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Mulher é filmada cometendo ato racista contra agente da Prefeitura do Rio: 'Chamei de macaca'
O caso aconteceu em Copacabana. Vídeo gravado no local mostra uma mulher afirmando ter ofendido uma agente da Prefeitura do Rio, que deu voz de prisão na sequência. Ela foi conduzida para a delegacia.
Uma agente da Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio de Janeiro foi vítima de um ato racista na tarde da última sexta-feira (7), em Copacabana, na Zona Sul do Rio.
Uma mulher foi gravada afirmando ter chamado a agente de "macaca". No vídeo, a trabalhadora se aproxima da mulher que está sentada na calçada e pergunta o que ela teria dito. Assim que a mulher confirma a ofensa, a funcionária da prefeitura dá voz de prisão. O diálogo foi registrado:
- "Você falou o que pra mim?", perguntou a agente.
- "Chamei de macaca", confirmou a mulher.
- "Então vem. Está presa", ordenou a funcionária.
No momento da ofensa, a agente da prefeitura participava de uma operação para desobstruir a Avenida Nossa Senhora de Copacabana.
A mulher foi detida por injuria racial e encaminhada para a delegacia do bairro.
Por Globonews
Deputado Kim Kataguiri propõe punir com prisão a presença de profissionais do sexo nas ruas
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O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) |
O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) apresentou um projeto de lei na Câmara dos Deputados, nesta sexta-feira (7), para proibir a presença de profissionais do sexo em vias públicas. Ele quer incluir a prostituição na Lei das Contravenções Penais, de 3 de outubro de 1941.
O projeto prevê pena de prisão de 15 dias a três meses ou de 50 a 100 dias-multa para quem for flagrado se prostituindo em ruas e avenidas do Brasil.
Na proposta, ele admite que a prostituição é uma profissão reconhecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, mas argumenta que é comum que bairros sejam tomadas pela atividade, que acontece “muitas vezes em frente a residências familiares”.
O projeto afirma que a prostituição em vias públicas interfere diretamente no direito de locomoção das outras pessoas e, na prática, representa uma verdadeira privatização do espaço público.
Além disso, afirma que os lugares onde há prostituição tornam-se pontos de tráfico e uso de drogas, perturbação do sossego e de descarte de lixo. Para o deputado, a presença de indivíduos e veículos estranhos àquela localidade também compromete a segurança de moradores.
O projeto ainda precisa passar por comissões e ser aprovado para seguir em tramitação na Casa. Não há prazo para esse processo.
Francisco Lima Neto/Folhapress
STF não tem menor condição de reorganizar sistema político, diz cientista político ao lançar livro
A Nova República foi fundada na construção de consensos entre elites políticas. Esse traço pode ser visto como negativo ou positivo. Por um lado, tais negociações impediram soluções definitivas para desigualdades que marcam a sociedade brasileira; por outro, também evitaram que os conflitos descambassem em violência, produzindo estabilidade.
Esse é um dos eixos de “Democracia Negociada – Política Partidária no Brasil da Nova República”, do historiador Leonardo Weller e do cientista político Fernando Limongi, ambos professores da FGV-SP.
No livro, os dois retornam à lenta transição iniciada no governo de Ernesto Geisel para mostrar como a ditadura se empenhou para que a direita continuasse a ter seu quinhão de poder na democracia —e, de fato, vários aliados do regime conseguiram se perpetuar. Os autores passam pelos embates na Constituinte e avançam por diversos governos, até chegar ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016.
O resultado é uma síntese informativa sobre a história recente do país. A dupla defende que a democracia brasileira viveu seu auge entre o governo Itamar Franco e a gestão da petista —quando, à direita ou à esquerda, havia um consenso em defesa de avanços sociais.
Agora, bem, agora é tudo mais complicado, diz Limongi ao jornal Folha de S.Paulo. Ele defende que não adianta espernear contra o conservadorismo da sociedade brasileira, diz que os intelectuais do país deveriam respeitar o Congresso como voz da sociedade e sustenta que o Supremo Tribunal Federal não tem capacidade para tutelar o sistema político.
Uma grande preocupação da ditadura é que, após a transição, a direita pudesse continuar no poder. E várias lideranças desse campo, de fato, conseguiram continuar na política. O sistema que nasce na Nova República tende ao conservadorismo ou esse traço é uma vocação do eleitor brasileiro?
Difícil dizer. Mas não há um viés institucional que provoque maior ou menor conservadorismo. Não há nenhum preceito, é o funcionamento da democracia. A democracia é intrinsecamente conservadora, o jogo democrático tende para o centro.
Você precisa negociar, você não consegue impor a sua vontade. Aqui, a pressão por reformas e mudança bate no Executivo —e a pressão por conservação também.
Há coisas que a maioria da população não quer. Ela pode ser mais conservadora em questões morais, culturais, e isso é uma coisa com a qual você tem que viver. Se você é um pouco mais moderninho, mas a maioria é conservadora, viva com isso. Você não pode impor sua visão, mas isso não quer dizer que a culpa seja das instituições.
Não podemos chegar a um acordo, por exemplo, sobre permitir ou não o aborto. Não há um meio termo. Ou pode ou não pode. Nosso sistema é majoritário e permite, pelo Congresso, que a sociedade seja ouvida. Há uma tendência nas análises no Brasil de desrespeitar o Legislativo como uma expressão da sociedade.
Em que sentido?
Para fazer uma referência, por exemplo, ao presidente do STF, Luís Roberto Barroso, que falou que cabe ao Supremo empurrar uma agenda modernizadora… Quando a corte tentou avançar na questão do aborto, criou-se um problema. Tanto FHC quanto Lula queriam ter ido mais à frente nesse ponto, mas sentiram que a sociedade não queria porque o Congresso expressou isso, e precisaram moderar posições.
Aí vem o Supremo e dá a reação que deu. Parte dessa reação é: “Vocês não estão me ouvindo? Estamos dizendo que não é para fazer isso!”. A sensibilidade dos políticos e a negociação deles precisa ser valorizada. Os intelectuais brasileiros menosprezam o Congresso o tempo inteiro.
