Cotado para chapa presidencial, ACM Neto participa de jantar em São Paulo com Tarcísio de Freitas e Ciro Nogueira

O ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União) embarcou para São Paulo, onde participa, na noite desta segunda-feira (17), de um jantar com o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) e com o presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI). O encontro ocorre em meio às negociações finais da federação entre União Brasil e PP, que aguarda decisão da Justiça Eleitoral para ser oficializada.

Tarcísio é hoje o presidenciável preferido das principais lideranças tanto do PP quanto do União Brasil, e se tornou uma espécie de fiador do "casamento" das duas legendas, que enfrenta resistências internas. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), outro pré-candidato ao Palácio do Planalto, é um dos opositores da federação.

No jantar desta noite, o nome de ACM Neto deve entrar na roda não apenas como líder de peso dentro do União Brasil, mas como possível vice em uma chapa encabeçada por Tarcísio, caso o paulista seja escolhido para disputar a Presidência da República.

Interlocutores do ex-prefeito acreditam que a sondagem sobre a vice-presidência será feita, mas garantem que ACM Neto não tem planos nacionais para 2026. Aliás, o próprio já deixou isso claro. O objetivo é disputar o governo da Bahia. Além do baiano, Ciro Nogueira é outro cotado para ser companheiro de chapa de Tarcísio.
Por Política Livre

Mendonça associa decisão do STF sobre Marco Civil da Internet a ativismo judicial

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça afirmou nesta segunda-feira (17) que a corte deu exemplo de ativismo judicial no julgamento sobre a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet.

A declaração foi dada em um almoço empresarial do grupo Lide, do ex-governador de São Paulo João Doria —desafeto de Jair Bolsonaro (PL), que indicou Mendonça ao Supremo.

"Nós criamos restrições sem lei. Isso se chama ativismo judicial, que muitos colegas defendem. Eu não defendo, porque a Constituição não me permite", disse o ministro do STF ao responder a perguntas da plateia.

Mendonça se sentou na mesa junto ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), do vice-governador, Felicio Ramuth, e do presidente da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), Leonardo Sica.

A decisão da corte sobre constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet aumentou a responsabilidade das plataformas digitais sobre postagens de terceiros e criou o dever de cuidado sobre os conteúdos. Mendonça abriu a divergência e defendeu a manutenção da norma.

A decisão do tribunal foi tomada por 8 votos a 3, elevando a responsabilização das big techs. A corrente majoritária entendeu que o texto em vigor era insuficiente para proteger direitos fundamentais na internet.

O debate se deu em torno do artigo 19, em vigor desde 2014 e que diz que as plataformas só deverão indenizar usuários ofendidos por postagens de terceiros se descumprirem ordem judicial para remoção de conteúdo.

Os 8 votos para a ampliação das obrigações foram dos relatores Dias Toffoli e Luiz Fux, além de Luís Roberto Barroso, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia.

O acórdão sobre a decisão foi publicado no último dia 5, após 132 dias do julgamento do caso pela corte.

A demora vinha causando insegurança jurídica nos demais tribunais. Por exemplo, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) em um caso de setembro sobre o Google que ainda não convinha aplicar, dentro da corte, as teses definidas pelo STF.

No evento do Lide, Mendonça também demonstrou preocupação com o tema da segurança pública, que tratou como um dos indicadores da governança pública dos países.

"Quem entende de segurança pública sabe que, às vezes, a gente quer tratar um problema de câncer com pílula de AAS", disse Mendonça, que afirmou não estar defendendo "A, B ou C".

"Estou dizendo que nós temos um problema sério de segurança pública. [...] Segundo me foi passado por autoridades, 40% do território da grande Rio está dominado pelo crime organizado", afirmou na sequência.

Mendonça também comentou como lida com discordâncias no STF, afirmando "não divergir do colega, mas da ideia". Ele defendeu que ministros façam "concessões, às vezes legítimas e recíprocas, que permitem um caminho no melhor resultado".

"Eu não me importo de ser vecido. Eu me importo de sair na dúvida se foi o melhor voto que eu dei", disse.

Mendonça se envolveu recentemente em uma discussão com o ministro Dias Toffoli durante uma sessão da Primeira Turma do STF. O órgão debatia qual seria o juízo competente para analisar uma ação por danos morais movida por um juiz federal contra um procurador do MPF (Ministério Público Federal).

A referência de Mendonça a um voto de 2021 dado por Toffoli em um recurso sobre o mesmo caso desagradou o colega, que o acusou de deturpar o conteúdo da decisão e disse estar exaltado pela "covardia" de Mendonça.
Por João Pedro Abdo, Folhapress

Elixpegador é campeão do Campeonato Master 2025

Neste domingo (16/11) aconteceu no campo B da AABB Ipiau a grande final do campeonato master.
Oral Center e Elixpegador fizeram um jogo digno de uma grande final. A abertura com as equipes perfiladas para o Hino Nacional, o jogo teve transmissão ao vivo da Mídia Capture, narração de Tafarel Miranda e comentários de Givaldo e Paulo Henrique.
O jogo começou em alta intensidade, logo no início o Elixpegador abriu o placar com Kiu em uma cobrança de falta, não demorou muito para ampliar o placar com Bruno Canalha. Com vantagem de dois gols no placar, o Elixpegador começou a cadenciar o jogo, e abriu espaço para a Oral Center subir suas linhas e começar a pressionar, melhorando no jogo, e a Oral Center diminuiu o placar em cobrança de pênalti convertida por Gueu.

No segundo tempo, a única solução para a equipe da Oral Center era buscar o empate, e após muita insistência com diversas oportunidades, em um chute de Neném Gelo a bola furou a retranca do Elixpegador e empataram o jogo.
O apito final em 2x2 mostrou o total equilibro do Campeonato.

Nas cobranças de pênaltis o Elixpegador foi mais eficiente e sagrou-se Campeão.

Oral Center (1) 2x2 (2) Elixpegador

CAMPEÃO: Elixpegador

VICE-CAMPEÃO: Oral Center

ARTILHEIRO: Genesio (9 gols)

MELHOR GOLEIRO: Adnael

Opinião: Falta de proatividade de Jerônimo gera ruídos e governo se torna meramente reativo

O governo Jerônimo Rodrigues (PT) tem se mostrado reativo às reações da base aliada, o que coloca o governador em condição de fragilidade, ainda que tenha a máquina pública da Bahia inteiramente disponível. É um cálculo eterno de como mitigar danos provocados por uma figura afável, mas que parece desconhecer parte das nuances da política, gerando ruídos excessivos. É um governo sem ação, somente com reação.

