paulo Figueiredo junto a autoridades dos Estados Unidos, numa tentativa de pressionar o Supremo e interferir na ação penal do golpe em que o ex-presidente foi condenado.
A iniciativa teve efeitos em cadeia: de um lado, a tarifação de 50% sobre produtos brasileiros, as sanções impostas a ministros do STF e a obstrução do canal diplomático entre os governos de Lula e Trump; de outro, a imposição de prisão domiciliar a Bolsonaro como medida cautelar e a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra Eduardo por coação no curso do processo.
Após meses de tratativas conduzidas pelo Itamaraty, o diálogo entre Brasília e Washington foi restabelecido, culminando no primeiro encontro entre Lula e Trump, na Malásia, na última semana, desde que ambos assumiram o poder.
Para o cientista político Antonio Lavareda, o episódio simboliza a capacidade de Lula de converter tensão em diálogo. Segundo ele, essa postura, somada a uma comunicação mais assertiva do governo, ajuda a explicar a recuperação de popularidade do presidente. "O que teve maior peso foi a reação de Lula e do governo brasileiro ao tarifário e às sanções de Trump", disse.
O avanço de Lula nas pesquisas também reconfigura o cenário da direita, enfraquecendo a principal aposta para 2026: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). A melhora na avaliação do presidente, avalia Lavareda, reduz o espaço político para que Tarcísio se firme como alternativa competitiva, o que, na prática, amplia o isolamento de Bolsonaro e afasta a perspectiva de uma guinada à direita em 2027, capaz de abrir caminho para um eventual indulto.
Os especialistas acreditam que a soma desses fatores consolida o enfraquecimento do ex-presidente, deixando-o com um cacife político cada vez mais incerto para 2026. "Bolsonaro ainda tem algum capital político, mas ele está cada vez menor. Sua ascendência sobre a direita vem se erodindo, embora a real dimensão desse desgaste só possa ser medida em 2026", afirmou Consentino.
Por Hugo Henud/Estadão Conteúdo
Caso Vitória: Reviravolta faz Justiça anular confissão do réu; entenda
As investigações em torno de um dos crimes de maior repercussão no ano apresentaram uma reviravolta. A Justiça de São Paulo anulou a confissão de Maicol Antônio Sales dos Santos, único suspeito pelo assassinato da jovem Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, em março, em Cajamar, na Grande São Paulo.
Além disso, decidiu levar o julgamento de Maicol para júri popular, ainda sem data prevista. O acusado, de 23 anos, está preso preventivamente desde abril.
Em sua decisão, o juiz Marcelo Henrique Mariano, da Comarca de Cajamar, negou o pedido da defesa para que o suspeito aguardasse julgamento em liberdade.
Maicol será julgado pelo crime de feminicídio qualificado por meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima e, também, por sequestro qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual. A pena pode chegar a 50 anos de prisão.
Confissão anulada
O juiz ainda considerou nula a confissão de Maicol, que tinha sido feita no dia 17 de março. O magistrado, inclusive, proibiu sua exibição ou qualquer citação ao seu conteúdo ao longo das sessões do Tribunal de Júri, para evitar “indevida influência no convencimento dos jurados”.
O juiz tomou essa decisão alegando uma série de evidências de irregularidades no “interrogatório extrajudicial” do acusado, como o fato de o depoimento ter sido tomado à noite e a presença de cortes no arquivo de vídeo da oitiva, o que impediu a verificação da cronologia da gravação.
Ainda de acordo com a decisão, o policial ouvido em juízo declarou que Maicol manifestou o desejo de permanecer em silêncio. Diante dos fatos, segundo avaliação do juiz, o depoimento deveria ter sido imediatamente encerrado. O magistrado também destacou que a oitiva teria sido presenciada por pessoas “alheias à estrutura da Polícia Civil”.
Ao longo do processo, Maicol chegou a escrever uma carta, na qual acusou a Polícia Civil de Cajamar de ter forçado e forjado sua confissão. Ele também alegou que a polícia local estaria acobertando o crime.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o conteúdo da carta “é investigado por meio de apuração preliminar instaurada pela Corregedoria da Polícia Civil".
Relembre o caso
A jovem Vitória Regina de Sousa foi encontrada morta no dia 5 de março, em uma região rural do município de Cajamar, na Grande São Paulo. Ela havia desaparecido em 26 de fevereiro, quando retornava do trabalho.
O corpo estava em avançado estado de decomposição, sendo reconhecido por familiares apenas pelas tatuagens no braço e na perna e um piercing no umbigo.
Imagens captadas por câmeras de segurança registraram Vitória chegando a um ponto de ônibus no dia 26 e, em seguida, entrando no transporte público.
Antes disso, a jovem mandou áudios a uma amiga em que contou que homens suspeitos a abordaram em um veículo enquanto ela estava no ponto de ônibus. Nas mensagens, ela disse, ainda, que outros dois homens estavam no mesmo ponto e que sentia medo deles.
Os dois homens entraram no mesmo ônibus e um deles sentou atrás de Vitória. Depois disso, a vítima desceu do transporte público e andou em direção à sua casa, em área rural do município.