A visão negativa do Legislativo e a identificação dele com o centrão, acho que isso é uma reação ideológica e desrespeitosa com as instituições representativas. É como se o Congresso não fosse legítimo. Respeite o resultado da eleição. Se não gostou, trabalhe para inverter. O Brasil é isso aí, um país mais conservador em valores.
Um dos seus pontos centrais é como a Nova República não foi capaz de romper com a herança da ditadura. As investigações sobre os atos golpistas —e, agora, a denúncia contra os envolvidos— sinaliza um rompimento dessa cultura de conciliação?
Um ponto ausente do livro é uma análise de como a Constituinte reforçou demais o poder tanto do Executivo quanto do Judiciário, representado no Supremo. Esse fortalecimento vem de uma desconfiança do Legislativo porque você acha que o Congresso vai ser necessariamente conservador. Essa ideia é vista como fato, vem desde os anos 1970, ou até antes.
No começo do sistema, como esses juízes do Supremo ainda vêm do regime militar, eles têm outra cabeça e não intervêm tanto. A partir da crise do mensalão e da derrubada da cláusula de barreira pelo Supremo, é o sinal de que o STF resolveu que vai tutelar o sistema político —e que a desconfiança não deve ser só quanto ao Legislativo, mas também quanto ao Executivo. Partindo de uma interpretação equivocada do que seria o tal presidencialismo de coalizão.
O Supremo não tem a menor condição de reorganizar o sistema político porque não sabe como o sistema funciona, tem ideias mirabolantes. Aí você tem uma expansão da ação do Supremo —e a ação contra o Bolsonaro é parte desse processo.
Não começa com o ex-presidente. Houve o momento em que o Supremo impediu Lula de ser candidato, sob a mesma racionalidade, de que o petista seria um perigo para a democracia. A Lava Jato é parte desse processo. Posso ser contra o Lula ou contra o Bolsonaro… Mas há uma intervenção deliberada, sequencial, do Judiciário para controlar o sistema político. E eu preferia que isso não acontecesse porque esses caras não são eleitos.
Vê um recuo do Judiciário como algo possível?
Não. Depois que saiu da garrafa, o gênio não volta. Precisaria de uma consciência de que esse poder é excessivo e milita contra a própria instituição, para que a própria instituição se contivesse. Mas pensar nisso é acreditar em fadas, em varinha mágica. Pode se restringir mais, diminuir essa expansão…
Mas há também um aumento do poder do Congresso, sobretudo desde o governo Michel Temer e em especial sobre o Orçamento, por meio das emendas. Esse é também um gênio já fora da garrafa?
Não acho que esse seja um gênio fora da garrafa, nem que a gente saiba quanto esse poder do Legislativo realmente aumentou, quanto ele pode ser reconfigurado etc. Não há nenhuma análise empírica sobre o poder dessas emendas, quem de fato as controla… Mas é um exagero pensar que todo o Congresso se beneficia delas. Quem se beneficia é um pequeno grupo.
Estão colocando limites, é mais difícil de voltar ao status quo, mas não quer dizer que o Executivo perdeu controle sobre o Orçamento. Perdeu sobre uma parcela pequena. Para um grupo de deputados? Sim. O que esse grupo está fazendo e quais as consequências para o sistema político? Ainda é uma incógnita.
O que sabemos de estudos do passado, antes deste momento de agora, é que emenda não dava tanta vantagem eleitoral quanto se achava. Emenda é parte desse folclore, dessa desconfiança de que o Congresso vai ser sempre uma baixaria.
Boa parte desse argumento anti-Legislativo se baseia numa suposição de que alguém sabe qual seria a distribuição ótima dos recursos das emendas. Quem tem essa informação? O planejador central? Os economistas neoliberais, que não pensam no sistema de informação necessário para ver quais localidades pedem recursos? Ou o editorialista da Folha? Parece que o editorialista sabe qual cidade precisa de mais dinheiro para o SUS.
O sistema representativo produz parte dessa informação. É preciso ouvir os deputados, não o burocrata dos ministérios da Saúde, da Educação. Há distorções que vêm disso, não é o melhor sistema? Ok, mas não é o pior. Há uma gritaria sobre isso que é demasiada.
O cenário para 2026 aponta para mais uma disputa bipartidária, como tem sido a regra na Nova República?
Tem muito imponderável aí para fazer qualquer chute. Eleição majoritária, mesmo com dois turnos, tende a ter poucos candidatos. Mesmo que nominalmente haja muitos, os viáveis tendem a ser dois e meio —esse meio sendo a tal da terceira via. Se não chover canivete, vai dar isso. Ainda mais quando o presidente é candidato à reeleição, muito provavelmente ele está no segundo turno.
Temos muitos governadores em estados centrais completando seu segundo mandato. Para quem é ambicioso, em vez de ir para presidente, pode ir para governador. A incógnita é o Tarcísio de Freitas [Republicanos], governador de São Paulo. Depende da organização da direita, se Bolsonaro é candidato, se apoia o governador paulista… A outra é a saúde do Lula, dado o efeito Joe Biden.
Quando vocês dizem que a Nova República viveu um auge entre Itamar e Dilma, isso significa que estamos vivendo um declínio agora?
Antes havia maior moderação, uma agenda comum. Avanços em saúde, educação e proteção social eram consensos. Bolsonaro chacoalha esse consenso e diz que vai desfazer tudo o que foi feito depois da redemocratização. E Paulo Guedes diz que tudo o que cheira a Estado tem que sair.
Não fizeram nada disso. Fizeram muita bobagem, destruíram muita coisa, mas não reverteram. Quando se viram na necessidade de fazer campanha para a reeleição, o fizeram da forma mais irresponsável fiscalmente e politicamente possível. Fizeram o receituário do fiscal irresponsável e ampliação de gastos sociais.
Isso diz algo. Qualquer tentativa de reverter esse processo de maior atenção social não tem suporte político-eleitoral. E isso é bom.
Então, de um lado, talvez estejamos exagerando demais o conflito no plano cultural, moral, prestando muita atenção ao simbólico, sem perceber o que está na base. Por exemplo, no pacote fiscal que o ministro Fernando Haddad estava armando, todo o problema sempre foi onde cortar. E onde tem para cortar? Só gasto social. Aí é duro, o custo político é muito alto.