Ao longo das últimas semanas, ficou explícito o esforço do entorno de Jerônimo para evitar grandes ruídos. O primeiro veio de uma publicação de Geddel Vieira Lima (MDB), nas redes sociais, em que o ex-ministro citou uma preocupação com a perspectiva que ACM Neto (União) era visto no interior da Bahia. Cacique de longa trajetória, Geddel fez uma leitura e tratou do tema publicamente, algo incomum nos orbes da base aliada de Jerônimo. Dias depois, o secretário de Relações Institucionais, Adolpho Loyola, publicou um encontro com o próprio Geddel, acompanhado por Lúcio e Jayme Vieira Lima, o núcleo “duro” do MDB da Bahia.

O secretário apareceu então como bombeiro em outra frente. Após o deputado estadual Nelson Leal anunciar que não seria candidato à reeleição e assumiria um posto na coordenação de campanha de ACM Neto em 2026, foi a vez a bancada do PP na Assembleia Legislativa participar de uma reunião com Loyola, agora também com a presença de Jerônimo. Se não for por excesso de coincidências, é preciso ser cego para não enxergar a correlação entre os episódios – e olha que o líder dos insurgentes do Progressistas, Niltinho, já debate a filiação ao PSB há bastante tempo.

Outro episódio que carece atenção é a saída de Sérgio Brito (PSD) da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano (Sedur). O deputado federal licenciado voltou à Câmara sem agradecimento público ou manifestação formal do governo. Como no passado parlamentares licenciados faziam movimentos assim para liberação de emendas e similares, pareceu que Brito voltaria à Sedur. No entanto, o deputado teria ido embora para não mais retornar, ainda que estivesse no posto desde o início do governo. Nos bastidores, o comentário é que Brito cansou de tentar trabalhar com Jerônimo e preferiu focar na reeleição.

Enquanto isso, os investimentos em viagens, tendo como destinos municípios administrados por adversários, têm gerado murmúrios quase silenciosos de que é melhor ter estado do lado oposto no passado e flertar com o governo para 2026 do que ser aliado de primeira hora. O governador “pé no barro” tem conquistado fama que viaja demais e gere de menos a Bahia – e tais viagens incluem bater ponto a qualquer aceno de uma nova foto com Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília.

Após quase três anos no Palácio de Ondina, o período de deslumbramento com o cargo deveria ter passado. A vida política é muito menos palatável do que parece e Jerônimo parece não ter se dado conta inteiramente. E, ao invés de ser proativo, segue sendo meramente reativo. Os adversários agradecem.

Fantástico mostra detalhes do maior navio de guerra do mundo

Porta-aviões, que tem orçamento bilionário, traz tensão a países latino-americanos no Caribe

O Fantástico mostra como funciona o maior navio de guerra do mundo.

O USS Gerald R. Ford é um gigante nuclear que pode ficar entre 20 e 25 anos sem precisar de reabastecimento. Custou mais de 24 bilhões de dólares - ou 127 bilhões de reais - valor mais alto do que o produto interno bruto da maioria das capitais brasileiras.
Confira os detalhes dessa máquina de guerra na reportagem do Fantástico no vídeo acima.

Ouça os podcasts do Fantástico


 

Verba da Secom para governo Lula se promover supera a de campanhas de utilidade pública

Na véspera do ano eleitoral, o governo Lula (PT) ampliou o dinheiro destinado a divulgar slogans e programas da gestão petista, como "Brasil Soberano" e Gás do Povo. Descrita no orçamento como comunicação institucional, esse tipo de verba agora ocupa 57% da rubrica para publicidade federal.

Os 43% restantes custeiam as chamadas ações de utilidade pública, que incluem desde campanhas de vacinação do Ministério da Saúde e a divulgação das regras do saque-aniversário do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
 
Os percentuais marcam uma mudança na distribuição do orçamento de comunicação, que chegou a destinar 70% dos recursos para campanhas de utilidade pública em 2015. No último ano de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência, em 2022, a outra fatia, que prioriza a propaganda do governo, alcançou 50,6% dos recursos, o pico na gestão passada.

A gestão Lula manteve uma divisão quase igual entre as duas ações. Durante o ano de 2025, porém, o governo ampliou o orçamento da Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência em mais de R$ 116 milhões e consolidou o avanço da verba de divulgação das bandeiras do governo.

O levantamento considerou valores reservados para as duas ações de comunicação social do governo, que somam R$ 1,54 bilhão. Desse valor, a publicidade de utilidade pública tem R$ 661,6 milhões distribuídos entre diversos ministérios, incluindo uma pequena parcela na Secom.

Já a ação orçamentária para a comunicação institucional, que banca somente as propagandas da secretaria da Presidência, alcança R$ 876,8 milhões.

Em nota, a Secom nega uso político da publicidade federal. A pasta diz que o único objetivo é "garantir o acesso da população beneficiada às informações relacionadas a esses serviços e entregas" por meio da comunicação institucional.

O novo cenário coincide com a chegada de Sidônio Palmeira ao comando da secretaria. A Secom passou a direcionar mais recursos para propaganda na internet, além de apostar na contratação de influenciadores digitais.

A pasta ainda planeja gastar mais R$ 100 milhões por ano com novo contrato de comunicação digital. Os documentos da licitação das agências, que está em fase final, mostram que o governo deseja produzir cerca de 3.000 vídeos por ano para as redes sociais, sendo que apenas os 576 vídeos "com apresentador" devem custar R$ 12,3 milhões no ano.

O novo contrato ainda deve incluir a criação de podcasts e videocasts, entre outros produtos. Na disputa, as agências tiveram de apresentar uma proposta de "estratégia criativa e eficaz de comunicação" para aumentar o engajamento e alcance das mensagens do governo nas redes em temas como Pé-de-Meia, Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida.

Uma publicação feita no fim de setembro nas redes "gov.br" ilustra o novo tom adotado pelo governo nas propagandas. No vídeo, o apresentador João Kléber transporta o seu "teste de fidelidade" —quadro que visava provocar e "flagrar" eventuais adúlteros— para a disputa entre os governos Lula e Donald Trump.

O plano de turbinar a comunicação ainda se espalha pela Esplanada. O Ministério da Fazenda busca um aporte de R$ 120 milhões para contratar serviços de assessoria de imprensa, além de publicidade e comunicação nas redes.

A pasta comandada por Haddad hoje não tem uma estrutura própria de publicidade. No pedido pela verba, a Fazenda afirma que deseja divulgar as suas ações, "entre as quais a reforma tributária, o Plano de Transformação Ecológica e as apostas de quota fixa".