No caminho, ela ainda enviou o último áudio para a amiga, dizendo que os dois não tinham descido junto com ela. Foi o último sinal de vida de Vitória.
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Brasil tem 358 mil pessoas em situação de rua, aponta observatório
A população em situação de rua no Brasil era de 358.553 pessoas no mês de outubro, segundo levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com População em Situação de Rua (OBPopRua), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Segundo a Agência Brasil, o levantamento indica predominância nos estados do Sudeste. No estado de São Paulo, estão 148.730 pessoas em situação de rua, das quais na capital 99.477 vivem na capital.
Os estados do Rio de Janeiro, com 33.081 pessoas, e de Minas Gerais, com 32.685, vem em segundo e terceiro lugar no levantamento. As três unidades federativas (UF) respondem por cerca de 60% da população de rua do país.
O levantamento considera dados da plataforma CadÚnico, que centraliza os registros de assistência social a partir dos municípios.
As três UFs da região Sul aparecem pouco abaixo no levantamento, embora com grande diferença em números absolutos, assim como Bahia, Ceará e Roraima:
- Paraná: 17.091 pessoas em situação de rua;
- Bahia: 16.603;
- Rio Grande do Sul: 15.906;
- Ceará: 13.625;
- Santa Catarina: 11.805;
- Roraima: 9.954 pessoas.
Aumento alarmante
O estado do Norte do país surpreende por ter mais pessoas em situação de rua do que o Distrito Federal, Pernambuco e Amazonas, entre outros estados com populações maiores e maior número de grandes cidades.
Para efeito de comparação, a capital de Roraima, Boa Vista, tem menos de 500 mil moradores, enquanto Brasília, Recife e Manaus têm mais de um milhão e meio de habitantes.
Essa desconexão é ainda mais importante se for comparado crescimento, já que a capital de Roraima tinha pouco mais de 1 mil pessoas em situação de rua em 2018, quase dez vezes menos que no último levantamento. Esse crescimento é bastante superior ao do país, que foi de 138 mil para 358 mil pessoas, e que o da capital paulista, de quase 39 mil para cerca de 100 mil, e chamou atenção do Observatório.
"O descumprimento da Constituição Federal de 1988 com as pessoas em situação de rua continua no Brasil, com pouquíssimos avanços na garantia de direitos dessa população, majoritariamente negra e histoticamente tão vulnerabilizada no nosso país", afirma o Observatório, em nota.
Os pesquisadores também chamaram atenção para a falta de transparência nos dados sobre a população em situação de rua, que deveriam ser públicos, abertos, transparentes e acessíveis a toda a sociedade.
Por: Bahia noticias
Ubatã: Adolescente de 16 anos é executado a tiros às margens da BR-330
Um jovem identificado como Eros Breno Paulo dos Santos, de 16 anos, foi executado a tiros por volta das 2h40 da madrugada deste domingo, 02, às margens da BR-330, no bairro Londrina, em Ubatã. Segundo apurou o Ubatã Notícias, a vítima estava a pé quando homens armados se aproximaram e efetuaram diversos disparos, matando o adolescente ainda no local.
No momento do crime, havia uma festa ocorrendo na localidade, mas, segundo testemunhas, o adolescente não tinha estava no evento. Até o momento, não há confirmação se os suspeitos estavam a pé ou utilizavam algum veículo para cometer o homicídio. A Polícia Militar foi acionada, realizou diligências, mas ninguém foi preso.
Breno, como era mais conhecido, tinha passagem pela polícia por tráfico de drogas. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) foi chamado para remover o corpo, e a Polícia Civil investigará o caso para identificar a motivação e os autores do crime.
É o segundo homicídio registrado em Ubatã num intervalo de pouco mais de 24h. Na madrugada de sábado, 1º, um homem identificado como Guinho Santos foi morto a tiros por uma dupla a bordo de uma motocicleta. *Com informações do Ubatã Notícias
Colisão entre carro e ônibus escolar deixa três mortos na BA-172, em Santana
Um grave acidente foi registrado na noite deste sábado (1) na BA-172, no trecho do município de Santana, no oeste da Bahia. A colisão envolveu um Fiat Palio e um micro-ônibus escolar.
De acordo com informações do Portal Velho Chico News, parceiro do Bahia Notícias,, o carro bateu de frente com o ônibus em um trecho próximo à comunidade de Ponto Certo. As autoridades confirmaram que os três ocupantes do Palio morreram no local.
Moradores relataram que as vítimas seriam do município de Canápolis, mas as identificações oficiais ainda não foram divulgadas.
O micro-ônibus escolar, supostamente vinculado ao município de Serra Dourada, integra o programa Caminho da Escola, do Ministério da Educação (MEC). Ainda não há confirmação sobre quantas pessoas estavam no veículo nem se houve feridos entre os ocupantes.
Equipes do SAMU e da Polícia Militar foram acionadas e o trânsito segue lento na rodovia. O MEC reforça que os veículos do programa são de uso exclusivo para o transporte de estudantes da rede pública.