Outra questão é o manejo da vinculação entre política social e política salarial. Houve uma valorização real do salário mínimo, e isso impacta o maior gasto social, que é a Previdência. Haddad jogou como balão de ensaio desconectar as duas coisas, mas ninguém aceita, é perigoso porque o governo vai ter um incentivo para diminuir o pagamento da Previdência. E isso bate nas pessoas. Então, o governo atou as próprias mãos.
Dá uma falta de flexibilidade, mas o mundo é o que é. Não vamos ter um crescimento maravilhoso porque é assim que está funcionando a economia brasileira. É viver com isso aí. E vai ser esse Congresso. A sociedade brasileira é conservadora, não adianta gritar. É baixar as expectativas e não ficar gritando que está tudo errado, como um bando de palmeirenses malucos.
Maurício Meireles/Folhapress
Tesouro Nacional aponta que despesas com pessoal superam limite de alerta em 12 estados brasileiros
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em reunião com governadores no Palácio do Planalto
Os gastos com pessoal ultrapassaram o limite de alerta previsto na LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) em 12 estados no ano de 2023, aponta o Tesouro Nacional.
Segundo o órgão, caso os entes tivessem respeitado essa barreira, eles teriam poupado R$ 23,7 bilhões —recursos que poderiam ser direcionados a outras despesas, como investimentos.
Os dados constam na mais recente edição do Boletim dos Entes Subnacionais, uma das publicações mais abrangentes do Tesouro Nacional sobre a situação financeira de estados e municípios. O relatório de 2024, divulgado nesta sexta-feira (7) —com atraso—, tem como base as informações de 2023.
Para fazer a avaliação dos gastos com pessoal, os técnicos do órgão empregam a metodologia prevista nos manuais contábeis do Tesouro. Além de padronizar os cálculos, isso evita a distorção decorrente de interpretações feitas pelos TCEs (Tribunais de Contas dos Estados), que ainda permitem o desconto de despesas —o que, na prática, favorece a maquiagem das contas.
“A importância disso está no fato de o excesso de gastos com pessoal não captado pelos demonstrativos oficiais estaduais poder ser parte relevante dos motivos de eventuais dificuldades financeiras vivenciadas pelos estados”, explica o Tesouro no boletim.
A metodologia, porém, é questionada pelos estados. Para eles, é um equívoco contabilizar na estatística gastos com OSs (organizações sociais), como fez o Tesouro. Eles se baseiam em um parecer da AGU (Advocacia-Geral da União) de 2024 que diz que os valores gastos com essas entidades não devem caracterizar despesa com pessoal.
Seguindo o cálculo do Tesouro, as despesas com pessoal de Rio Grande do Norte, Sergipe, Minas Gerais, Acre, Rio de Janeiro, Roraima, Paraíba, Amapá, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia e Paraná ficaram acima do limite de alerta, que equivale a 54% da RCL (receita corrente líquida).
O limite de alerta representa 90% do teto estipulado pela LRF para gastos com folha de pagamento, que é de 60% da RCL.
De acordo com o Tesouro, quatro desses estados estouraram até mesmo o limite de 60%: Rio Grande do Norte, Sergipe, Minas Gerais e Acre. Pela LRF, eles deveriam adotar medidas de contenção das despesas com funcionalismo.
Para os estados que possuem dívida com a União, o PAF (Programa de Ajuste Fiscal) impõe um limite até mais rigoroso, de 57% da RCL para gastos com pessoal. Nessa comparação, são nove os que furam o limite: além dos quatro acima de 60%, também estão nesse grupo Rio de Janeiro, Roraima, Paraíba, Amapá e Rio Grande do Sul.
“Verificou-se uma piora na situação agregada dos entes, já que em 2023 foram doze entes que registraram o indicador acima de 54%, contra oito no ano anterior. Além disso, em 2022 apenas três entes haviam ultrapassado o limite de 57%, enquanto em 2023 foram nove os entes que superaram essa referência”, diz o boletim.
“O monitoramento da evolução da despesa com pessoal é importante, tendo em vista que o caráter rígido dessa despesa, somado ao agravamento da situação previdenciária, dificulta a contenção das despesas para aqueles Estados que já destinam boa parte de sua arrecadação para o pagamento de salários ou aposentadorias”, acrescenta o documento.
O diagnóstico do Tesouro é publicado logo após o Congresso Nacional aprovar e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionar um socorro para estados endividados, que pode tirar até R$ 1,3 trilhão em receitas financeiras da União até 2048. Técnicos do próprio governo criticam o fato de o novo programa de renegociação ter sido validado sem a exigência de contrapartidas mais fortes. Economistas, por sua vez, temem que o alívio crie espaço para uma nova rodada de aumento de despesas, inclusive com salários de servidores.
Segundo o Tesouro, em 2023, o gasto dos estados com pagamento de pessoal subiu 10% em termos nominais, uma desaceleração em relação a 2022 (quando a alta foi de 15,2%), mas ainda acima da inflação verificada no mesmo período (4,62%). Ou seja, na média, os servidores estaduais tiveram incremento real em suas remunerações.
“O aumento nas despesas como um todo privilegiou aquelas com pessoal e custeio, em detrimento dos investimentos, que apresentaram redução de 18,6% em relação ao ano anterior”, informa o órgão.
A reportagem procurou os governos dos estados que, segundo o Tesouro, ultrapassaram o limite de alerta da LRF para despesas com pessoal.
O governo de Sergipe disse discordar da metodologia e citou um decreto legislativo que suspendeu a aplicação dos conceitos de despesa com pessoal previstos no manual do Tesouro Nacional.
“Trata-se de uma mudança da interpretação até então aplicada, imputando incorreta condição de desconformidade ao estado. O governo de Sergipe mantém firme compromisso com o equilíbrio fiscal, o que foi reconhecido pelo próprio ministro da Fazenda ao analisar este mesmo caso e deixar de aplicar qualquer penalidade, conforme despacho de 13 de fevereiro de 2025”, afirmou, em nota.