A estratégia atual de comunicação contrasta com a orientação de Paulo Pimenta (PT), que deixou a Secom em janeiro. Ele defendia aumentar o investimento em rádios para alcançar a população mais pobre e distante das capitais.

Sidônio também nomeou Mariah Queiroz para a Secretaria de Estratégias e Redes. Ela trabalhava na comunicação do prefeito de Recife, João Campos (PSB), um dos políticos de maior projeção nas plataformas digitais.

Em nota, a Secom afirma que as ações de utilidade pública "devem ter caráter educativo" para mobilizar ou alertar a população a adotar comportamentos que melhorem sua qualidade de vida, "como campanhas de vacinação".

Já as ações de comunicação institucional têm um escopo mais amplo, segundo a pasta. "Elas contemplam, por exemplo, ações para divulgação de políticas públicas, de direitos dos cidadãos e dos serviços colocados à sua disposição; campanhas para estimular a participação da sociedade no debate da formulação de políticas públicas e disseminação de informações sobre assuntos de interesse público, entre outros."

A Secom disse ainda que as ações de comunicação institucional visam dar transparência para as entregas do Poder Executivo. "Portanto, têm um caráter claro de prestação de contas à sociedade, não havendo qualquer relação com período eleitoral."
Por Mateus Vargas/Folhapress

Ataque de pistoleiros em MS deixa um indígena morto e ao menos 4 feridos

Indígena Vicente Fernandes morreu após ataque de pistoleiros na madrugada deste domingo em Iguatemi (MS)
Um indígena morreu e ao menos outros quatro ficaram feridos após um ataque de pistoleiros na comunidade de Pyelito Kue, da etnia guarani kaiowá, em Iguatemi (MS), na madrugada deste domingo (16).

O território é alvo de conflitos fundiários e passou por um processo recente de retomada (reocupação) por parte dos guaranis kaiowá.

De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Vicente Fernandes Vilhalva Kaiowá e Guarani, 36, foi assassinado com um tiro na cabeça após o ataque na terra indígena (TI) Iguatemipeguá I.
Outros quatro indígenas, sendo dois adolescentes e uma mulher, foram atingidos por disparos nos braços e no abdômen, sendo que três dos feridos foram atingidos por balas de borracha.

Em nota, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) afirmou que atua na situação em conjunto com o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e que acionou os órgãos de segurança pública estaduais e federais.

A autarquia disse que é necessária uma investigação rigorosa e uma ação conjunta para combater os grupos de pistoleiros que atuam na região.

O MPI afirmou que instituiu no início do mês um grupo de trabalho com foco na elaboração de subsídios técnicos para a mediação de conflitos fundiários envolvendo os povos indígenas no sul de Mato Grosso do Sul.

"Todas as mortes são inaceitáveis e essa acontece ao mesmo tempo em que o mundo discute e já percebe a importância dos povos indígenas para a mitigação da crise climática debatida na COP30, infelizmente mostrando que não existe trégua na perseguição aos defensores do clima", afirmou a ministra Sonia Guajajara.

De acordo com a Funai, as retomadas dos indígenas guaranis kaiowás na região do ataque deste domingo se intensificaram nos últimos meses com o objetivo de "frear a pulverização de agrotóxicos, que vem causando adoecimento e gerando insegurança hídrica e alimentar", afirmou a entidade.

Os povos indígenas Guarani e Kaiowá Aty Guasu afirmaram que Vicente era uma liderança na comunidade e reforçou o pedido de apoio a órgãos governamentais para garantir a segurança das famílias em Iguatemi.

"Não aceitamos mais ser tratados como invasores em nossas próprias terras. A Constituição Federal garante nossos direitos, e o Estado brasileiro tem o dever de proteger nossos povos".

Procuradas, a Secretaria Estadual de Segurança Pública, a Polícia Civil e a Polícia Federal não responderam até a publicação da reportagem.

O relatório anual de violência do Cimi divulgado em julho deste ano apontou que o número de indígenas assassinados em todo o Brasil subiu pelo terceiro ano consecutivo em 2024, quando chegou a 211.

Mato Grosso do Sul foi o terceiro estado que registrou mais mortes (33), atrás de Roraima (57) e Amazonas (45).

Por Folhapress

Bolsonarismo sofre 2ª tentativa de debandada, e filhos de ex-presidente reagem

A primeira leva de dissidentes trombou com Bolsonaro no poder e com boa perspectiva de reeleição
A menos de 11 meses das eleições de 2026, o bolsonarismo vive uma tentativa velada de sucessão em que parte dos atores busca assumir o protagonismo na direita sem repetir o confronto direto que marcou a primeira geração de dissidentes —quase todos politicamente anulados após romperem e baterem de frente com Jair Bolsonaro.

Se de 2019 a 2022 figuras como Joice Hasselmann e Janaina Paschoal desabaram da casa dos milhões de votos para a insignificância eleitoral após colidirem abertamente com o clã Bolsonaro, agora o novo movimento toma o cuidado de manter a reverência ao ex-presidente ao mesmo tempo em que se vende publicamente com um figurino mais ao centro.

A união do centrão —grupo de centro-direita e de direta que controla o Congresso— e de boa parte do empresariado e do mundo financeiro em torno do nome de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), somada à articulação de colegas governadores de direita correndo por fora, compõem a face mais visível desse redesenho.

A primeira leva de dissidentes trombou com Bolsonaro no poder e com boa perspectiva de reeleição. A segunda tem a seu favor a vantagem de vê-lo condenado e preso.

O atual modelo que busca suceder a liderança do ex-presidente no campo da direita teve a semente plantada na eleição para a Prefeitura de São Paulo, em 2024, quando Pablo Marçal quase desbancou o nome oficial do bolsonarismo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Ali constatou-se que, a depender do perfil e do jeito em que a dissidência se dá, não há necessariamente a morte eleitoral ao se descumprir ordens de Bolsonaro.

Em meio a esse xadrez e com o ex-presidente preso, os seus filhos mais velhos, o senador Flávio, o deputado federal Eduardo e o vereador Carlos, todos do PL, tentam manter o bastão da direita nas mãos da família.

Além de tentar passar a imagem de que o bolsonarismo tem dono e hierarquia e não está aberto a sucessão, cobram publicamente não só apoio como ação em prol do pai.

Como mostrou a colunista da Folha Mônica Bergamo nesta sexta-feira (14), Flávio Bolsonaro avançou em seus movimentos para se lançar candidato à Presidência da República, cenário de pesadelo para o centrão e seu plano de unificar a direita em torno de Tarcísio.

Em entrevista na véspera à Jovem Pan, Eduardo voltou a manifestar que vê muita gente na direita tentando se passar pelo que não é.