Polícia do Rio eleva para 120 o número de armas apreendidas em megaoperação
A Polícia Civil do Rio de Janeiro atualizou o balanço da megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, elevando para 120 o número de armas apreendidas — 93 delas fuzis —, além de explosivos, munições e drogas.
O material, avaliado em R$ 12,8 milhões, inclui armamentos desviados das Forças Armadas e peças contrabandeadas ou adquiridas legalmente pela internet. As armas são provenientes de países como Venezuela, Bélgica, Rússia e Alemanha. O governador Cláudio Castro (PL) afirmou que o Estado continuará enfrentando o crime organizado “com rigor e estratégia”. A reportagem é do jornal "O Globo".
As autoridades informaram que parte do armamento traz inscrições de facções criminosas de outros estados, como a “Tropa do Lampião”, o que evidencia a expansão do Comando Vermelho para outras regiões do país. O arsenal passará por perícia e o Exército auxiliará no rastreamento das armas desviadas. Segundo o delegado Vinícius Domingos, da Coordenadoria de Fiscalização de Armas e Explosivos, os dados obtidos poderão ajudar a identificar as rotas de tráfico e as conexões interestaduais da facção.
A operação, que terminou com 121 mortos — incluindo quatro policiais —, é a mais letal da história do Rio. Entre os mortos, 109 já foram identificados; 42 tinham mandados de prisão e 78 possuíam histórico criminal. Apesar da magnitude da apreensão, a ação gerou fortes críticas de entidades de direitos humanos e de partidos da base governista, que classificaram a ofensiva como um “massacre”.
Por Redação/Politica livre
Cerca de 4,9 milhões tiveram rotina afetada por operação policial no Rio, diz Datafolha
Cerca de 4,9 milhões de moradores da capital e região metropolitana do Rio de Janeiro afirmaram ter sofrido mudanças na rotina devido à operação policial nos complexos da Penha e do Alemão, conjuntos de favelas na zona norte, na última terça-feira (28).
Segundo pesquisa Datafolha, 47% dos entrevistados disseram ter alterado algo no dia a dia, o que representa quase a metade do universo total do levantamento, correspondente à população de 10,49 milhões com 16 anos ou mais da cidade e seu entorno.
Mudanças nas atividades diárias foram relatadas por mais entrevistados na capital fluminense (51%) do que nas cidades do entorno (42%). As mulheres (51%) disseram ter sido mais afetadas dos que os homens (42%).
Entre as alterações no cotidiano, a mais citada foi não ter saído de casa (16%), o que corresponde a aproximadamente 1,7 milhão de pessoas, e cerca de 1,5 milhão (14%) deixou de ir trabalhar.
O confronto afetou o funcionamento do transporte público na terça e quarta-feira (29), e órgãos públicos e empresas deixaram funcionários em casa, enquanto escolas e universidades suspenderam aulas presenciais.
Parcelas menores de entrevistados relataram as seguintes mudanças no dia a dia por causa da ação policial: deixar de ir a escola, cursos e faculdade (7%), sair mais cedo do trabalho (5%), deixar de ir a bares e restaurantes (2%) e alterações de horários de forma geral (2%).
Moradores da zona norte foram os que mais relataram não ter saído de casa (23%), seguidos por habitantes da zona sul (15%), zona oeste (13%) e centro (10%).
Entre aqueles que avalariam a ação policial como mal executada, 25% disseram ter ficado em casa. O índice foi de 13% entre aqueles que aprovaram a condução da operação.
Parcela maior dos moradores da zona sul (60%) afirmaram não ter mudado em nada a rotina em comparação com quem vive na zona oeste (50%), no centro (46%) e na zona norte (43%). Quem mora fora de favelas não teve mudanças no dia a dia com mais frequência (56%) do que quem vive nessas localidades (46%).
A incursão de cerca de 2.500 policiais nos complexos dominados pela facção criminosa Comando Vermelho deixou ao menos 121 mortos, segundo levantamento oficial. A operação superou o massacre do Carandiru, quando 111 presos foram mortos, tornando-se a mais letal do país.
A margem de erro da pesquisa é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. Foram realizadas 626 entrevistas por telefone nesta quinta (30) e sexta-feira na capital fluminense e em sua região metropolitana.
A maioria dos entrevistados (51%) considera que as operações policiais trazem mais benefícios do que prejuízos para a população local, contra 41% que emitiram opinião oposta.
Entre aqueles que aprovam a gestão do governador Cláudio Castro, 81% acreditam que as ações policiais trazem mais benefício do que prejuízos à população. O índice é de 76% entre aqueles que avaliam a gestão como ruim ou péssima.
No recorte territorial, os moradores da zona sul se dividem igualmente entre quem acha as operações policiais mais benéficas (49%) do que prejudiciais e quem acha o contrário (49%). Na centro, a discrepância entre as opiniões é maior: 54% acham as ações desfavoráveis e 38%, favoráveis.
Entre quem mora em favela, 47% enxergam mais o lado positivo das ações do que o negativo (46%). Entre quem não mora em favelas, há predominância de avaliações favoráveis (53%) do que desfavoráveis (49%).
Por Mariana Zylberkan/Folhapress
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