Sergipe ressaltou ainda que a classificação das despesas com as organizações da sociedade civil da área da saúde na despesa com pessoal do estado é alvo de contestação na Justiça. O estado acrescentou que o próprio Tesouro elevou sua nota de classificação de risco para A, a melhor na escala.
O governo mineiro disse que “a delicada situação financeira na qual o estado de Minas Gerais se encontra é resultado de uma série de medidas irresponsáveis de gestões anteriores, que inflaram o endividamento estatal e reduziram severamente os investimentos em áreas essenciais”.
Minas ainda afirmou que as despesas do Executivo estão abaixo do limite previsto na LRF e que houve redução no nível de comprometimento com gastos de pessoal nos últimos anos. “A redução demonstra o esforço da atual administração para alcançar o equilíbrio financeiro”, disse.
O Rio Grande do Sul também apontou divergências em relação ao cálculo do Tesouro. Segundo o governo gaúcho, seus gastos com pessoal ficaram em 53,23% da RCL, abaixo do limite de alerta. “A diferença refere-se aos contratos de terceirização, registrados como outras despesas correntes no estado e que a STN [Secretaria do Tesouro Nacional] está considerando como despesa com pessoal”, disse.
O Estado citou “desafios financeiros expressivos” que levaram a uma queda de arrecadação em 2023, em especial a lei federal que limitou a cobrança de ICMS sobre combustíveis. Segundo o governo gaúcho, isso contribuiu para a relação entre despesa com pessoal e RCL ficar maior no período.
Os demais estados não responderam até a publicação deste texto. O espaço está aberto.
ENTENDA OS NÚMEROS
Limite de alerta da LRF: 54% da RCL
Limite do PAF (Programa de Ajuste Fiscal): 57% da RCL
Limite da LRF: 60% da RCL
Estados acima dos limites na despesa com pessoal
Rio Grande do Norte – 67%
Sergipe – 65,2%
Minas Gerais – 64,2%
Acre – 60,2%
Rio de Janeiro – 59,6%
Roraima – 58,8%
Paraíba – 58,7%
Amapá – 58,2%
Rio Grande do Sul – 57,2%
Pernambuco – 55,8%
Bahia – 55,7%
Paraná – 54,8%
Economia potencial, caso estado ficasse dentro do limite de alerta
Minas Gerais – R$ 9,36 bilhões
Rio de Janeiro – R$ 4,994 bilhões
Rio Grande do Norte – R$ 2,10 bilhões
Rio Grande do Sul – R$ 1,795 bilhão
Sergipe – R$ 1,401 bilhão
Bahia – R$ 967 milhões
Paraíba – R$ 793 milhões
Pernambuco – R$ 683 milhões
Acre – R$ 527 milhões
Paraná – R$ 444 milhões
Amapá – R$ 334 milhões
Roraima – R$ 324 milhões
Idiana Tomazelli/Folhapress
Defesa de Braga Netto afirma diz que Mauro Cid foi coagido e modificou versão sobre o general
A defesa do general Braga Netto afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta sexta-feira (7) que o tenente-coronel Mauro Cid mudou versões sobre a participação do ex-ministro na trama golpista de 2022 após ser coagido em sua delação premiada.
A equipe comandada pelo advogado José Luis Oliveira Lima afirmou que a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) tem pouca sustentação em provas e se baseia em trechos enviesados da colaboração de Cid.
Para a defesa, o acordo de colaboração de Mauro Cid “é, certamente, um dos mais problemáticos e ilegais da história [do] STF”. Um dos motivos, segundo os advogados, seria a velocidade com que a delação foi negociada e homologada sem a anuência da PGR de Augusto Aras.
As afirmações foram feitas na defesa prévia apresentada por Braga Netto. Os advogados do general seguiram a mesma estratégia adotada por outros denunciados e não se aprofundou no mérito das acusações contra o militar, dando mais destaque a questões procedimentais, como a falta de acesso às provas e as controvérsias da delação de Mauro Cid.
Em um dos trechos do documento, a defesa de Braga Netto diz que a denúncia da PGR não apresenta provas que corroborem a declaração de Mauro Cid sobre o suposto repasse de dinheiro do general, em uma caixa de vinho, para militares que monitoravam o ministro Alexandre de Moraes.
“Além de referida afirmação ter sido extraída à fórceps do colaborador após coação, muitas mudanças de versões, e através de delação completamente viciada e desprovida de provas sustentadoras do relato, a denúncia não narra as circunstâncias de referido financiamento”, diz.
Os advogados do militar dizem ser impossível refutar que Braga Netto enviou dinheiro se a denúncia “sequer entende quando, como e onde ocorreu a referida entrega”. “É evidente que a ausência de descrição e de elementos probatórios é tamanha que compromete seriamente a defesa do requerente”, completa.
A defesa do general afirma ainda que a Procuradoria-Geral da República faz “meras suposições” ao concluir que Braga Netto se encontrou com militares das Forças Especiais em sua casa, em 12 de novembro de 2022, para preparar o plano de assassinato do ministro Alexandre de Moraes.
“Diferente do que quer fazer crer a acusação, não encontra respaldo na palavra do colaborador a alegação da acusação de que o ‘Copa 2022’ era um plano de execução do ‘Punhal Verde Amarelo’, muito menos que o Gen. Braga Netto teria atuado efetivamente no âmbito de planos golpistas que tinham como intenção monitorar e executar o Min. Alexandre de Moraes”.
Ex-ministro da Defesa e vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022, Braga Netto foi acusado pela PGR de ser um dos líderes da tentativa de golpe de Estado após o ex-presidente perder o pleito para Lula (PT).
Ele foi denunciado pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e de golpe de Estado, de dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado e participação em uma organização criminosa.
As penas máximas somadas chegam a 43 anos de prisão, sem contar os agravantes. Além de Braga Netto e Bolsonaro, outras 32 pessoas foram denunciadas pelas conspirações golpistas.
O general é um dos poucos denunciados que está preso preventivamente, por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes. Ele está detido desde 14 de dezembro de 2024 em uma sala de Estado-Maior na 1ª Divisão do Exército, no Rio de Janeiro.