"Ao se retirar o Jair Bolsonaro da equação, não encontra-se um outro líder que aglutine todo mundo", afirmou, frisando que vai estar no campo oposto ao de Lula em 2026, mas que o que não quer "é que as pessoas levem gato por lebre".

A cobrança tem endereço: Tarcísio em especial, mas também os demais governadores da direita (que foram acusados pelos filhos do ex-presidente de agirem como "ratos") e outras figuras como o ex-ministro Ricardo Salles (Novo) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL).

Na visão do entorno da família, por exemplo, Nikolas não usa seu prestígio para pressionar pela reversão da situação de Bolsonaro. O deputado foi o campeão de votos à Câmara dos Deputados em 2022 e tem grande presença nas redes sociais.

"Nikolas quer se livrar do Bolsonaro de vez. Ele está liderando uma dissidência, e vários políticos mais jovens estão com ele. O problema? O de sempre: 'Temos que nos descolar do Bozo sem perder o eleitor'.

Eles querem continuar sendo eleitos pelos bolsonaristas, mas não querem mais prestar contas ao Bolsonaro", diz postagem compartilhada por Eduardo Bolsonaro em suas redes sociais no início do mês.

As críticas dizem respeito à decisão do clã de despachar Carlos Bolsonaro para disputar o Senado por Santa Catarina, o que rachou o bolsonarismo no estado, tendo como porta-voz contrária à mudança a deputada estadual Ana Campagnolo (PL).

Nikolas, que já havia sido criticado antes pelo filho do ex-presidente, não respondeu. Em sua conta no Instagram, postou uma junção de vídeos ao lado de Jair Bolsonaro. A postagem tinha mais de 15 milhões de visualizações até esta sexta.

"Se ficar carimbado de traidor, os votos evaporam", diz Fabio Wajngarten, que foi secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, sem citar nomes específicos. "Nesses três anos e meio de perseguição ao presidente, fica evidente quem esteve ao lado dele e quem não esteve."

Tanto Nikolas como Tarcísio foram autorizados por Alexandre de Moraes a visitar Bolsonaro nas próximas semanas.

"Creio que eles vão ter um dilema, que vai persistir até o final. Se eles passam o bastão para alguém antes, para o Tarcísio, eles colocam o Bolsonaro no ostracismo total, isso dificulta a eleição de uma bancada de deputados de extrema-direita. Então acho que eles vão ficar com esses fantasmas", diz o líder da bancada do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ).

"Eu conversei com alguns deles, que dizem: 'O nosso medo é a gente ser engolido pelo centrão'. Você está vendo uma tentativa de desgarramento de parte desse grupo aí do Bolsonaro. E eu acho que turma do Bolsonaro vai dizer não."

Alguns focos atuais de dissidência ou instabilidade no bolsonarismo

Governadores de direita
Grupo é composto por nomes que tentam se viabilizar para a sucessão de Lula evitando trombar de frente com Bolsonaro e perder capital eleitoral na direita. Apesar disso, foram acusados por Carlos e Eduardo Bolsonaro de agirem como "ratos" buscando herdar na inércia o capital político do pai

É formado por Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Romeu Zema (Novo-MG).

Na última ida a Brasília, grupo teve companhia de Claudio Castro (PL-RJ), que viu popularidade melhorar após a megaoperação policial contra o Comando Vermelho, no Rio

Tarcísio de Freitas
Desse grupo, o governador de São Paulo é há meses o nome preferido do centrão e da elite financeira e empresarial para enfrentar Lula

Também enfrentou forte artilharia da família Bolsonaro sob a acusação de pretender virar as costas ao padrinho político ao mesmo tempo que tenta herdar seu espólio eleitoral. Eduardo chegou a dizer em mensagem ao pai: "Tarcísio nunca te ajudou em nada no STF. Sempre esteve de braço cruzado vendo você se foder e se aquecendo para 2026"

Carlos Bolsonaro em Santa Catarina
A decisão de Bolsonaro de despachar o vereador do Rio para disputar o Senado em Santa Catarina abriu um racha no bolsonarismo local

Sem confrontar diretamente o ex-presidente, figuras como a deputada estadual Ana Campagnolo (PL) resistem frontalmente à ideia e são atacadas pelos três filhos de Bolsonaro, para quem o bolsonarismo tem comando e quem não concordar deve romper abertamente

Nikolas Ferreira
Deputado federal de Minas, o mais votado do país em 2022 e fenômeno nas redes sociais, frequentemente é acusado por bolsonaristas de não usar todo seu prestígio e alcance para defender o ex-presidente

Em recente post compartilhado por Eduardo Bolsonaro, por exemplo, ele é acusado de querer se livrar de Bolsonaro
10 nomes da primeira debandada, antes e depois

Joice Hasselmann (líder do governo no Congresso)
ANTES: Eleita deputada na onda de 2018, foi alçada a líder do governo no Congresso em 2019
DEPOIS: Virou uma das principais críticas do governo, chegou a assinar o chamado superpedido de impeachment contra Bolsonaro em 2021. Atacada como traidora pelo bolsonarismo nas redes, a ex-aliada viu minguar seus votos de 1 milhão em 2018 para apenas 13.679 em 2022. Em 2024 teve menos de 2.000 votos e não conseguiu se eleger vereadora em São Paulo

Alexandre Frota (deputado federal)
ANTES: Ator eleito com votação expressiva em 2018 na onda bolsonarista
DEPOIS: Rompeu em 2019, migrou para o PSDB, passou a se desculpar publicamente por ter ajudado a eleger Bolsonaro e apoiou Lula em 2022. Não conseguiu se eleger deputado estadual em 2022 e, dois anos depois, acabou eleito vereador em Cotia. Teve o mandato cassado em 2025

Janaína Paschoal (deputada estadual em SP)
ANTES: Coautora do impeachment de Dilma, foi eleita deputada estadual mais votada da história em 2018, na onda bolsonarista
DEPOIS: Assumiu depois postura independente e às vezes crítica. Em 2022 disputou o Senado e não conseguiu se eleger, ficando apenas em 4º com 2% dos votos válidos. Em 2024 foi eleita vereadora em São Paulo

João Doria (governador de SP)
ANTES: Em 2018 colou sua candidatura ao slogan "BolsoDoria", pedindo voto casado com Bolsonaro em SP
DEPOIS: Rompeu com o bolsonarismo após ser uma dos principais nomes contrários à política federal negacionista durante a pandemia. Fracassou na tentativa de se candidatar à Presidência pelo PSDB em 2022 e hoje está fora da política partidária