A unidade militar, subordinada ao Comando Militar do Leste, já esteve sob o comando de Braga Netto de 2016 a 2019 —período que abrange a intervenção federal no Rio, durante o governo Michel Temer (MDB).
A prisão foi decretada após pedido da Polícia Federal. Segundo os investigadores, Braga Netto tentou conseguir detalhes sigilosos da delação premiada de Mauro Cid ao procurar o pai do tenente-coronel, o general Mauro Lourena Cid, em setembro de 2023.
Na representação contra Braga Netto, a PF ainda diz que o general “obteve e entregou os recursos necessários” para a execução do plano de matar Lula, Geraldo Alckmin (PSB) e Moraes.
A afirmação tem como base o depoimento prestado por Cid a Moraes. O tenente-coronel disse que Braga Netto repassou dinheiro em uma caixa de vinho ao militar Rafael de Oliveira —denunciado como um dos executores do plano frustrado de assassinato de Moraes.
Cézar Feitoza/Ana Pompeu/Folhapress
Avaliação negativa do governo Lula cresce e passa de 50%, diz pesquisa da AtlasIntel
A avaliação negativa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cresceu entre janeiro e fevereiro deste ano, segundo aponta nova pesquisa do instituto AtlasIntel divulgada nesta sexta-feira, 7. De acordo o levantamento, 50,8% consideram a gestão ruim ou péssima, sendo que antes o índice era de 46,5%, ou seja, um crescimento de 4,3 pontos porcentuais.
Os que acham o trabalho do governo ótimo ou bom eram 37,8% e agora são 37,6%, uma oscilação de 0,2 ponto porcentual. Outros 11,3% consideram a gestão regular (em janeiro era 15,6%). Houve ainda 0,4% dos entrevistados que não soube responder.
A AtlasIntel ouviu 5.710 eleitores, por meio de recrutamento digital aleatório, entre os dias 24 e 27 de fevereiro. A margem de erro é de um ponto porcentual e o índice de confiabilidade é de 95%.
Os segmentos do eleitorado que mais consideram a gestão ruim ou péssima são os evangélicos (76,3%), os moradores da Região Sul (62,7%) e os moradores do Centro-Oeste (59,3%). Já os que mais optaram pela opção ótimo ou bom são os agnósticos, ou ateus (57,3%), os maiores de 60 anos (53,3%) e os que possuem até o ensino fundamental (51,8%).
Perguntados sobre o desempenho de Lula, 53% disseram que desaprovam o trabalho do petista (em janeiro era 51,4%) e 45,7% afirmaram que aprovam (em janeiro era 45,9%). Optaram por não responder 1,3% dos entrevistados.
A AtlasIntel também perguntou aos entrevistados sobre o desempenho do governo em determinadas áreas. Os impostos e carga fiscal (58%), a segurança pública (57%) e a responsabilidade fiscal foram as que receberam mais a opção “péssima”. As mais escolhidas como “ótima” foram as políticas sociais (35%) e a criação de empregos (34%).
Para 49,4% dos entrevistados, o governo de Lula é pior que a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para outros 48,9%, o cenário é o inverso. Na opinião de 1,7%, os governos são iguais.
Tarcísio fica na frente e Bolsonaro empata com Lula em cenários de segundo turno para 2026
A pesquisa da AtlasIntel também simulou três cenários para a eleição presidencial de 2026. Inelegível até 2030 por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, Bolsonaro está na frente de Lula em um primeiro turno com o ex-ministro da Integração Regional Ciro Gomes (PDT) e a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB).
Neste cenário, que recria a eleição presidencial de 2022, Bolsonaro tem 45,8% e Lula 42,9%. Ciro aparece com 4,4% e Tebet registrou 2,7% na sondagem.
Em um segundo turno contra Bolsonaro, o capitão reformado tem 49% das intenções de voto, contra 48% do petista, o que evidencia um resultado polarizado tal como em 2022. Outros 4% não sabem ou não responderam, ou declararam voto em branco, ou nulo.
Já em um cenário onde Bolsonaro é substituído pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Lula tem 41,6% ante 32,3% do governador paulista. Em seguida, aparecem o cantor sertanejo Gusttavo Lima (sem partido), e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), com os mesmos 4,6%.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tem 4,5%. Tebet aparece com 3,2%, à frente do ex-coach Pablo Marçal (PRTB), que tem 2,5%. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), surge com 1,5% e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), registrou 1,2% na sondagem. Outros 4% disseram que votariam em branco ou nulo.
Em um cenário de segundo turno entre Lula e Tarcísio, o governador de São Paulo tem 49%, enquanto Lula aparece com 47%. Outros 4% não sabem ou não responderam, ou declararam voto em branco, ou nulo.
Já em um terceiro cenário, onde Bolsonaro é substituído pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Lula tem 41,5%, contra 23,8% do filho do ex-presidente. Em seguida aparecem Romeu Zema (10%), Ronaldo Caiado (6,4%), Gusttavo Lima (4,1%), Simone Tebet (3,4%), Pablo Marçal (3,2%), Eduardo Leite (1,9%) e Marina Silva (1,3%).
Em um eventual segundo turno entre Lula e Eduardo, o presidente tem 48% das intenções de voto ante 44% do deputado federal. Outros 9% dos entrevistados não souberam responder ou declararam voto branco, ou nulo.
Gabriel de Sousa/Estadão
STM abre inscrições para concurso com salário inicial de até R$ 14,8 mil brasil
O Cebraspe (Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos) abriu as inscrições para o novo concurso público do STM (Superior Tribunal Militar). Ao todo, há 80 vagas imediatas de nível superior, com salários iniciais de até R$ 14.852,66.
As vagas são divididas entre analistas judiciários e técnicos judiciários. Os candidatos poderão se candidatar em diferentes especialidades, como: administração, comunicação social, tecnologia da informação e contabilidade. A jornada semanal dos aprovados será de 40 horas.
As inscrições devem ser feitas no site do Cebraspe até as 18h do dia 28 de março. A taxa de participação é de R$ 120 para os que se candidatarem ao cargo de analista e R$ 80 para as vagas de técnico.
O pedido de isenção da taxa poderá ser feito caso o candidato esteja inscrito no CadÚnico (Cadastro Único) ou se for doador de medula óssea.
O pagamento deverá ser feito até o dia 22 de abril. Segundo a banca, 5% das vagas serão reservadas para pessoas com deficiência e 20% deverão ser preenchidas por candidatos negros.
O STM tem sede em Brasília (DF), mas vagas em diferentes estados estão sendo ofertadas.
“Embora o STM tenha sede em Brasília, existem as chamadas Auditorias da Justiça Militar, que são espalhadas em vários pontos do País, entre capitais e cidades do interior”, diz o professor Vandré Amorim, coordenador da área de Tribunais do Gran Concursos.
Júlia Galvão, Folhapress
Alckmin anuncia medidas para baixar preço de alimentos; tarifas de importação para carne, café, açúcar, milho e azeite serão zeradas
Vice-presidente afirmou que as medidas vão entrar em vigor 'em poucos dias'. Governo passou o dia em reuniões para tentar alternativas para a inflação dos alimentos, um dos principais problemas para a gestão Lula.
O vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou nesta quinta-feira (6) medidas para tentar baratear o preço de alimentos. Entre as medidas estão zerar a tarifa de importação para alguns alimentos, como carne, café, açúcar, milho e azeite de oliva.
Alckmin afirmou que as medidas vão entrar em vigor "em poucos dias".
Segundo o vice-presidente, "o governo está abrindo mão de imposto em favor da redução de preço".
As medidas foram anunciadas após reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministros e empresários do setor de alimentos e abastecimento no Palácio do Planalto.
A inflação dos alimentos é uma das principais preocupações do governo Lula no momento, porque tem um grande impacto em como a população enxerga a gestão.
Segundo especialistas, esse é um dos fatores que contribuem para a crise de popularidade que o presidente enfrenta atualmente.
Veja como ficam as tarifas de importação anunciadas por Alckmin:
Carne
Tarifa de importação atual: 10,8%
Nova tarifa: 0%
Café
Tarifa de importação atual: 9%
Nova tarifa: 0%
Açúcar
Tarifa de importação atual: 14%
Nova tarifa: 0%
Milho
Tarifa de importação atual: 7,2%
Nova tarifa: 0%
Azeite
Tarifa de importação atual: 9%
Nova tarifa: 0%
Óleo de girassol
Tarifa de importação atual: até 9%
Nova tarifa: 0%
Sardinha
Tarifa de importação atual: 32%
Nova tarifa: 0%
Biscoitos
Tarifa de importação atual: 16,2%
Nova tarifa: 0%
Massas alimentícias (macarrão)
Tarifa de importação atual: 14,4%
Nova tarifa: 0%
Impacto nos produtores nacionais
Alckmin foi questionado sobre o impacto das medidas nos produtores nacionais, que vão ter que lidar com um produto mais barato vindo de fora.
"Nós entendemos que não [vai prejudicar o produtor brasileiro]. Você tem períodos de preços mais altos, mais baixos. Nós estamos em um período em que reduzir o imposto ajuda a reduzir preços. Você está complementando", disse Alckmin.
"Não vai prejudicar o produtor, mas vai beneficiar os consumidores", completou.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse que esses alimentos que terão a alíquota zerada são importados em pouca quantidade pelo Brasil. Por isso, a isenção não deve gerar grande perda ao governo.
"Vários desses produtos têm um nível de importação pequeno, exatamente porque eles têm uma tributação sobre a importação elevada. O objetivo dessas medidas é aumentar a competição, a competitividade e, portanto, reduzir preços internos", afirmou.
Ele ressaltou, no entanto, que as previsões de impacto financeiro, tanto para o governo quanto para os consumidores, ainda não estão concluídas. Segundo o secretário, porém
"O impacto vai ser estimado a partir das notas técnicas que vão ser geradas, mas são medidas administrativas que, do ponto de vista da arrecadação, talvez não tenham impacto significativo, mas do ponto de vista do consumidor, certamente, nós veremos um impacto importante", afirmou.
Outras medidas
Outras medidas anunciados pelo governo foram:
Aceleração do SISBI-POA
O governo pretende ampliar o Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA), que permite que produtos como leite, mel, ovos e carnes inspecionados em municípios e estados possam ser vendidos em todo o país.
A meta é passar de 1.550 registros para 3.000 no sistema, o que pode trazer mais competitividade e redução de custos no setor de proteína animal.
Com a mudança no SISBI, os produtores de leite líquido, mel e ovos cadastrados nos sistemas municipais de inspeção poderão ser vendidos para todo o Brasil. Há possibilidade de que essa flexibilização também seja feita para outros produtos.
"Qual o efeito? [...] Por um ano, o sistema SIM terá equivalência ao sistema SISBI, para que a gente continue também ampliando isso e dando competitividade e oportunidade para os produtos da agricultura familiar brasileira", afirmou o ministro Carlos Fávaro, da Agricultura e Pecuária.
Fortalecimento dos estoques reguladores da Conab
O governo quer reforçar os estoques públicos de alimentos básicos para ajudar a segurar a alta de preços em momentos críticos, garantindo oferta e estabilidade.
Plano Safra com foco na cesta básica
Os financiamentos do Plano Safra devem priorizar a produção de itens que compõem a cesta básica, com mais estímulo para produtores rurais que abastecem o mercado interno.
Reuniões ao longo do dia
As medidas foram anunciadas após um dia de reuniões do governo para discutir o preço dos alimentos.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, adiantou pela manhã que Lula pretendia anunciar, ainda nesta quinta, medidas governamentais para enfrentar a inflação.
Mais cedo, Alckmin e ministros do governo tiveram uma reunião sobre o tema, para debater as possíveis propostas.
O presidente Lula participou de uma reunião à tarde com ministros e empresários.
Por Pedro Henrique Gomes, g1 — Brasília
General preso nega plano para matar autoridades e diz que não mostrou arquivo a ninguém
O general da reserva Mário Fernandes afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (6) que o arquivo “Punhal Verde e Amarelo” encontrado no seu computador não tem relação com a suposta operação para matar autoridades e manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder a partir de 2023.
A manifestação foi feita pela defesa do militar em resposta à denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra acusados de participação na trama golpista de 2022.