Wilson Witzel (governador do RJ)
ANTES: Eleito em 2018 na onda bolsonarista, com apoio do grupo de Flávio Bolsonaro
DEPOIS: Rompeu depois de se colocar como potencial presidenciável e de ser visto como insuflador de suspeitas de ligação dos Bolsonaros com o caso Marielle Franco. Foi afastado do cargo em 2021, mesmo ano em que sofreu impeachment

Gustavo Bebianno (ministro da Secretaria-Geral)
ANTES: Um dos principais articuladores da campanha de 2018 e homem forte do PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu
DEPOIS: Demitido logo no início do governo em meio ao escândalo das candidaturas laranjas do PSL e por trombar publicamente com Carlos Bolsonaro. Morreu em março de 2020

Carlos Alberto Santos Cruz (ministro da Secretaria de Governo)
ANTES: General da reserva, ocupava um dos principais cargos da "cozinha" do Palácio do Planalto
DEPOIS: Também demitido em 2019 após conflitos com a família Bolsonaro. Virou crítico do governo e chegou a ter o nome cotado para disputar a Presidência e outros cargos em 2022, mas isso nunca se concretizou

Luiz Henrique Mandetta (ministro da Saúde)
ANTES: Deputado do DEM (hoje União Brasil) e ministro da Saúde desde o início do governo Bolsonaro
DEPOIS: Foi demitido em abril de 2020 após discordâncias com a postura negacionista do bolsonarismo na pandemia e também virou presidenciável, mas acabou concorrendo ao Senado, sendo derrotado com folga pela bolsonarista Tereza Cristina (PP-MS)

Sergio Moro (ministro da Justiça e Segurança Pública)
ANTES: Chegou ao governo Bolsonaro como "superministro", símbolo do combate à corrupção
DEPOIS: Rompeu em abril de 2020 e saiu acusando o presidente de interferência política na PF. Tentou se viabilizar para a Presidência em 2022, mas fracassou e voltou a se alinhar ao bolsonarismo no segundo semestre de 2022, quando se elegeu senador pelo Paraná

Abraham Weintraub (ministro da Educação)
ANTES: Foi um dos mais visíveis símbolos da ideologia bolsonarista no primeiro escalão do governo
DEPOIS: Saiu em 2020 e, mais tarde, rompeu com o núcleo bolsonarista tradicional. Em 2022 não conseguiu se eleger deputado federal, tendo apenas 4.000 votos. Em 2024 anunciou a pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo, mas a empreitada não foi adiante

Por Ranier Bragon/Folhapress

Ricardo Ishmael lança livro e participa de bate-papo na 1ª Flipiaú

                 Jornalista e escritor debateu educação e lançou o livro ‘Quinca no mundo da lua’

O jornalista e escritor Ricardo Ishmael participou nesta sexta-feira (14) do painel “Reimaginando infâncias possíveis: a literatura no tratamento de temas sensíveis”, no último dia da 1ª Festa Literária de Ipiaú - Flipiaú. Recebido calorosamente pelo público que lotava o espaço O tempo é chegado, o apresentador do Jornal da Manhã (TV Bahia) ressaltou a importância da interiorização dos eventos literários, que tem percebido desde 2023.

“Isso faz com que o recurso chegue aos territórios, aos autores, às autoras e aos realizadores locais. Faz com que brotem dessas experiências futuros autores e futuras autoras. Com oficinas, encontros, olho no olho e conversas, certamente pessoas sairão desses eventos impactadas e talvez até motivadas a escrever suas histórias. Essa é a importância de eventos como este”, comentou Ricardo.

O escritor também lançou o livro infantil “Quinca no Mundo da Lua”, que conta a história de uma criança neurodivergente com hiperfoco na lua. Os pais não conseguem lidar com suas particularidades e a trama avança quando o garoto reage de forma inesperada e mágica às tensões do cotidiano. O final reforça a importância de acreditar nos sonhos. O jornalista já publicou sete livros, seis deles infantis lançados pela Mojubá Editora, criada por ele em 2020.

Durante o encontro, Ricardo falou sobre a obra do homenageado da Flipiaú: Euclides Neto. “É muito impactante tudo isso, a obra de Euclides Neto e a importância dele. Estar nesse lugar que é tão simbólico, nessa casa, é interessante porque parece que ele está presente em tudo, em cada detalhe. Essa foi a sensação que tive desde que entrei aqui. Isso mostra que a obra permanece viva.”

Presente no evento, a estudante de Letras Eliene Fagundes comentou sua relação com a leitura. “Sempre gostei muito de leitura e, com a perda da visão, encontrei na literatura um refúgio ainda maior. Estou descobrindo outras formas agora, principalmente por meio do braille, que aprendi na Casa de Acolhimento. Voltei a escrever e a ler em braille. Estou retomando esse gosto, porque sinto prazer mesmo na leitura. A literatura faz a gente viajar e conhecer outros mundos sem sair do lugar. Este momento hoje foi muito importante e despertou meu interesse.”

A 1ª Flipiaú é uma realização da Voo Audiovisual e foi contemplada no Edital de Apoio às Festas, Feiras e Festivais Literários (n.º 01/2024), por meio do Programa Bahia Literária, com apoio do Governo do Estado da Bahia, pelas secretarias de Educação e de Cultura, via Fundação Pedro Calmon.

O edital integra a política estadual e federal de fomento cultural, conforme o Decreto Federal n.º 11.453/2023, a Política Estadual de Cultura (Lei n.º 12.365/2011), o Plano Estadual de Cultura (Lei n.º 13.193/2014), o Plano Estadual de Educação da Bahia (Lei n.º 13.559/2016) e a Lei Federal n.º 14.133/2021. O projeto conta ainda com apoio cultural do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), por meio da Rádio Educadora FM e da TVE Bahia.

Governo Lula gastou R$ 345 mil para buscar de FAB ex-primeira-dama do Peru

O governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, desembolsou R$ 345 mil na operação de transporte da ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia ao Brasil para fins de asilo diplomático. Heredia foi condenada a 15 anos de prisão pela Justiça peruana em uma ação de corrupção, originada da Operação Lava Jato.A ex-primeira-dama desembarcou em Brasília em abril deste ano após uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) buscá-la em Lima.

O translado envolveu R$ 318 mil em custos logísticos, como combustível, manutenção e horas de voo, outros R$ 19 mil em taxas aeroportuárias de handling e R$ 7,5 mil em diárias para a tripulação.

A aeronave utilizada foi um jato E-135 Shuttle (VC-99C), que partiu de Brasília rumo a Lima com paradas técnicas em Curitiba.