“O arquivo eletrônico encontrado em seu HD –desconectado do computador– não foi apresentado a absolutamente ninguém, por isso, a nenhuma das pessoas envolvidas na investigação, agora denunciadas –trata-se de conclusão objetiva e concreta, pois o relatório policial não indica dado nem conclusão em sentido contrário”, dizem os advogados.
Segundo a denúncia, o documento Planejamento Punhal Verde Amarelo “tramava contra a liberdade e mesmo a vida” do ministro do Alexandre de Moraes, de Lula e do vice Geraldo Alckmin. O plano citava alvos como “Jeca”, “Joca” e “Juca”.
De acordo com a defesa do general, o plano não foi discutido nem encontrado com quaisquer dos investigados.
“Na mesma toada, nem a representação policial nem o relatório policial indicaram contato entre o agravante [Fernandes] e os envolvidos no evento ‘copa 22’, o que afasta por completo a suposta gravidade em concreto”, dizem.
A chamada operação “Copa 2022” se refere, segundo as investigações, à preparação de um grupo de militares para colocar em ação, em 15 de dezembro de 2022, o plano de prisão e assassinato contra autoridades, conforme o documento Punhal Verde e Amarelo. A operação não ocorreu.
O general foi preso em 19 de novembro do ano passado. Segundo as investigações, Fernandes teria imprimido o planejamento dos assassinatos em 9 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto. Cerca de 40 minutos depois, ele teria ido até o Palácio do Alvorada, residência oficial da Presidência então ocupada por Bolsonaro.
“O requerente não endossou e muito menos praticou qualquer ação com o objetivo de consumar o suposto golpe de Estado, tal como é possível extrair da leitura das mais de 800 folhas do relatório policial”, afirma a defesa.
Defesa de Anderson Torres
A defesa do ex-ministro Anderson Torres afirmou ao STF nesta quinta que a minuta de decreto golpista encontrada em sua casa pela Polícia Federal não é a mesma apresentada aos chefes das Forças Armadas em dezembro de 2022.
A afirmação de Torres contradiz o depoimento do ex-comandante do Exército general Marco Antônio Freire Gomes. O militar disse à PF que o conteúdo da minuta encontrada com o ex-ministro é o mesmo do documento apresentado aos chefes militares pelo então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, em reunião em 14 de dezembro de 2022.
A defesa do ex-ministro contesta a versão do general e diz que o militar não deu provas de que Anderson Torres tenha participado de discussões golpistas ou assessorado Bolsonaro nas conspirações.
Os advogados de Torres dizem que o ex-comandante Freire Gomes “ostenta uma ‘memória de elefante’, recordando-se precisamente da íntegra” da minuta golpista apresentada em dezembro de 2022, mas não sabe “sequer indicar a data e local em que Anderson Torres eventualmente prestou suporte jurídico ao ex-presidente Jair Bolsonaro”.
Para a defesa do ex-ministro, o depoimento de Freire Gomes não é suficiente para concluir que os documentos são os mesmos.
Em sentido oposto, diz que o exame papiloscópico feito pela Polícia Federal na minuta encontrada em sua casa não encontrou digitais dos denunciados.
Para a defesa, essa informação evidencia que a “minuta encontrada na casa de Anderson Torres não é a mesma que a mencionada por Freire Gomes em seu depoimento”.
O ex-ministro da Justiça ainda nega ao Supremo que a blitz da PRF (Polícia Rodoviária Federal) no segundo turno das eleições presidenciais tenha sido uma ação do governo Bolsonaro para impedir a votação de eleitores de Lula.
Ele também discorda que tenha sido omisso durante o ataque às sedes dos Poderes, em 8 de janeiro de 2023. Torres era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e, naquele dia, estava nos Estados Unidos em férias com a família.
Segundo o ex-ministro, a chefia do órgão estava com seu substituto, Fernando Oliveira. A defesa de Torres diz que, se os planos de segurança produzidos pela sua equipe fossem cumpridos, os ataques aos Poderes seriam contidos.
Ana Pompeu e Cézar Feitoza/Folhapress
Ex-ministro da Defesa de Bolsonaro nega ter pressionado comandantes a aderir a golpe
O general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro (PL), negou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que tenha pressionado os comandantes das Forças Armadas a aderirem a um golpe de Estado no fim de 2022.
Paulo Sérgio é um dos denunciados no caso pela PGR (Procuradoria-Geral da República) que enviaram a defesa ao tribunal nesta quinta-feira (6) —o prazo de 15 dias começa a ser contado a partir da notificação.
Segundo a defesa do general, a acusação da PGR é “a mais pura ilação”, e a inocência dele estaria comprovada pelas provas obtidas na investigação da Polícia Federal.
“Os comandantes não afirmam que foram pressionados pelo ministro da Defesa, pelo contrário, afirmam que ele não questionou o posicionamento”, dizem os advogados. “É de se lembrar que o general Paulo Sérgio estava alinhado com o general Freire Gomes e era totalmente contrário à ideia de um golpe, temendo, inclusive que radicais assessorassem e levassem o presidente a assinar uma ‘doidera’”.
A defesa de Paulo Sérgio ainda diz que a PGR cai em contradição ao dizer que o ex-ministro integrava uma organização criminosa com o ex-presidente.
Segundo a defesa, foi o próprio ex-ministro quem resistiu a pressões de Bolsonaro para alterar o relatório do Ministério da Defesa sobre o funcionamento das urnas eletrônicas nas eleições de 2022.
“Como afirmar que o general Paulo Sérgio integrava uma organização criminosa, se, segundo a denúncia, seria ele que justamente contrariava e impedia os intentos e interesses da organização”, diz.
Os ex-comandantes do Exército (general Freire Gomes) e da Aeronáutica (Baptista Júnior) afirmaram à Polícia Federal, em depoimentos separados, que o ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira os chamou para uma reunião em 14 de dezembro de 2022 para apresentar uma minuta golpista.
Uma versão anterior do texto já havia sido apresentada aos chefes militares por Bolsonaro na semana anterior. Baptista Júnior e Freire Gomes relataram que, indignados, deixaram a reunião antes do início do debate sobre o tema.
Alexandre Ramagem
Em suas alegações sobre a denúncia da PGR, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) afirmou ao STF que a radicalização do governo Bolsonaro, que incluiu uma trama golpista, ocorreu depois de ele deixar a direção da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
De acordo com a defesa do parlamentar, naquele momento Ramagem tinha a atenção voltada à disputa eleitoral, na qual foi eleito para uma cadeira da Câmara dos Deputados. A declaração foi dada na defesa enviada nesta quinta-feira (6) ao ministro Alexandre de Moraes, relator da denúncia sobre a trama golpista na corte.
“Carece de razoabilidade a afirmação de que uma pessoa que acabara de ser eleita deputado federal, após tanto esforço e dispêndio de recursos materiais e pessoais em acirrada disputa eleitoral, fosse capaz de atentar contra os ‘poderes constitucionais’, visando abolir o Estado democrático de Direito. Alexandre Ramagem Rodrigues acabara de ser eleito membro de um dos Poderes da República, a duras penas”, diz.
Ramagem é acusado de ter chefiado esquema de espionagem durante a gestão Bolsonaro, na chamada “Abin paralela”.
O STF recebe nesta quinta algumas das primeiras manifestações dos denunciados do caso. A etapa faz parte do processo para a análise da denúncia enviada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) em 18 de fevereiro contra 34 acusados de envolvimento em plano de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder em 2022.
A campanha eleitoral daquele ano teve início oficialmente em 16 de agosto. O primeiro turno foi em 2 de outubro de 2022. Ramagem deixou o cargo na Abin em 30 de março daquele ano.
“Meses de sacrifício e planejamento que resultaram em êxito eleitoral teriam simplesmente sido jogados na ‘lata do lixo’, porque o denunciado pretensamente estaria imbuído de atentar contra o Estado Democrático de Direito, contra o funcionamento de um Poder da República para o qual acabara de ser escolhido integrante”, diz a defesa do deputado.
Os advogados afirmam que a acusação feita pela PGR destaca um recrudescimento do cenário a partir de 5 de julho de 2022, tanto de pronunciamentos públicos, como de atos concretos que teriam sido praticados pelos envolvidos.
“Ocorre que o denunciado Alexandre Ramagem Rodrigues não tomou parte de quaisquer desses fatos, já que, a partir de março de 2022, afastou-se do Governo Federal com um propósito muito claro, cuidar do planejamento de sua campanha eleitoral, da pré-campanha e da disputa em si”, diz a petição enviada a Moraes.
Para a defesa, os integrantes do núcleo duro da alegada organização criminosa tinham uma característica em comum: todos, segundo a acusação, integravam o alto escalão do governo federal e das Forças Armadas. Ramagem, antes de entrar na política, foi delegado da Polícia Federal.
Ana Pompeu/Cézar Feitoza/Folhapress
Ciro Gomes é incluído no cadastro de inadimplentes do Serasa por dívida com advogados
O ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) foi incluído na última sexta-feira (28) no cadastro de inadimplentes da Serasa Experian, conforme informado pela empresa à 10ª Vara Cível de Porto Alegre (RS).
O motivo é uma dívida de no valor de R$ 1.783,56, referentes a custas advocatícias de um processo que ele perdeu em 2023 contra o jornalista e influenciador Felippe Hermes.
A ação de Ciro pedia a exclusão de um post do Facebook de uma página mantida por Hermes, bem como indenização por danos morais, em razão de crítica a uma proposta dele sobre a Petrobras. A página dizia que a ideia de Ciro era “maluca” e poderia levar o país ao SPC, uma referência à proposta do pedetista de limpar o nome de endividados.
A decisão judicial, de novembro de 2023, considerou que Ciro, “por ser um político, está exposto a uma maior visibilidade, uma maior exposição pública, onde a crítica como opinião nem sempre fere a imagem e a intimidade, porque há disputas de caráter ideológico, devendo-se ter maior tolerância com certas manifestações, próprias do jogo político”.
O ex-ministro foi condenado a pagar as custas processuais, o que não fez, levando à sua inclusão no cadastro da Serasa. Ironicamente, tirar os brasileiros do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) foi uma das bandeiras de suas duas últimas campanhas presidenciais.
Procurado por meio de sua assessoria, Ciro não se manifestou até a publicação deste texto.
Fábio Zanini/Folhapress
Ônibus cai em ribanceira na Dutra e deixa ao menos um morto e 25 feridos em Pindamonhangaba
Acidente aconteceu na madrugada desta quinta-feira (6), na altura do km 98 da BR-116.
Um ônibus de turismo que ia do Rio de Janeiro a São Paulo com 45 pessoas caiu em uma ribanceira da rodovia Presidente Dutra, na madrugada desta quinta-feira (6). Ao menos uma pessoa morreu e 25 ficaram feridas. O acidente aconteceu na altura do Km 98, no trecho de Pindamonhangaba.
De acordo com informações preliminares do Corpo de Bombeiros, o ônibus teve problemas mecânicos e ao, parar no acostamento da Dutra, o solo cedeu, derrubando o veículo na ribanceira, que tem cerca de sete metros.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o ônibus saiu do Rio de Janeiro por volta das 22h e tinha a capital paulista como destino. As autoridades foram acionadas por volta das 3h25.
Equipes da concessionária, do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionados ao local do acidente para o resgate das vítimas.
Por volta das 7h, o Corpo de Bombeiros informou que 16 pessoas foram socorridas ao pronto-socorro de Pindamonhangaba, seis (cinco mulheres e um homem) foram levadas ao Hospital Regional de Taubaté, duas para UPA do bairro Araretama, em Pindamonhangaba, e outras duas até a Santa Casa de Aparecida.
Uma das vítimas que foi socorrida - um adolescente de 13 anos - não resistiu aos ferimentos e morreu. A informação foi confirmada pela Defesa Civil de SP.
Houve registro de congestionamento no local, mas, por volta das 7h, o trânsito fluía normalmente.
A TV Globo procurou a Viação 1001, responsável pelo transporte dos passageiros. A empresa investiga os detalhes do acidente.
Esta reportagem está em atualização.
Por g1 Vale do Paraíba e Região
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