Os custos e detalhes do deslocamento foram obtidos pelo deputado Marcelo Van Hattem (Novo-RS) por meio de um requerimento de informação ao Ministério da Defesa.

A FAB informou ao parlamentar que a solicitação de envio do avião para Lima partiu do presidente Lula, por meio de um ofício expedido no dia 15 de abril deste ano via Ministério das Relações Exteriores. Ainda de acordo com a Força Aérea, não foi realizada estimativa prévia dos custos da missão.

Heredia é mulher do ex-presidente do Peru Olanto Humala, também condenado a 15 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Diferentemente da esposa, Humala foi preso após comparecer a uma audiência.

Ao tomar conhecimento da prisão do marido, a ex-primeira-dama faltou à audiência no tribunal e se dirigiu à embaixada brasileira com o filho Samir Mallko Ollanta Humala Heredia.

Nadine Heredia deu entrada na Embaixada do Brasil em Lima, com pedido de asilo diplomático, logo após o anúncio da sentença.

Em coordenação com o governo peruano, o governo Lula concedeu o asilo, e ela obteve um salvo-conduto para deixar o país

Segundo o Ministério Público, Humala e Nadine Heredia teriam recebido recursos de forma ilícita em operações da construtora Odebrecht (atualmente Novonor), que atuava no país vizinho em grandes obras públicas.

Além disso, também teriam sido destinatário de dinheiro enviado para campanhas eleitorais, pela ditadura chavista na Venezuela.
Por Weslley Galzo, Estadão Conteúdo

Polícia de Portugal prende traficante brasileiro suspeito de ligação com PCC

Traficante suspeito de ligação com o PCC montou esquema de venda de combustível adulterado com metanol, segundo autoridades
A Polícia Judiciária de Portugal prendeu neste sábado (15) Ygor Daniel Zago, conhecido como "Hulk", apontado como traficante internacional de drogas ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Ele estava na lista de difusão vermelha da Interpol após o Tribunal de Justiça de São Paulo decretar sua prisão preventiva pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa. A prisão foi requerida para fins de extradição.

Hulk foi detido junto com sua mulher, Fernanda Ferrari Zago, que, segundo autoridades portuguesas, participou dos atos ilícitos para lavagem de dinheiro. A reportagem não conseguiu acesso à defesa dos dois.

Segundo a Polícia Judiciária de Portugal, ele integra uma organização criminosa envolvida no comércio ilegal de combustível adulterado com metanol.

O traficante já havia sido condenado, no Brasil, a 29 anos de prisão pelo envolvimento num esquema de tráfico internacional. Ele chegou a ser capturado em 2021, na Riviera de São Lourenço, litoral norte de São Paulo, mas conseguiu autorização para aguardar o recurso em liberdade.

As investigações sobre o novo negócio ilícito começaram a partir de uma apreensão de 30 mil litros de metanol em 2023, o que levou as autoridades a rastrearem a origem do produto.

Segundo a polícia portuguesa, a organização criminosa operava de forma estruturada, "com clara divisão de funções", tendo Hulk como líder. Ele seria o responsável por tomar decisões relativas a todas as atividades da organização, emitir ordens aos subordinados e gerir os recursos financeiros do grupo criminoso

Ainda de acordo com as autoridades de Portugal, na conta bancária da mulher, foram detectados recursos ilícitos oriundos das atividades da organização criminosa. Também foram apreendidos veículos de luxo utilizados por outros membros do grupo.

Por Idiana Tomazelli, Folhapress

Polícia encontra arsenal de guerra na Zona Sul de SP

Uma operação do Deic localizou armas escondidas em um imóvel usado por um grupo especializado em roubos a residências. Entre as apreensões, está um fuzil .50. Duas pessoas foram presas.
 

Uma operação do Deic apreendeu um arsenal de guerra, incluindo um fuzil .50, munição e duas SUVs blindadas, em um imóvel apontado como base de uma quadrilha de roubos a residências no Campo Limpo, Zona Sul de São Paulo. Duas pessoas foram presas.

Os policiais localizaram os armamentos em uma cama-baú e descobriram que os veículos eram furtados e estavam com placas trocadas. A dupla presa, segundo a investigação, participava do planejamento de uma grande ação nos próximos dias.

Entre os materiais apreendidos estão: um fuzil .50, usado para abater aeronaves, carros de combate, e dois fuzis 5.56. Além dos fuzis, a equipe recolheu 80 projéteis calibre 5.56 e 20 projéteis calibre .50.

Os policiais fizeram a operação na última quarta-feira (12) no Campo Limpo, na Zona Sul de São Paulo. A ofensiva foi conduzida por policiais da 4ª Delegacia da Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio (Disccpat), Investigações sobre Roubo a Condomínio, do Deic.

As investigações levaram os policiais até um imóvel na Rua Jornalista José Leite Filho, que passou a ser monitorado pela equipe. No local, os agentes encontraram uma mulher e dois SUVs Mitsubishi Outlander blindados na garagem, ambos com registro de furto e placas adulteradas.
Durante as buscas, os policiais flagraram um Volkswagen Jetta passando em frente ao imóvel. O carro constava nos levantamentos como pertencente a um dos integrantes do bando.

Após breve acompanhamento, o motorista foi abordado. Ele apresentou documentos falsos, mas acabou identificado. Também carregava na carteira um documento falso com a foto da mulher detida minutos antes.

As investigações apontam que ele era responsável por fornecer documentos falsos aos integrantes da quadrilha e para os veículos usados nas ações.

A checagem dos antecedentes criminais revelou que a mulher que estava na casa tinha passagem por homicídio e era condenada por roubo a residência. Já o homem tinha registro por tentativa de homicídio.
Os dois foram autuados por associação criminosa, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, receptação, adulteração de sinal identificador de veículo automotivo, uso de documento falso e falsificação de documento público.
Por Patrícia Marques, TV Globo e g1 SP

PRF resgata mais de 900 animais silvestres em Garanhuns

Aves e jabutis haviam sido adquiridos em Alagoas para serem revendidos em Pernambuco
Um homem, de 28 anos, que transportava 885 pássaros silvestres e 18 jabutis foi flagrado, na madrugada deste sábado (15), pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR 423, em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco. Os animais eram transportados em gaiolas e caixas apertadas, no porta-malas e nos bancos de um carro popular. Devido às condições em que eram transportadas, algumas aves morreram com a viagem.

Policiais do Grupo de Patrulhamento Tático da PRF realizavam uma fiscalização na rodovia, quando abordaram um carro ocupado apenas pelo motorista. Ao verificar o interior do veículo, foram encontrados pássaros de diversas espécies, sendo 400 galos de campina, 290 papa-capins, 58 tico-ticos, 49 azulões, dentre outras. Os jabutis eram transportados amontoados em caixas de papelão.
O motorista disse que havia adquirido os animais na cidade de Ouro Branco, em Alagoas, para revender em Caruaru/PE, a mais de 200 Km de distância uma da outra. Ele já havia sido detido outras vezes pela PRF cometendo o mesmo crime.

O homem foi autuado pelos crimes ambientais e poderá responder criminalmente pela prática. Os animais foram encaminhados ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e à Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH), onde serão cuidados para retornar ao habitat natural.
Categoria
Justiça e Segurança

Caminhão e trator furtados, em São José dos Campos (SP), são recuperados pela PRF na BR-381 em Estiva (MG)

Na manhã deste sábado (15/11), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) recuperou no km 874 da BR-381, no município de Estiva (MG), um caminhão VW/24.250 Cnc 6X2 e um trator esteira modelo D30, marca Komatsu, furtados, em São José dos Campos (SP).

A recuperação dos veículos, ocorreu, após a Unidade Operacional da PRF em Pouso Alegre (MG) receber um acionamento, da Central de Comando e Controle da PRF-MG, para tentar localizar e abordar uma caminhão que transitava com um trator em sua carroceria prancha.

Ao realizarem diligências pela rodovia, os policiais avistaram os veículos adentrando em um posto de abastecimento, onde realizaram a abordagem.

No decorrer da fiscalização o condutor do caminhão confessou ter furtado os veículos no pátio de uma empresa, na cidade de São José dos Campos (SP), na noite de 11 de novembro de 2025. Também confessou ter removido o rastreador e adquirido a placas falsas para o caminhão pela internet.

Em consulta aos sistemas de Segurança Pública, foi constatada a existência das ocorrências de furto/roubo, registrada pela Polícia Civil do Estado de São Paulo, para ambos os veículos.

A ocorrência e os dois homens (21 e 32 anos), que ocupavam o caminhão, no momento da abordagem, foram detidos e encaminhados para a Depol de Pouso Alegre (MG)

Votação do PL Antifacção expõe estratégia do PT e governo para barrar propostas no Congresso

A tramitação do PL Antifacção na Câmara dos Deputados expôs mais uma vez a estratégia da esquerda, do PT e do governo Lula (PT) de incentivar uma campanha em discursos e redes sociais para enfrentar o Congresso e repetir a mobilização que barrou a PEC (proposta de emenda à Constituição) da Blindagem.

Com minoria no plenário em relação ao centrão e à oposição bolsonarista, a esquerda passou a apostar na pressão social para tentar influenciar o debate público e as votações no Legislativo.

Na opinião de opositores, os embates têm a eleição de 2026 como pano de fundo. Eles alertam que fomentar o discurso contra o Congresso pode ter ganhos para o governo a curto prazo, mas traz o risco de, ao mesmo tempo, inviabilizar a relação entre Executivo e Legislativo.

Com ou sem sucesso, a tática foi adotada neste ano na PEC da Blindagem, no tarifaço de Donald Trump, na anistia aos condenados do 8 de Janeiro, na isenção do Imposto de Renda, na MP (medida provisória) do aumento de impostos e agora no PL Antifacção, em uma virada do governo após derrotas no decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e no licenciamento ambiental.

Em todos os casos, o Congresso, por vezes chamado de "inimigo do povo", foi alvo das críticas. As campanhas se baseiam em um alinhamento dos discursos das autoridades do governo e de aliados e uma ação coordenada nas redes, com foco em vídeos.

Deputados de diferentes campos viram efeito no argumento do PT e do governo de que o relator Guilherme Derrite (PP-SP) pretendia limitar a ação da Polícia Federal e, assim, proteger parlamentares investigados. O PL Antifacção passou a ser chamado de nova PEC da Blindagem.

Como resultado, o secretário de Segurança Pública do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) acabou recuando sobre a PF e desistindo de medidas caras para a direita, como equiparar facções a terroristas. Além disso, a votação foi adiada, e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), teve que sair em defesa da PF pessoalmente.

Como a Folha mostrou, grupos ligados ao PT em aplicativos de mensagens intensificaram a ofensiva contra o relatório afirmando que ele fortalece o crime organizado e mirando o centrão.

Na sexta-feira (14), Motta minimizou os efeitos da repercussão. "O debate sobre o Marco Legal de Combate ao Crime Organizado tomou conta do Brasil. Está nas rodas de conversa, nas redes e na imprensa e isso é ótimo. É o sinal de uma democracia viva! Os partidos podem brigar por narrativas, a direita ou a esquerda podem dizer que venceram a disputa das redes. Essa disputa não me move", escreveu no X.

Parte dos deputados, por outro lado, diz que a campanha atual não furou a bolha da esquerda e não se compara à PEC da Blindagem, que ensejou até protestos de rua. No tema da segurança, dizem, a opinião pública respalda a linha-dura da direita.

Um deputado do PT afirma que o governo acertou a fórmula ao encampar a retórica da luta entre ricos contra pobres e da "taxação BBB" (bilionários, bets e bancos), que tem respaldo na sociedade. A tendência é usá-la em qualquer matéria impopular apoiada pela direita e pelo centrão.

Segundo deputados da base, assim como os motes de soberania e justiça tributária serviram para que governo saísse das cordas, o embate com Derrite ajudou a recompor a gestão petista em um terreno de fragilidade, a segurança pública.

Até então, o Planalto acumulava uma série de reveses no contexto da operação policial que deixou 121 mortos no Rio, com declarações polêmicas de Lula, a união de governadores da direita e, finalmente, a escolha por Motta de Derrite como relator do projeto do Executivo.

Oposicionistas reconhecem que o vaivém de Derrite no texto e a questão da PF ajudaram a frear críticas antes direcionadas ao governo.

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, por exemplo, divulgou vídeos explicando o texto de Derrite ponto a ponto. O Palácio do Planalto também escalou ministros para falarem com a imprensa, reforçando o discurso de que Derrite propôs fragilizar a PF.

Integrantes do governo apontam que o alinhamento político prévio de vários ministérios na construção do PL Antifacção permitiu que a mensagem também fosse unificada.

A brecha para a ofensiva da esquerda, afirmam aliados e detratores de Derrite, foi aberta pelo erro político do relator, descrito como açodado e inexperiente.

Um deputado do centrão diz que Derrite, ao contrário do governo, não se preparou do ponto de vista da comunicação, e prevaleceu a percepção de que ele queria tutelar a PF, instituição com credibilidade na população. Outro parlamentar do mesmo campo afirma que o adiamento da votação passa a imagem de um Congresso atrapalhado ou covarde.

Um cardeal do grupo aponta ainda que a imagem de Motta também saiu desgastada —junto à opinião pública e também internamente, ao demonstrar fragilidade.

Do outro lado, houve reação por parte do presidente da Câmara, que escalou líderes aliados para defenderem a escolha de Derrite e sua competência. Motta e representantes de sete partidos chegaram a participar ao lado do relator de uma entrevista à imprensa.

A defesa da PF por parte de Motta e o recuo de Derrite, segundo aliados do presidente da Casa, serviu para frear o efeito pretendido pelo PT na opinião pública.

Um interlocutor de Motta afirma que o movimento de ataque ao Congresso vai cobrar um preço. Ele diz enxergar uma postura do Executivo de que a eleição de 2026 já está ganha e, por isso, houve descuido na relação com o Parlamento. O deputado diz que, no fim do dia, o governo precisará mais da Câmara do que a Câmara do governo.

Por Carolina Linhares e Victoria Azevedo, Folhaapress

Desemprego na mínima histórica não reduz informalidade nem aumenta produtividade

Com o nível de desemprego no menor patamar da série histórica, em 5,6% no trimestre encerrado em setembro, o Brasil não tem sido capaz de reduzir a taxa de informalidade, que se mantém perto de 40% da força de trabalho ocupada há uma década.

A produtividade média dos trabalhadores também está estagnada. Em um contexto de economia aquecida e descrito por alguns setores como de "apagão de mão de obra", sem aumento da produção por hora trabalhada, empresários têm de pagar mais para atrair pessoal, repassando o custo aos preços, o que é inflacionário.

Com melhor estrutura em empresas regularizadas, um trabalhador formal é quatro vezes mais produtivo do que um informal, segundo o FGV/IBRE (Instituto Brasileiro de Economia). Apesar de o Brasil ter criado 4,6 milhões de vagas com carteira desde 2023, como ainda há um número expressivo de informais no mercado (40,8 milhões, segundo a PnadC do IBGE), eles tendem a puxar a produtividade para baixo.

O quadro de informalidade poderia ser pior não fosse a explosão no total de MEIs (microempreendedores individuais) e de PJs (pessoas jurídicas) nos anos recentes. Minimamente formalizados, os chamados conta própria com CNPJ saltaram de 3,3% para quase 7% da força de trabalho em pouco mais de dez anos.

Muitos dos novos trabalhadores que entraram no mercado adotaram esse modelo de contratação (MEI e PJ) para terem mais flexibilidade. Há ainda os que optaram por passar da CLT para esses regimes com o mesmo objetivo, o que acabou mantendo a taxa de formalização estável.

Pesquisa Datafolha em junho apontou que 59% dos brasileiros prefeririam trabalhar por conta própria, ante 39% que se sentiriam melhor contratados contratados e 31% que consideram mais importante ganhar mais do que estar registrado.

Em termos salariais, os conta própria com CNPJ têm rendimento médio superior (R$ 4.947) aos formais com carteira no setor privado (exceto domésticos), que recebem R$ 3.200.

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, outros podem ter sido obrigados por empresas a adotar os modelos para reduzir encargos da carteira assinada, que chegam a 70% sobre o salário. Levantamento da pasta sustenta que, entre 2022 e julho deste ano, 5,5 milhões de CPFs de trabalhadores migraram diretamente da carteira assinada para regimes de conta própria com CNPJ.

"O fato é que contratar empregados CLT no Brasil ainda custa muito caro porque o governo precisa arrecadar para financiar seus gastos. Isso faz com que empresas e trabalhadores adotem o 'meio do caminho’, via MEIs e PJs, numa espécie de semi-informalidade", afirma Sérgio Vale, da MB Associados.

Na consultoria em que atua como economista-chefe, Vale diz que clientes de setores como agronegócio e varejo relatam dificuldades crescentes para encontrar mão de obra. Na construção civil, a maioria dos canteiros opera com pessoal 10% aquém do necessário, diz Yorki Estefan, presidente do SindusCon-SP, que reúne construtoras no estado.

"Há um fluxo migratório menor do Nordeste, que historicamente trazia mão de obra, e muitos trabalhadores, sobretudo os mais jovens, evitam a CLT em troca de flexibilidade", diz Estefan.

Segundo ele, contratar bolivianos, nigerianos e mais mulheres (para funções menos pesadas) tem sido uma das saídas, além de aumentar os salários acima da inflação.

Mesmo assim, algumas das profissões que mais geraram vagas na última década tiveram rendimentos relativos diminuídos na comparação entre 2012 e 2024, segundo trabalho do economista Nelson Marconi, da FGV-Eaesp. O fato indica certa precarização no mercado de trabalho.

O estudo considera o rendimento médio das profissões e dos setores analisados igual a 1. Assim, é possível observar quais áreas pagam acima ou abaixo da média, e como as remunerações variaram de 2012 a 2024, segundo dados do IBGE.

Já a produtividade por hora trabalhada no Brasil não cresce, o que dificulta às empresas produzir mais sem pressões de custos causadas pelo aumento das contratações e dos salários.

Segundo Silvia Matos, do Observatório da Produtividade Regis Bonelli, a entrega por hora trabalhada cresceu só 0,3% ao ano nos últimos cinco anos. Mas a renda per capita aumentou 1,7% ao ano, sustentada pelo crescimento da taxa de ocupação (+1,1% ao ano). Ou seja, houve alta expressiva no número de pessoas empregadas em relação ao aumento da população economicamente ativa.

Para Matos, essa combinação de dados revela que o crescimento da taxa de ocupação (que trouxe o desemprego a 5,6%) representa um fator "cíclico" para o aumento da renda per capita, não "estrutural".

"Em resumo, para manter um ritmo de alta da renda per capita a taxas mais elevadas e sem gerar desequilíbrios é crucial que haja aumento da produtividade. Sem isso, não teremos garantia de que o crescimento será sustentável", diz Matos.

Uma das principais causas da baixa produtividade é o fato de o Brasil ser um país fechado para o mundo, com participação irrisória de 1% no comércio internacional e pouco exposto à competição externa, que obrigaria empresas a serem mais eficientes.

Para José Pastore, da FEA-USP e especialista em trabalho, a atual robustez do mercado tem sido mantida pelo aumento de gastos do governo, que considera insustentável.

"Há um 'apagão de mão de obra', com custos crescentes para as empresas. O aquecimento é provocado por uma política populista de elevação da despesa pública. É bem provável que isso se sustente até as eleições de 2026, mas é uma conjuntura artificial que vai capotar mais à frente", diz.
Por Fernando Canzian, Folhaapress

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